quinta-feira, 27 de setembro de 2012

AGRESSÃO PERMANENTE

 

Martinho Júnior, Luanda
 
1 – Desde o final da IIª Guerra Mundial que o núcleo duro da aristocracia financeira mundial determinou para as sucessivas administrações norte americanas e de seus aliados da NATO e da ANZUS, uma agressão permanente contra os povos, em particular aqueles cujos estados estão representados no Movimento dos Não Alinhados e assumiram com legítima coragem sua soberania e efectiva independência.
 
De entre os que têm vindo a acusar essa política retrógrada e arrogantemente determinada contra a humanidade e contra o planeta, salienta-se um historiador que tem feito o inventário dos episódios dessa agressão permanente e de suas pérfidas justificações: William Blum (http://en.wikipedia.org/wiki/William_Blum), por via do livro aberto que é “Killing Hope – US military and CIA interventions since World War II” (http://killinghope.org/; http://vho.org/aaargh/fran/livres8/BLUMkillinghope.pdf; http://www.thirdworldtraveler.com/Blum/KillingHope_page.html).
 
A pertinácia dessa trilha é a prova mais relevante que a democracia norte americana é um mito por que o sistema gerado ao longo da história não passa duma fórmula permissiva ao poder da aristocracia financeira que foi formada pelo mercado capitalista e opressiva em relação às outras classes sociais: a classe dominante surgida com o capitalismo selvagem, sempre encarou “os outros”, inclusive a enorme classe média (tornando-se mais perceptível em época de crise), de forma arrogante e por vezes da forma mais desumana (recorde-se o desaparecimento das nações índias, a época da escravatura, o racismo latente que inebria a sociedade multi cultural dos Estados Unidos e o radicalismo, senão o fundamentalismo, das tendências mais conservadoras do poder).
 
2 – Uma das conclusões inequívocas que a partir desse livro e de outras intervenções de William Blum se podem comprovar de forma estatística, se levarmos em conta a durabilidade, a intensidade e a persistência das fórmulas de desestabilização, ingerência e manipulação, é a de que tem sido Cuba revolucionária e o seu povo heróico que se libertou dum regime despótico que respondia por inteiro ao carácter do poder dos Estados Unidos, que mais têm sofrido em termos de agressão permanente por parte do império!
 
A nenhuma outra nação da Terra foi aplicado um bloqueio tão intenso, tão agressivo e tão devastador quanto o que vigora por imposição dos Estados Unidos contra Cuba há mais de 50 anos, praticamente desde que triunfou a revolução cubana (“Embargo de Estados Unidos contra Cuba” – http://es.wikipedia.org/wiki/Embargo_de_Estados_Unidos_contra_Cuba).
 
Nenhuma outra nação da Terra foi sujeita durante tanto tempo a estratégias conjugadas de tensão, de provocação e de terrorismo quanto Cuba, que se tornou um autêntico “laboratório” para os Estados Unidos, onde são testados todos os tipos de “experiências” visando derrubar a sua revolução e a vontade do seu povo, “experiências” que depois são igualmente aplicadas noutros lugares.
 
Todas as fórmulas de provocação, de ingerência, de terrorismo e de manipulação, antes dos Estados Unidos aplicarem onde quer que seja (de preferência em países que se manifestam Não Alinhados com políticas independentes, ou perseguindo uma via socialista), são experimentadas em Cuba, o que é um aproveitamento suplementar das condições geradas com o bloqueio!
 
O território cubano está “à mão de semear” e por isso os Estados Unidos usam os factores físico-geográficos determinantes do bloqueio de forma combinada com todo o tipo de artifícios!
 
3 – Este ano a Assembleia Geral da ONU vai assistir pela 21ª vez consecutiva à condenação do bloqueio a Cuba por parte da esmagadora maioria da nações da Terra.
 
No ano passado, só os Estados Unidos e Israel votaram contra (“Vigesima condena mundial a bloqueo EEUU contra Cuba” – http://www.granma.cu/espanol/noticias/25oct-Vigesima%20condena.html)!
 
Perante a condenação massiva, os Estados Unidos e seu aliado dilecto Israel, mantêm a arrogância criminosa que os caracteriza nos relacionamentos internacionais, numa altura em que desbloquear Cuba é motivo de identidade para todo o mundo e particularmente para os estados latino americanos mais empenhados em políticas de integração com amplitude e carácter eminentemente social, abrindo-se aos anseios de liberdade dos seus respectivos povos.
 
O bloqueio a Cuba, com todas as “experiências” de terror, de ingerência, de provocação e de manipulação que os Estados Unidos têm levado a cabo sobretudo a partir da “base” que constitui a Flórida, não conseguindo vencer o povo cubano e a sua revolução, têm acabado por estimular as respostas socialistas especialmente dirigidas para a paz, para a educação, para a saúde e para a investigação, estratégia que Cuba estende aos seus relacionamentos internacionais, em particular em benefício dos povos que mais têm sofrido a opressão estimulada pelo capitalismo e pelo império.
 
O carácter do bloqueio e da agressão constante, estimulou as respostas da revolução cubana que dão prioridade ao homem e ao sentido da vida, estimulou o internacionalismo, pelo que a acção persistente dos Estados Unidos é hoje considerada também como uma afronta para com todos os povos irmãos que têm em Cuba um factor incondicional de solidariedade e que se identificam com as causas e os princípios da sua revolução!
 
É a partir desse fundamento que o desbloqueamento a Cuba está em curso e tem sido alargado a outras esferas de actividade, aproveitando as emergências sobretudo dos BRICS e as políticas progressistas da ALBA.
 
4 – A condenação ao bloqueio está cada vez mais associada à condenação clamorosa à sentença proferida pelos Tribunais norte americanos contra os 5 heróis anti-terroristas que se encontram presos, por vezes nas mais duras condições, há 14 anos.
 
A decisão da condenação foi tomada no meio duma campanha ilegal levada a cabo na imprensa da Flórida (enquanto nos outros estados se tem assistido a um silêncio contínuo sobre o caso), o que comprova a preversão do poder do estado norte americano em relação aos assuntos que dizem respeito ao seu relacionamento para com Cuba!
 
Os 5 heróis da luta contra o terrorismo prisioneiros do império, constituem um símbolo da luta contra as agressões dos Estados Unidos que promovam uma globalização que sob o disfarce de democracia representativa semeia desigualdades, assimetrias, injustiças históricas, uma globalização caracterizada pelo sentido retrógrado e irresponsável com que o núcleo duro da aristocracia financeira mundial (os 1%) encara “os outros” (os 99%)!
 
Com o capitalismo jamais o Mundo será nossa casa comum, nem haverá o respeito devido à Mãe Terra!
 
Dos 5 heróis prisioneiros do império, 3 (René, Fernando e Gerardo) vieram em tempo e nas horas mais difíceis, dar a sua contribuição em Angola à causa do movimento de libertação em África, integrando a missão internacionalista de Cuba que contribuindo para garantir a independência de Angola, fez decididamente frente ao regime do “apartheid”!
 
“Os outros” que têm sofrido ao longo da história desde a IIª Guerra Mundial e tal como Cuba a agressão permanente do poder mescla de opressão promovido pelo império, têm também os 5 como seus próprios heróis.
 
A luta contra o terrorismo do império reflecte-se nas votações da Assembleia Geral da ONU a propósito do bloqueio imposto pelos Estados Unidos a Cuba!
 
As frágeis nações modernas que surgiram da rota dos escravos entendem melhor que ninguém o significado dessa expressão por via do voto no único lugar que não está democraticamente cativo numa Instituição que, ao não se abrir para as reformas, é também fruto de práticas de conspiração de toda a ordem por parte da hegemonia do império!
 
A consultar:
- Antiterroristas - http://www.antiterroristas.cu;
- Intervenções de Ricardo Alarcon de Quesada em Cubadebate - http://www.cubadebate.cu.
 

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