Tomada de posse de José Eduardo dos Santos; foto ximunada
a ©Reginaldo Silva
|
Eugénio Costa Almeida* – Pululu*
1. “A casa
começou-se pelo telhado. José Eduardo dos Santos é investido como Presidente da
República de Angola antes de, como deveria realmente ser, tomar posse como
deputado, já que foi eleito primeiro deputado e depois Presidente! E porque é
que o nº dois, Manuel Vicente, não tomou também ele posse como Vice-presidente,
cargo previsto na nossa Constituição?”
2. “Rectifico!
Manuel Vicente acaba de tomar posse como Vice-Presidente após o empossamento e
longo discurso de José Eduardo dos Santos. Ou seja, depois do telhado
constrói-se a escada...”
Estes foram dois
comentários que coloquei, há momentos, no Facebook.
E explico o porquê,
pelo menos, relativo ao primeiro.
Segundo a nossa
Constituição o Presidente e Vice-Presidente da República são eleitos entre os
deputados elegidos para a Assembleia Nacional, mais concretamente, são os dois
primeiros deputados da lista nacional do partido/organização mais votada para a
NA (artº 109 da Constituição de 2010 – “É eleito Presidente da República e
Chefe do Executivo o cabeça de lista, pelo círculo nacional, do partido
político ou coligação de partidos políticos mais votado no quadro das eleições
gerais, realizadas ao abrigo do artigo 143.º e seguintes da presente
Constituição”.
Ora, se são eleitos
de entre os deputados – ver artº 143º da Constituição –, significa, na minha
interpretação, que antes de serem investidos nos seus cargos definitivos, os
dois “candidatos” deveriam, em boa verdade, ter tomado posse primeiro como
deputados – e recorde-se que os deputados têm, segundo o porta-voz da AN, ontem
ouvido nas ondas televisivas, que fazerem prova da sua elegibilidade através do
cartão de eleitor antes da tomada de posse – e, depois e naturalmente, tomado
posse como Presidentes e Vice-Presidente, respectivamente.
Ou seja, começou-se
a construir a democracia angolana pelo telhado em vez de termos fortalecido,
primeiro, os alicerces.
Mas como o que está
em causa é a legitimidade e essa está inegavelmente adquirida pelo voto
popular, só nos resta dizer bem vindo senhor Presidente e que Angola prospere!
* Página de um
lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e
Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão
aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade
académica, social e associativa.
Sem comentários:
Enviar um comentário