Pragmatismo Político
Em geral as meninas indígenas são tiradas de suas aldeias por causa da fome e acabam recebendo em comida. Os abusadores são “homens maduros, comerciantes estabelecidos na cidade, que raramente vão em festas e que, aparentemente, possuem conduta ilibada”
A exploração sexual de meninas indígenas está crescendo e se tornando escancarada, no norte do País.
Segundo reportagem do site A Crítica, uma rede de pedofilia cujas principais alvos são crianças indígenas está se consolidando na região amazônica.
No município de São Gabriel da Cachoeira que fica a 858 km de Manaus e 90% da população é indígena pessoas ou organizações são ameaçadas para ficarem em silêncio.
A rede de pedofilia da região se tornou conhecida nacionalmente após junho deste ano. A mãe de uma garota indígena de 13 anos com leve retardo mental decidiu denunciar o estuprador de sua filha que ficou grávida.
A menina teve de ir até Manaus fazer exames e mãe aproveitou para denunciar o caso na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA).
“Essa rede de pedofilia, como a gente chama, existe há muito tempo, mas aumenta a cada ano, a cada mês. Está se alastrando. Está a olho nu. Antes, estes homens pegavam meninas de 14, 16 anos. Agora, pegam meninas de 12, 11 e até 10 anos“, disse uma conselheira tutelar sob a condição de anonimato. Que completou: “sem condições financeiras, elas acabam sendo vítimas desses comerciantes” (acrítica.com, 8/9/2012).
Tudo isso acontecia sob a vista da polícia federal e nada acontecia. “Respaldados pela falta de investigação, os exploradores sexuais e aliciadores não temem ser punidos e continuam praticando o crime”.
Em agosto finalmente algumas meninas indígenas decidiram formalizar a denuncia e deram seu depoimento à Polícia Federal que vai preparar um relatório para a Promotoria da cidade.
Mas nem mesmo os denunciantes confiam que de fato algo será feito. “As pessoas sabem que existe a rede. Já denunciamos ao Ministério Público, o Fórum de Justiça, mas não passa disso. Deixamos até de ir à Polícia Civil porque nada acontece ali. Além do mais, as meninas e as famílias ficam com medo de denunciar”, concluiu a conselheira.
Uma psicóloga da cidade traçou o perfil das crianças vítimas e dos abusadores. Em geral as meninas são tiradas de suas aldeias por causa da fome e acabam recebendo em comida. Os abusadores são “homens maduros, comerciantes estabelecidos na cidade, que raramente vão em festas e que, aparentemente, possuem conduta ilibada”.
A condição de extrema pobreza da região é a principal causa dessa situação dramática. Faz vítimas entre a população indígena, mas não é só.
É conhecido o turismo sexual com crianças exploradas sexualmente em barcos que navegam os rios da região. Em 2004 um iate que afundou no Rio Negro e levou à morte cinco garotas. Além delas estavam no barco deputados, advogados… o caso revelou o envolvimento de políticos e pessoas poderosas de todo o País com a exploração sexual de menores.
Denunciar, investigar e combater esse crime é fundamental, mas passa necessariamente por melhorar as condições de vida dessas populações e garantir às garotas oportunidades e direitos.
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