domingo, 30 de setembro de 2012

Cabo Verde: CHEIAS MATAM, VIDEOVIGILÂNCIA, DESEMPREGO SOBE, DESENVOLVIMENTO

 


Dois guineenses desaparecidos e populações ainda isoladas pelas cheias na Boavista
 
28 de Setembro de 2012, 11:40
 
Sal Rei, Cabo Verde, 28 set (Lusa) - Dois cidadãos guineenses que terão sido arrastados na quarta-feira pelas cheias na Boavista, Cabo Verde, continuam desaparecidos e, com a destruição da ponte que liga o norte ao sul, a "ilha das Dunas" permanece dividida.
 
As operações de busca para encontrar os dois guineenses que tentaram atravessar a ribeira na altura em que a forte torrente mais de fez sentir foram reforçadas com equipas das Forças Armadas e da Proteção Civil enviadas da Cidade da Praia.
 
Hoje, os trabalhos foram retomados com duas embarcações da Guarda Costeira Nacional, mais uma do que na quinta-feira.
 
Citado na imprensa cabo-verdiana, o delegado marítimo boavistense, Nadir Almeida, salientou que as chuvas que caíram na madrugada e na tarde de quinta-feira tornaram as buscas "ainda mais difíceis".
 
"As cheias trouxeram mais lama para o mar. Por isso, fizemos as buscas apenas na superfície, porque a água estava muito suja e não dava para ver o fundo", explicou.
 
As novas chuvas prejudicaram ainda mais o terreno que tinha sido identificado para a criação de um acesso alternativo, após a queda da ponte de Ribeira d'Água, pelo que se mantém o isolamento rodoviário entre o norte e o sul da ilha.
 
A travessia dos funcionários dos hotéis situados no norte da ilha tem sido feita em embarcações de recreio.
 
Segundo Xisto Baptista, vereador local, no terreno estão já engenheiros do Instituto de Estradas, do Ministério das Infraestruturas e da Proteção Civil, que deram uma volta à ilha para fazer um levantamento dos estragos nas estradas e encontrar soluções para o acesso entre a cidade de Sal Rei e outras povoações.
 
A situação mais problemática ocorre no Bairro das Barracas, em Chã de Salinas, onde as casas estão alagadas e as ruas praticamente intransitáveis, situação que poderá ser ultrapassada com o apoio de empresas da construção civil que mantêm equipamentos na ilha.
 
O Aeroporto Internacional Aristides Pereira retomou na quinta-feira o normal funcionamento, após ter sido encerrado por mera precaução, tendo os nove voos internacionais, com cerca de 800 passageiros, sido desviados para a ilha vizinha do Sal.
 
Ao longo de quinta-feira, os passageiros foram transportados para a Boavista, estando a situação já regularizada.
 
O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, regressado de uma visita oficial a Singapura, desloca-se hoje à Boavista para avaliar a situação.
 
JSD.
 
Governo quer videovigilância até ao fim do ano para combater criminalidade crescente nas cidades
 
28 de Setembro de 2012, 11:49
 
Cidade da Praia, 28 set (Lusa) - As propostas de lei do Governo sobre videovigilância e armas de fogo darão entrada no Parlamento de Cabo Verde em novembro, para que seja possível entrar em vigor antes do fim do ano, disse hoje fonte oficial cabo-verdiana.
 
No final de uma reunião do Conselho de Ministros, o porta-voz da reunião, Jorge Tolentino, indicou que foram aprovadas as linhas de orientação dos dois diplomas, que considerou "pertinentes e urgentes", para fazer face à crescente onda de violência e de pequena criminalidade que tem assolado o país, sobretudo na Cidade da Praia.
 
"São peças necessárias no processo de garantia de mais segurança nas nossas cidades e no país todo", disse o também ministro da Presidência do Conselho de Ministros e da Defesa Nacional cabo-verdiano.
 
Jorge Tolentino indicou que se pretende instalar a videovigilância, numa primeira fase, em todos os centros urbanos, mas que, com o tempo, irá abranger o espaço público de todo o país.
 
Em relação ao projeto de proposta de lei que estabelece o regime jurídico sobre a montagem, preparação, importação, exportação, transferência, armazenamento, circulação, comércio, aquisição, cedência, detenção, manifesto, guarda, segurança, tráfico, uso e porte de armas, suas peças, componentes e munições, Jorge Tolentino considera que é um diploma "extraordinariamente importante".
 
"O Governo aprovou a proposta de lei das armas, que deverá ser apreciada pelo Parlamento ainda em novembro. É um diploma extraordinariamente importante para a criação do quadro legal necessário à garantia de um país sem armas, pelo que o Estado vai ter mão nesse sentido", sublinhou.
 
Para tal, e como forma de se garantir a "estabilidade do país", Jorge Tolentino assegurou que a Polícia Nacional (PN) vai contar com o apoio da Guarda Nacional (GN), lembrando que já há um patrulhamento conjunto com a Polícia Militar.
 
"Não podemos continuar com a situação prevalecente, a ceder terreno aos delinquentes e criminosos mais jovens, que insistem em perturbar a paz social, a tranquilidade dos bairros, trazendo mortes a pessoas inocentes em circunstâncias mais inesperadas", concluiu.
 
JSD.
 
Oposição responsabiliza Governo pela subida da taxa de desemprego
 
28 de Setembro de 2012, 16:02
 
Cidade da Praia, 28 set (Lusa) - O Movimento para Democracia (MpD, oposição) responsabilizou hoje o Governo de Cabo Verde pelo aumento da taxa de desemprego, que passou de 10,2 por cento, em 2010, para 12,2 por cento, em 2011.
 
Numa conferência de imprensa, o líder parlamentar do maior partido da oposição cabo-verdiana, Fernando Elísio Freire, acusou o Governo de mudar de discurso consoante as situações.
 
"Mas de política económica errada não muda", afirmou, considerando que o atual executivo de José Maria Neves é "o pior" em termos de política de emprego desde 1980.
 
Na conferência de imprensa, em que analisou os dados sobre o desemprego divulgados na terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, Elísio Freire indicou que o Governo falhou na política de promoção do emprego.
 
"As opções de política económica do Governo agravaram o desemprego, promoveram a informalidade da economia e retiraram a esperança a muitos cabo-verdianos. Quem falha no combate ao desemprego, falha, naturalmente, na política económica e na governação", apontou.
 
Mas Elísio Freire lembrou que a metodologia para medir o desemprego está desfasada da realidade cabo-verdiana, que tem um mercado de trabalho desestruturado e um subsídio de desemprego "inexistente".
 
"Se considerarmos todos os cabo-verdianos que desanimaram e não procuraram emprego, o número de desempregados será seguramente o dobro do que é apresentado", assegurou.
 
Para Elísio Freire, o Governo cabo-verdiano falhou na promoção de empresas competitivas e criadoras de emprego, na melhoria do ambiente de negócios e na promoção de uma classe empresarial forte.
 
"Os dados também demonstram que o país está a endividar-se para criar mais desempregados e que há um falhanço total na política de integração dos jovens no mercado de trabalho, pois 27,1 por cento dos jovens estão desempregados e sem qualquer perspetiva de verem a situação social melhorada", frisou.
 
Segundo o líder da bancada parlamentar do MpD, além de o Governo ter falhado na política de proteção social, há cada vez mais desempregados com formação, o que significa que a política de formação do Governo "está desligada" da realidade económica do país.
 
Para Fernando Elísio Freire, "é tempo de prestar contas com verdade" e de assumir responsabilidades pelo "sucesso e insucesso" da economia cabo-verdiana.
 
CLI.
 
PAICV quer transformar arquipélago em país desenvolvido numa década - José Maria Neves
 
28 de Setembro de 2012, 20:30
 
Cidade da Praia, 28 set (Lusa) - O presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) disse hoje à agência Lusa que o país necessita de acelerar o ritmo de crescimento para que, numa década, se torne desenvolvido.
 
José Maria Neves, igualmente primeiro-ministro desde 2001, falava à Lusa momentos antes do início da Conferência Nacional do PAICV, em que se pretende, até domingo, encontrar soluções e consensos para que esse objetivo seja atingido.
 
"O partido tem de reforçar-se para poder enfrentar com sucesso os desafios do século XXI. Esta reflexão iríamos fazê-la independentemente dos resultados das presidenciais, autárquicas [perdidas para a oposição do Movimento para a Democracia -- MpD] e legislativas [ganhas pelo PAICV]", disse, sobre as razões da conferência.
 
Para o líder do PAICV, partido no poder também desde 2001, há a necessidade de "refletir" sobre os desafios do momento e do futuro, para os adequar à realidade e "responder às demandas e exigências" da sociedade e dos cidadãos, razão pela qual a conferência congrega dirigentes partidários e a sociedade civil.
 
"Temos uma agenda de transformação desde 2001 e, agora, tendo em conta os resultados e o contexto internacional, é preciso acelerar o ritmo de mudança e de transformação de Cabo Verde", defendeu.
Questionado pela Lusa sobre quais os principais desafios, José Maria Neves apontou o da "competitividade", para que se possa acelerar o ritmo de crescimento da economia e gerar maior riqueza.
 
"Somos um país de rendimento médio, mas queremos, no horizonte de uma década, transformar Cabo Verde num país desenvolvido. Temos de acelerar, encontrar soluções inovadoras, e a conferência tem esse objetivo, o de construir consensos sobre o processo de transformação e de construção do desenvolvimento de Cabo Verde", frisou.
 
Discursando já na sessão de abertura da conferência, que começou com cerca de hora e meio de atraso, e nas 18 páginas que constituíram a sua intervenção, José Maria Neves considerou a reunião como um "marco histórico" para o PAICV, defendendo que o partido quer "pensar o futuro, hoje" - o lema do encontro.
 
A luta contra o desemprego (12,2 por cento), o combate à pobreza (24 por cento), garantia de segurança social (36,5 por cento), energia elétrica (95 por cento), água potável (91,6 por cento) e acesso ao ensino superior (22 por cento) foram alguns dos resultados apontados por José Maria Neves.
 
"Hoje, Cabo Verde é considerado por muitos um país de sucesso. Investimos nos recursos humanos, democratizamos o ensino, a boa governação, gestão sadia das finanças públicas. É fundamental que continuemos a consolidar esses alicerces", frisou.
 
Admitindo que a economia cabo-verdiana está "muito dependente" do exterior, e que o contexto económico mundial é "incerto", José Maria Neves defendeu ser aí que Cabo Verde terá de ser competitivo, para "dar o salto" e percorrer o caminho que os países de rendimento médio fizeram para aceder à categoria de médio alto.
 
"É crucial que estabeleçamos um pacto nacional à volta de uma agenda estratégica que reúna o comprometimento de todos os principais atores: o Governo e a administração pública, setor privado, patronato, trabalhadores e sociedade civil", concluiu.
 
JSD.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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