Dois guineenses
desaparecidos e populações ainda isoladas pelas cheias na Boavista
28 de Setembro de
2012, 11:40
Sal Rei, Cabo
Verde, 28 set (Lusa) - Dois cidadãos guineenses que terão sido arrastados na
quarta-feira pelas cheias na Boavista, Cabo Verde, continuam desaparecidos e,
com a destruição da ponte que liga o norte ao sul, a "ilha das Dunas"
permanece dividida.
As operações de
busca para encontrar os dois guineenses que tentaram atravessar a ribeira na
altura em que a forte torrente mais de fez sentir foram reforçadas com equipas
das Forças Armadas e da Proteção Civil enviadas da Cidade da Praia.
Hoje, os trabalhos
foram retomados com duas embarcações da Guarda Costeira Nacional, mais uma do
que na quinta-feira.
Citado na imprensa
cabo-verdiana, o delegado marítimo boavistense, Nadir Almeida, salientou que as
chuvas que caíram na madrugada e na tarde de quinta-feira tornaram as buscas
"ainda mais difíceis".
"As cheias
trouxeram mais lama para o mar. Por isso, fizemos as buscas apenas na
superfície, porque a água estava muito suja e não dava para ver o fundo",
explicou.
As novas chuvas
prejudicaram ainda mais o terreno que tinha sido identificado para a criação de
um acesso alternativo, após a queda da ponte de Ribeira d'Água, pelo que se
mantém o isolamento rodoviário entre o norte e o sul da ilha.
A travessia dos
funcionários dos hotéis situados no norte da ilha tem sido feita em embarcações
de recreio.
Segundo Xisto
Baptista, vereador local, no terreno estão já engenheiros do Instituto de
Estradas, do Ministério das Infraestruturas e da Proteção Civil, que deram uma
volta à ilha para fazer um levantamento dos estragos nas estradas e encontrar
soluções para o acesso entre a cidade de Sal Rei e outras povoações.
A situação mais
problemática ocorre no Bairro das Barracas, em Chã de Salinas, onde as casas
estão alagadas e as ruas praticamente intransitáveis, situação que poderá ser
ultrapassada com o apoio de empresas da construção civil que mantêm
equipamentos na ilha.
O Aeroporto
Internacional Aristides Pereira retomou na quinta-feira o normal funcionamento,
após ter sido encerrado por mera precaução, tendo os nove voos internacionais,
com cerca de 800 passageiros, sido desviados para a ilha vizinha do Sal.
Ao longo de
quinta-feira, os passageiros foram transportados para a Boavista, estando a
situação já regularizada.
O primeiro-ministro
de Cabo Verde, José Maria Neves, regressado de uma visita oficial a Singapura,
desloca-se hoje à Boavista para avaliar a situação.
JSD.
Governo quer
videovigilância até ao fim do ano para combater criminalidade crescente nas
cidades
28 de Setembro de
2012, 11:49
Cidade da Praia, 28
set (Lusa) - As propostas de lei do Governo sobre videovigilância e armas de
fogo darão entrada no Parlamento de Cabo Verde em novembro, para que seja
possível entrar em vigor antes do fim do ano, disse hoje fonte oficial
cabo-verdiana.
No final de uma
reunião do Conselho de Ministros, o porta-voz da reunião, Jorge Tolentino,
indicou que foram aprovadas as linhas de orientação dos dois diplomas, que
considerou "pertinentes e urgentes", para fazer face à crescente onda
de violência e de pequena criminalidade que tem assolado o país, sobretudo na
Cidade da Praia.
"São peças
necessárias no processo de garantia de mais segurança nas nossas cidades e no
país todo", disse o também ministro da Presidência do Conselho de
Ministros e da Defesa Nacional cabo-verdiano.
Jorge Tolentino
indicou que se pretende instalar a videovigilância, numa primeira fase, em
todos os centros urbanos, mas que, com o tempo, irá abranger o espaço público
de todo o país.
Em relação ao
projeto de proposta de lei que estabelece o regime jurídico sobre a montagem,
preparação, importação, exportação, transferência, armazenamento, circulação,
comércio, aquisição, cedência, detenção, manifesto, guarda, segurança, tráfico,
uso e porte de armas, suas peças, componentes e munições, Jorge Tolentino
considera que é um diploma "extraordinariamente importante".
"O Governo
aprovou a proposta de lei das armas, que deverá ser apreciada pelo Parlamento
ainda em novembro. É um diploma extraordinariamente importante para a criação
do quadro legal necessário à garantia de um país sem armas, pelo que o Estado
vai ter mão nesse sentido", sublinhou.
Para tal, e como
forma de se garantir a "estabilidade do país", Jorge Tolentino
assegurou que a Polícia Nacional (PN) vai contar com o apoio da Guarda Nacional
(GN), lembrando que já há um patrulhamento conjunto com a Polícia Militar.
"Não podemos
continuar com a situação prevalecente, a ceder terreno aos delinquentes e
criminosos mais jovens, que insistem em perturbar a paz social, a tranquilidade
dos bairros, trazendo mortes a pessoas inocentes em circunstâncias mais
inesperadas", concluiu.
JSD.
Oposição
responsabiliza Governo pela subida da taxa de desemprego
28 de Setembro de
2012, 16:02
Cidade da Praia, 28
set (Lusa) - O Movimento para Democracia (MpD, oposição) responsabilizou hoje o
Governo de Cabo Verde pelo aumento da taxa de desemprego, que passou de 10,2
por cento, em 2010, para 12,2 por cento, em 2011.
Numa conferência de
imprensa, o líder parlamentar do maior partido da oposição cabo-verdiana,
Fernando Elísio Freire, acusou o Governo de mudar de discurso consoante as
situações.
"Mas de
política económica errada não muda", afirmou, considerando que o atual
executivo de José Maria Neves é "o pior" em termos de política de
emprego desde 1980.
Na conferência de
imprensa, em que analisou os dados sobre o desemprego divulgados na terça-feira
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, Elísio Freire
indicou que o Governo falhou na política de promoção do emprego.
"As opções de
política económica do Governo agravaram o desemprego, promoveram a
informalidade da economia e retiraram a esperança a muitos cabo-verdianos. Quem
falha no combate ao desemprego, falha, naturalmente, na política económica e na
governação", apontou.
Mas Elísio Freire
lembrou que a metodologia para medir o desemprego está desfasada da realidade
cabo-verdiana, que tem um mercado de trabalho desestruturado e um subsídio de
desemprego "inexistente".
"Se
considerarmos todos os cabo-verdianos que desanimaram e não procuraram emprego,
o número de desempregados será seguramente o dobro do que é apresentado",
assegurou.
Para Elísio Freire,
o Governo cabo-verdiano falhou na promoção de empresas competitivas e criadoras
de emprego, na melhoria do ambiente de negócios e na promoção de uma classe
empresarial forte.
"Os dados
também demonstram que o país está a endividar-se para criar mais desempregados
e que há um falhanço total na política de integração dos jovens no mercado de
trabalho, pois 27,1 por cento dos jovens estão desempregados e sem qualquer
perspetiva de verem a situação social melhorada", frisou.
Segundo o líder da
bancada parlamentar do MpD, além de o Governo ter falhado na política de
proteção social, há cada vez mais desempregados com formação, o que significa
que a política de formação do Governo "está desligada" da realidade
económica do país.
Para Fernando
Elísio Freire, "é tempo de prestar contas com verdade" e de assumir
responsabilidades pelo "sucesso e insucesso" da economia
cabo-verdiana.
CLI.
PAICV quer
transformar arquipélago em país desenvolvido numa década - José Maria Neves
28 de Setembro de
2012, 20:30
Cidade da Praia, 28
set (Lusa) - O presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde
(PAICV) disse hoje à agência Lusa que o país necessita de acelerar o ritmo de
crescimento para que, numa década, se torne desenvolvido.
José Maria Neves,
igualmente primeiro-ministro desde 2001, falava à Lusa momentos antes do início
da Conferência Nacional do PAICV, em que se pretende, até domingo, encontrar
soluções e consensos para que esse objetivo seja atingido.
"O partido tem
de reforçar-se para poder enfrentar com sucesso os desafios do século XXI. Esta
reflexão iríamos fazê-la independentemente dos resultados das presidenciais,
autárquicas [perdidas para a oposição do Movimento para a Democracia -- MpD] e
legislativas [ganhas pelo PAICV]", disse, sobre as razões da conferência.
Para o líder do
PAICV, partido no poder também desde 2001, há a necessidade de
"refletir" sobre os desafios do momento e do futuro, para os adequar
à realidade e "responder às demandas e exigências" da sociedade e dos
cidadãos, razão pela qual a conferência congrega dirigentes partidários e a
sociedade civil.
"Temos uma
agenda de transformação desde 2001 e, agora, tendo em conta os resultados e o
contexto internacional, é preciso acelerar o ritmo de mudança e de
transformação de Cabo Verde", defendeu.
Questionado pela
Lusa sobre quais os principais desafios, José Maria Neves apontou o da
"competitividade", para que se possa acelerar o ritmo de crescimento
da economia e gerar maior riqueza.
"Somos um país
de rendimento médio, mas queremos, no horizonte de uma década, transformar Cabo
Verde num país desenvolvido. Temos de acelerar, encontrar soluções inovadoras,
e a conferência tem esse objetivo, o de construir consensos sobre o processo de
transformação e de construção do desenvolvimento de Cabo Verde", frisou.
Discursando já na
sessão de abertura da conferência, que começou com cerca de hora e meio de
atraso, e nas 18 páginas que constituíram a sua intervenção, José Maria Neves
considerou a reunião como um "marco histórico" para o PAICV,
defendendo que o partido quer "pensar o futuro, hoje" - o lema do
encontro.
A luta contra o
desemprego (12,2 por cento), o combate à pobreza (24 por cento), garantia de
segurança social (36,5 por cento), energia elétrica (95 por cento), água
potável (91,6 por cento) e acesso ao ensino superior (22 por cento) foram
alguns dos resultados apontados por José Maria Neves.
"Hoje, Cabo
Verde é considerado por muitos um país de sucesso. Investimos nos recursos
humanos, democratizamos o ensino, a boa governação, gestão sadia das finanças
públicas. É fundamental que continuemos a consolidar esses alicerces",
frisou.
Admitindo que a
economia cabo-verdiana está "muito dependente" do exterior, e que o
contexto económico mundial é "incerto", José Maria Neves defendeu ser
aí que Cabo Verde terá de ser competitivo, para "dar o salto" e
percorrer o caminho que os países de rendimento médio fizeram para aceder à
categoria de médio alto.
"É crucial que
estabeleçamos um pacto nacional à volta de uma agenda estratégica que reúna o
comprometimento de todos os principais atores: o Governo e a administração
pública, setor privado, patronato, trabalhadores e sociedade civil",
concluiu.
JSD.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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