domingo, 30 de setembro de 2012

Guiné-Bissau: BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS TERÁ AUTORIDADE, ARROZ IMPRÓPRIO

 


Sucessivas mudanças políticas entravam luta contra branqueamento de capitais - responsável
 
27 de Setembro de 2012, 14:19
 
Bissau, 27 set (Lusa) - As sucessivas mudanças políticas na Guiné-Bissau são um dos principais entraves à luta contra o branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, defendeu hoje em Bissau uma responsável do setor.
 
Teresa António da Veiga, presidente da Célula Nacional de Tratamento de Informação Financeira (CENTIF), lamentou também que não haja mais empenho do Governo na luta contra branqueamento de capitais e terrorismo.
 
"A verdade que seja dita, o empenho do Governo não é tanto quanto devíamos sentir. Mas isso deve-se ao facto das muitas situações que o país tem vindo a viver", disse a responsável à Lusa, a propósito de uma reunião de dois dias que hoje começou em Bissau sobre branqueamento de capitais e terrorismo e que junta magistrados e forças de defesa e segurança.
 
"Começa-se a sensibilizar os responsáveis pela implementação dessa política e chega o momento de execução e aparece uma situação perturbante. Com mudanças sucessivas de Governo é difícil que se possa implementar, efetivamente e com eficácia, aquilo que está na lei contra o branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo", lamentou Teresa António da Veiga.
 
A Guiné-Bissau adotou as leis da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e da União Económica e Monetária Oeste-Africana (UEMOA) de luta contra o branqueamento de capitais e financiamento de terrorismo.
 
Teresa António da Veiga defende o "cumprimento escrupuloso" dessas leis, em conjugação com as leis nacionais, "e sobretudo rigor no cumprimento do Código Penal relativamente a investigações e acusações de processos".
 
Só assim, avisou, se podem produzir provas. "Vendo a nossa realidade, de ostentação de riqueza ao nível do país, com o poder económico que temos, podemos a olho dizer que existe branqueamento de capitais. Mas factos e provas só com o engajamento efetivo do poder judicial e da judiciária", disse.
 
A presidente da CENTIF disse desconhecer se na história do país já existiu ou não algum caso de julgamento de branqueamento de capitais ou financiamento do terrorismo.
 
A 16 de novembro do ano passado, num fórum sobre Justiça Criminal, o procurador Hermenegildo Pereira afirmou que a lei de branqueamento de capitais existe desde 2004 e que até então nunca se tinha feito uma única investigação. O magistrado disse na altura haver "falta de vontade política" para investigar casos.
 
A CENTIF depende do Ministério das Finanças mas junta também responsáveis dos ministérios da Justiça e do Interior. O encontro que hoje começou vai debater a cooperação jurídica e judiciária, a criminalidade organizada e o tráfico de droga.
 
FP.
 
Distribuidora nega ter arroz impróprio e acusa associação de consumidores de leviandade
 
27 de Setembro de 2012, 16:02
 
Bissau, 27 set (Lusa) - A Companhia de Investimentos de Cereais (CIC) da Guiné-Bissau acusa a associação guineense de consumidores de leviandade quando diz que a empresa está a distribuir arroz impróprio para consumo.
 
A associação guineense de consumidores de bens e serviços (ACOBES) denunciou no início do mês a possível existência de arroz impróprio para consumo humano e a ser comercializado nos mercados do país.
 
"A ACOBES não tem competências, nem técnicas nem humanas, para pôr em causa qualquer tipo de produto, e desafiamo-la a apresentar publicamente provas de que o arroz é impróprio para consumo humano, ou que apresente onde e a quem a CIC vendeu mercadoria estragada ou fora de prazo de validade", diz um comunicado da empresa.
 
De acordo com o comunicado a ACOBES fez "uma campanha difamatória" para denegrir a imagem da empresa "com argumentos falaciosos".
 
As televisões mostraram recentemente imagens de arroz impróprio num armazém da empresa, que vem agora dizer no comunicado que se tratava de arroz molhado, que se estragou durante uma viagem recente (julho passado) devido ao contacto com a água do mar.
 
Esse arroz, diz a empresa, estava à espera dos trâmites legais para ser destruído e não estava à venda e já nem pertencia à CIC, mas sim à companhia seguradora da carga.
 
O arroz que a empresa está a vender é colheita de 2010 e tem um prazo de validade até outubro de 2013, diz a CIC, que garante que cumpre as leis dos países onde opera e que estranha que mais de um mês após a "propaganda maléfica e infundada da ACOBES" ainda não se tivesse feito prova das acusações.
 
A CIC Bissau é uma filial da CIC-SA, uma empresa suíça da área de distribuição de alimentos, como arroz, trigo, farinha, milho, açúcar ou leite em pó, presente em sete países africanos.
 
FP.
 
Proposta criação de Autoridade Central na luta contra branqueamento de capitais
 
28 de Setembro de 2012, 17:28
 
Bissau, 28 set (Lusa) - Participantes num encontro sobre branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo propuseram hoje, em Bissau, a criação de uma Autoridade Central junto da Procuradoria, para facilitar a cooperação e minimizar esses problemas no país.
 
"A Guiné-Bissau tem dificuldades em termos de cooperação com autoridades estrangeiras. A Europa tem o Eurojust, que facilita a cooperação internacional em termos de matéria penal. Aqui, na falta dessa Autoridade Central, as vias normais são as tradicionais, os canais diplomáticos, e isso dificulta porque são burocráticas e obstaculizam a realização da justiça em tempo real", explicou aos jornalistas o magistrado Aimadu Sauane.
 
O Eurojust é uma entidade da União Europeia de apoio a investigadores e Ministérios Públicos na luta contra o crime transnacional, nomeadamente quanto à partilha de informações e extradições.
 
Os participantes no encontro defenderam a criação de uma entidade que pudesse facilitar essa partilha de informações com outros países.
 
Mais de 20 magistrados e responsáveis das forças de defesa e segurança na Guiné-Bissau participaram durante dois dias num encontro promovido pela Célula de Tratamento de Informação Financeira, um organismo dependente do Ministério das Finanças da Guiné-Bissau.
 
Hoje, no final da reunião, deixaram dezena e meia de recomendações para melhorar a luta contra o branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, entre elas, a sensibilização da população para as vantagens de uma maior utilização dos bancos (bancarização).
 
As vantagens são permitir "um sistema de prevenção de branqueamento de capitais e de outros tipos de crimes. Sabemos que as entidades bancárias, à luz da lei, têm obrigação de identificação e vigilância dos respetivos clientes", assinalou Aimadu Sauane.
 
Na Guiné-Bissau, salientou, a utilização dos bancos é reduzida e os sistemas de pagamentos são essencialmente em numerário, "o que facilita grandemente o branqueamento de capitais".
 
A Guiné-Bissau é um país com um grande setor informal e a grande instabilidade torna o país propício para os criminosos, advertiu o magistrado.
 
Outras das recomendações para prevenir o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, disse, foram as de um maior rigor no controlo de fronteiras, a transposição para a ordem interna de convenções internacionais, dotar os tribunais e a polícia criminal de mais meios, controlar o mercado informal e reforçar a cooperação regional e internacional sobre o combate ao crime organizado.
 
FP.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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