quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Cabo Verde: GOVERNO PROCURA CONDICIONAR ACTIVIDADE DO CHEFE DE ESTADO

 

Liberal (cv) - editorial, com foto
 
O Presidente da República não pode ser sujeito ao constrangimento de estar dependente de quem, por inerência de funções, deve controlar. E é por demais evidente que o Governo tem procurado condicionar a actividade do Chefe de Estado não colocando à disposição da Presidência da República os meios necessários para que esta possa cumprir com as suas responsabilidades
 
A pretexto da entrevista concedida pelo Presidente da República à RCV na última segunda-feira, soltaram-se os ratos e as ratazanas nas redes sociais num ataque sem precedentes à figura do Chefe de Estado. O ataque, promovido pela facção nevista em queda galopante no interior do PAICV, procura desviar as atenções e, desesperada, tenta controlar os danos da crescente influência e prestígio de Jorge Carlos Fonseca na sociedade cabo-verdiana.
 
O “argumento” para mais este ataque ao Presidente da República assenta nas suas declarações a propósito da necessidade por ele sentida de ver aumentado o orçamento do seu gabinete para poder exercer sem constrangimentos a função de árbitro do sistema político e poder representar dignamente o Estado cabo-verdiano.
 
Um ano após a sua tomada de posse, Jorge Carlos Fonseca continua a aguardar que os serviços do património do Estado, na dependência do Governo, disponibilizem a residência oficial para poder receber com dignidade os seus convidados, ao contrário do que sempre aconteceu com os seus antecessores. Aliás, JCF será, provavelmente, o único Chefe de Estado do mundo que não tem residência oficial.
 
Por exemplo, basta olhar a frota automóvel da Presidência da República para se perceber o flagrante contraste entre as “bombas” ostentadas por meros directores-gerais e os “charutos” velhos que transportam o Presidente e o seu staff. Para já não falar nas próprias instalações, onde serviços e colaboradores se arrumam entre móveis a cair de podres e baldes de plástico que amparam a queda de água em alturas de chuva, com as obras já programadas adiando-se incompreensivelmente.
 
E o que dizer da situação bizarra de o Presidente da República não ter verba para, nas deslocações ao estrangeiro, poder levar consigo o assessor de imprensa ou mesmo um fotógrafo, tendo os seus serviços que andar a tirar fotos com o telemóvel em actos oficiais? Ou, ainda, ter de estar dependente da boa vontade de outros Chefes de Estado, apanhando boleia em aviões? Em contraste flagrante com as delegações espaventosas que acompanham o Primeiro-ministro, numa chusma de assessores, secretárias e outros colaboradores, como aliás é público, mesmo quando se tratam de visitas privadas.
 
O Presidente da República não pode ser sujeito ao constrangimento de estar dependente de quem, por inerência de funções, deve controlar. E é por demais evidente que o Governo tem procurado condicionar a actividade do Chefe de Estado não colocando à disposição da Presidência da República os meios necessários para que esta possa cumprir com as suas responsabilidades.
 
Cercado no interior do próprio partido, onde já se conspira abertamente contra ele – porque muitos militantes já perceberam que o maior problema do PAICV é o seu líder -, José Maria Neves confronta-se ainda com o prestígio crescente e os elevados níveis de aceitação pública de Jorge Carlos Fonseca, o que tem levado, aliás, vários sectores do partido a considerarem errada e perigosa a linha de afrontamento com o Chefe de Estado seguida pela facção nevista.
 
Mas, voltando ainda aos problemas orçamentais da Presidência, seria interessante comparar-se os custos das deslocações ao exterior do Presidente e do Primeiro-ministro para se perceberem as diferenças abissais entre umas e outras. Aliás, em abono da verdade, convém referir que já com o seu antecessor, era perceptível a exiguidade orçamental para a Presidência, tendo por várias vezes de se recorrer a “outras rubricas” do Ministério das Finanças para suprir as necessidades do gabinete de Pedro Pires, uma circunstância que os “críticos” de Jorge Carlos Fonseca procuram ocultar.
 
E é absolutamente claro que o Governo procura, através do garrote financeiro, condicionar a actividade do Chefe de Estado. Ora, tal facto deve merecer a repulsa activa de todas as cabo-verdianas e cabo-verdianos. Está na hora de tocar a reunir em defesa do Primeiro Magistrado da Nação!
 

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho mal o Presidente não ter condições dignas para representar o seu país, mas atenção não caiam no mesmo buraco que a Europa caiu, criando condições milinários para todos os q representam o governos através da retirada dos rendimentos do seu povo.Estando neste momento a atravessar tempo díficeis nunca visto, nem em tempo de ditadura. A Europa não é o melhor exemplo a seguir.

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