Instituto da Língua
Portuguesa com "carências económicas muito fortes" - diretor
29 de Setembro de
2012, 06:48
Lisboa, 28 set
(Lusa) - O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), de que são
parceiros todos os países da CPLP, "sempre careceu de recursos e continua
com carências económicas muito fortes", disse hoje o presidente do
organismo, Gilvan Oliveira.
"O IILP é
financiado por uma base proporcional de contribuições estatutárias por parte
dos países membros. Há países que contribuem mais e países que contribuem menos
e há países que nunca contribuíram. Os estados-membros têm uma dívida para com
o IILP que neste momento suplanta já dois anos de orçamento", disse Gilvan
Muller de Oliveira.
Em declarações à
agência Lusa, o responsável acrescentou que "este ano apenas dois dos oito
países membros depositaram as suas contribuições obrigatórias" para o
IILP, com sede em Cabo
Verde.
O presidente do
IILP falava à margem da apresentação do Portal do Professor, que dará apoio aos
docentes de português em todo o mundo, e dos trabalhos de execução do
Vocabulário Ortográfico Comum, que deverá estar concluído em 2014, cerimónia
que decorreu na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em
Lisboa.
A solução para
"as dificuldades" do instituto tem sido a realização de
"parcerias fortes", obtendo assim recursos financeiros e humanos,
porque "o IILP não tem equipas técnicas, não tem recursos para pagar
profissionais".
O IILP tem
realizado - adiantou Gilvan Oliveira - "convénios de cooperação técnica
com entidades que, embora possam também não ter recursos líquidos, têm um
capital humano extraordinário no campo da lusofonia, têm a sua base
institucional de trabalho voltada para aquelas vocações que os projetos
necessitam", como o ILTEC, que está a trabalhar no Vocabulário Ortográfico
Comum (aos países lusófonos).
"No ano
passado conseguimos captar pela primeira vez recursos num edital internacional
de projetos do Fundo ACP [África, Caraíbas e Pacífico], no programa de
iniciativas culturais dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa]. O IILP ganhou a concorrência com outras entidades, sobretudo
africanas", acrescentou.
"Inaugurámos
hoje o escritório do IILP junto da CPLP e temos a proposta de um escritório no
Brasil e outro em Timor-Leste, para que possamos ter uma interatividade maior,
captar recursos, fazendo do IILP uma instituição verdadeiramente
internacional", adiantou.
Gilvan Oliveira, de
nacionalidade brasileira, lembrou que "a língua portuguesa é um dos três
pilares da CPLP, junto com a concertação política e a cooperação
económica".
A história do IILP
começou em 1989, quando os países de expressão portuguesa se reuniram, em São Luís do Maranhão,
Brasil, para pensar as bases de uma comunidade lusófona. Na ocasião, a ideia de
se criar um instituto partiu do então Presidente do Brasil, José Sarney, e de
outros dignitários presentes.
Contudo, o IILP só
se tornou realidade dez anos depois, em 1999, na VI Reunião Ordinária do
Conselho de Ministros da CPLP.
A CPLP é
constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal,
São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
TQ.
Afirmação económica
do Brasil e PALOP aumentou influência do português nos últimos 20 anos --
Estudo
29 de Setembro de
2012, 00:14
Macau, China, 28
set (Lusa) - A influência da língua portuguesa "cresceu
significativamente" nas últimas décadas, o que se deve sobretudo ao
"desenvolvimento económico do Brasil e dos países africanos de expressão
portuguesa", conclui o estudo "O valor da Língua Portuguesa: Uma
perspetiva económica e comparativa".
Editado pelo
Observatório da Língua Portuguesa e Instituto Internacional de Macau, o estudo
foi apresentado na quinta-feira em Macau, antes de ser lançado no Brasil e
Portugal.
O trabalho de investigação
conduzido por cinco investigadores foi iniciado em 2008 e realizado em várias
fases, e destaca que a Língua Portuguesa representa 17 por cento do Produto
Interno Bruto (PIB) de Portugal e quatro por cento da riqueza mundial.
O português é a
língua de 250 milhões de pessoas, sendo falada por 3,7 por cento da população
mundial, enquanto o espanhol e o inglês representam aproximadamente 400 milhões
de falantes.
"Foi
necessário esperar pelo crescimento populacional e pela afirmação económica do
Brasil e das ex-colónias africanas, para que o português encontrasse o seu
lugar entre as línguas europeias mais influentes na esfera internacional, logo
a seguir ao inglês e ao espanhol", é referido no capítulo dedicado à
"língua portuguesa no mundo".
"O fim dos
conflitos militares em Moçambique e Angola e a consolidação económica do
Brasil, com a eliminação da hiperinflação, permitiram um forte crescimento
económico, ancorado nos vastos recursos naturais e no desenvolvimento cultural
e tecnológico do conjunto do espaço lusófono", lê-se nas conclusões.
Por outro lado,
"apesar da recente crise financeira da zona euro, a adesão de Portugal à
União Europeia permitiu um elevado desenvolvimento económico e social, com
destaque para os sistemas de saúde, educação e das infraestruturas".
O documento
sustenta também que "a partilha de uma língua comum facilita as trocas
comerciais, do investimento direto e a circulação de pessoas, em lazer ou em
busca de oportunidade de trabalho" e confirma que "a proximidade
linguística é mais importante ao nível das migrações e do investimento
direto".
"Nos anos 1990
iniciou-se um forte volume de investimento português para os países de
expressão portuguesa com destaque para o Brasil e Angola. Na última década,
este movimento manteve-se, mas registaram-se fortes investimentos de sentido
oposto com investidores brasileiros e angolanos a adquirir posições
significativas em empresas com sede em Portugal", aponta a investigação.
Além das relações
com a América Latina, "O valor da Língua Portuguesa: Uma perspetiva
económica e comparativa" observa o reforço das trocas comerciais com as
economias do sudoeste asiático e a aproximação da China ao espaço lusófono.
"A expansão
dos fluxos comerciais, financeiros e de investimento entre os países de expressão
portuguesa e o sudoeste asiático, a par da crescente concertação entre os
países que integram os BRIC [Brasil, Rússia, Índia, China e mais recentemente a
África do Sul] reforçam o papel de Macau como ponte entre as duas culturas e
polo de difusão da língua portuguesa".
Em perspetiva fica
a ideia de um estudo mais aprofundado dos efeitos da relação entre o português
e o espanhol. "Seria interessante repetir este estudo no contexto dos
países lusófonos e não apenas de Portugal, dado que a proximidade geográfica de
Espanha, uma economia cerca de seis vezes maior, dificulta a distinção entre o
efeito da proximidade geográfica e o da proximidade linguística", é
referido nas conclusões.
O estudo foi
promovido e financiado pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e é um
trabalho da autoria dos investigadores José Paulo Esperança, Luís Antero Reto,
Mohamed Azzim Gulamhussen, Fernando Luís Machado e António Firmino da Costa.
FV.
Aliança do
português e espanhol tem vantagens económicas na América Latina -- estudo
28 de Setembro de
2012, 23:15
Macau, 28 set
(Lusa) - A proximidade entre o português e espanhol deve ser aproveitada para
uma "aliança" linguística com vantagens económicas na América Latina,
defendeu um dos autores do estudo "O valor da Língua Portuguesa: Uma
perspetiva económica e comparativa".
A ideia defendida à
agência Lusa pelo investigador José Paulo Esperança está subjacente a uma das
conclusões do estudo iniciado em 2008, que têm vindo a ser divulgadas, e entre
as quais se destaca que a Língua Portuguesa representa 17 por cento do Produto
Interno Bruto (PIB) de Portugal e quatro por cento da riqueza mundial.
O português é a
língua de 250 milhões de pessoas, ao ser falada por 3,7 por cento da população
mundial, enquanto o espanhol e o inglês representam aproximadamente 400 milhões
de falantes.
"Se
fomentássemos a intercompreensão entre o português e o espanhol (...) era um
melhor investimento como aprendizagem das duas línguas", disse o coautor
do estudo.
No Brasil e outros
países do Mercosul, como a Argentina e Uruguai, está-se a apostar na
aprendizagem do espanhol a seguir ao português e à frente do inglês, pelo que
"é muito natural que se evolua para o domínio de ambas as línguas em
simultâneo, e isso tem grandes vantagens económicas, porque sabendo uma língua,
tem-se quase uma compreensão da outra", continuou.
"Há muitas
empresas espanholas que têm interesses no Brasil. O Banco Santander Totta já
retira lucros muito elevados do Brasil, a espanhola Telefónica ficou com a
VIVO, que foi vendida pela portuguesa PT, portanto, a presença de empresas
espanholas no Brasil é muito forte", enumerou.
Quanto às empresas
portuguesas, apesar de "menos pujantes" no resto da América Latina
além do Brasil, é provável que comecem a expandir-se um pouco nessa zona".
Estudar o potencial
económico da aliança das duas línguas da Península Ibérica na América Latina é,
segundo José Paulo Esperança, um dos objetivos da próxima fase da investigação.
"Era muito
interessante estudar o papel do português e do espanhol na América Latina, onde
há de facto um país mais importante do que os outros que fala português - o
Brasil - mas há um maior número de falantes de espanhol", explicou.
Para responder num
próximo estudo ficam questões como: "Qual é o grau de conhecimento no
Brasil que existe de personalidades de língua espanhola e, em Espanha, de
personalidades de língua portuguesa e de marcas, etc."
Editado pelo
Observatório da Língua Portuguesa e Instituto Internacional de Macau, o estudo
sobre o valor económico da língua portuguesa foi encomendado em 2007 ao ISCTE
(Instituto Universitário de Lisboa), pelo Instituto Camões (atual Camões -
Instituto da Cooperação e da Língua), e a primeira parte foi finalizada em
2008.
Depois de
apresentado em Macau na quinta-feira, o estudo deverá ser lançado no Brasil,
possivelmente até ao final do ano em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de
Janeiro.
FV.
*O título nos
Compactos de Notícias é de autoria PG
Sem comentários:
Enviar um comentário