domingo, 30 de setembro de 2012

LÍNGUA PORTUGUESA EM CRISE POR VIA DO DESPREZO DOS GOVERNOS… OU TALVEZ NÃO

 


Instituto da Língua Portuguesa com "carências económicas muito fortes" - diretor
 
29 de Setembro de 2012, 06:48
 
Lisboa, 28 set (Lusa) - O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), de que são parceiros todos os países da CPLP, "sempre careceu de recursos e continua com carências económicas muito fortes", disse hoje o presidente do organismo, Gilvan Oliveira.
 
"O IILP é financiado por uma base proporcional de contribuições estatutárias por parte dos países membros. Há países que contribuem mais e países que contribuem menos e há países que nunca contribuíram. Os estados-membros têm uma dívida para com o IILP que neste momento suplanta já dois anos de orçamento", disse Gilvan Muller de Oliveira.
 
Em declarações à agência Lusa, o responsável acrescentou que "este ano apenas dois dos oito países membros depositaram as suas contribuições obrigatórias" para o IILP, com sede em Cabo Verde.
 
O presidente do IILP falava à margem da apresentação do Portal do Professor, que dará apoio aos docentes de português em todo o mundo, e dos trabalhos de execução do Vocabulário Ortográfico Comum, que deverá estar concluído em 2014, cerimónia que decorreu na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.
 
A solução para "as dificuldades" do instituto tem sido a realização de "parcerias fortes", obtendo assim recursos financeiros e humanos, porque "o IILP não tem equipas técnicas, não tem recursos para pagar profissionais".
 
O IILP tem realizado - adiantou Gilvan Oliveira - "convénios de cooperação técnica com entidades que, embora possam também não ter recursos líquidos, têm um capital humano extraordinário no campo da lusofonia, têm a sua base institucional de trabalho voltada para aquelas vocações que os projetos necessitam", como o ILTEC, que está a trabalhar no Vocabulário Ortográfico Comum (aos países lusófonos).
 
"No ano passado conseguimos captar pela primeira vez recursos num edital internacional de projetos do Fundo ACP [África, Caraíbas e Pacífico], no programa de iniciativas culturais dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa]. O IILP ganhou a concorrência com outras entidades, sobretudo africanas", acrescentou.
 
"Inaugurámos hoje o escritório do IILP junto da CPLP e temos a proposta de um escritório no Brasil e outro em Timor-Leste, para que possamos ter uma interatividade maior, captar recursos, fazendo do IILP uma instituição verdadeiramente internacional", adiantou.
 
Gilvan Oliveira, de nacionalidade brasileira, lembrou que "a língua portuguesa é um dos três pilares da CPLP, junto com a concertação política e a cooperação económica".
 
A história do IILP começou em 1989, quando os países de expressão portuguesa se reuniram, em São Luís do Maranhão, Brasil, para pensar as bases de uma comunidade lusófona. Na ocasião, a ideia de se criar um instituto partiu do então Presidente do Brasil, José Sarney, e de outros dignitários presentes.
 
Contudo, o IILP só se tornou realidade dez anos depois, em 1999, na VI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP.
 
A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
 
TQ.
 
Afirmação económica do Brasil e PALOP aumentou influência do português nos últimos 20 anos -- Estudo
 
29 de Setembro de 2012, 00:14
 
Macau, China, 28 set (Lusa) - A influência da língua portuguesa "cresceu significativamente" nas últimas décadas, o que se deve sobretudo ao "desenvolvimento económico do Brasil e dos países africanos de expressão portuguesa", conclui o estudo "O valor da Língua Portuguesa: Uma perspetiva económica e comparativa".
 
Editado pelo Observatório da Língua Portuguesa e Instituto Internacional de Macau, o estudo foi apresentado na quinta-feira em Macau, antes de ser lançado no Brasil e Portugal.
 
O trabalho de investigação conduzido por cinco investigadores foi iniciado em 2008 e realizado em várias fases, e destaca que a Língua Portuguesa representa 17 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal e quatro por cento da riqueza mundial.
 
O português é a língua de 250 milhões de pessoas, sendo falada por 3,7 por cento da população mundial, enquanto o espanhol e o inglês representam aproximadamente 400 milhões de falantes.
 
"Foi necessário esperar pelo crescimento populacional e pela afirmação económica do Brasil e das ex-colónias africanas, para que o português encontrasse o seu lugar entre as línguas europeias mais influentes na esfera internacional, logo a seguir ao inglês e ao espanhol", é referido no capítulo dedicado à "língua portuguesa no mundo".
 
"O fim dos conflitos militares em Moçambique e Angola e a consolidação económica do Brasil, com a eliminação da hiperinflação, permitiram um forte crescimento económico, ancorado nos vastos recursos naturais e no desenvolvimento cultural e tecnológico do conjunto do espaço lusófono", lê-se nas conclusões.
 
Por outro lado, "apesar da recente crise financeira da zona euro, a adesão de Portugal à União Europeia permitiu um elevado desenvolvimento económico e social, com destaque para os sistemas de saúde, educação e das infraestruturas".
 
O documento sustenta também que "a partilha de uma língua comum facilita as trocas comerciais, do investimento direto e a circulação de pessoas, em lazer ou em busca de oportunidade de trabalho" e confirma que "a proximidade linguística é mais importante ao nível das migrações e do investimento direto".
 
"Nos anos 1990 iniciou-se um forte volume de investimento português para os países de expressão portuguesa com destaque para o Brasil e Angola. Na última década, este movimento manteve-se, mas registaram-se fortes investimentos de sentido oposto com investidores brasileiros e angolanos a adquirir posições significativas em empresas com sede em Portugal", aponta a investigação.
 
Além das relações com a América Latina, "O valor da Língua Portuguesa: Uma perspetiva económica e comparativa" observa o reforço das trocas comerciais com as economias do sudoeste asiático e a aproximação da China ao espaço lusófono.
 
"A expansão dos fluxos comerciais, financeiros e de investimento entre os países de expressão portuguesa e o sudoeste asiático, a par da crescente concertação entre os países que integram os BRIC [Brasil, Rússia, Índia, China e mais recentemente a África do Sul] reforçam o papel de Macau como ponte entre as duas culturas e polo de difusão da língua portuguesa".
 
Em perspetiva fica a ideia de um estudo mais aprofundado dos efeitos da relação entre o português e o espanhol. "Seria interessante repetir este estudo no contexto dos países lusófonos e não apenas de Portugal, dado que a proximidade geográfica de Espanha, uma economia cerca de seis vezes maior, dificulta a distinção entre o efeito da proximidade geográfica e o da proximidade linguística", é referido nas conclusões.
 
O estudo foi promovido e financiado pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua e é um trabalho da autoria dos investigadores José Paulo Esperança, Luís Antero Reto, Mohamed Azzim Gulamhussen, Fernando Luís Machado e António Firmino da Costa.
 
FV.
 
Aliança do português e espanhol tem vantagens económicas na América Latina -- estudo
 
28 de Setembro de 2012, 23:15
 
Macau, 28 set (Lusa) - A proximidade entre o português e espanhol deve ser aproveitada para uma "aliança" linguística com vantagens económicas na América Latina, defendeu um dos autores do estudo "O valor da Língua Portuguesa: Uma perspetiva económica e comparativa".
 
A ideia defendida à agência Lusa pelo investigador José Paulo Esperança está subjacente a uma das conclusões do estudo iniciado em 2008, que têm vindo a ser divulgadas, e entre as quais se destaca que a Língua Portuguesa representa 17 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal e quatro por cento da riqueza mundial.
 
O português é a língua de 250 milhões de pessoas, ao ser falada por 3,7 por cento da população mundial, enquanto o espanhol e o inglês representam aproximadamente 400 milhões de falantes.
 
"Se fomentássemos a intercompreensão entre o português e o espanhol (...) era um melhor investimento como aprendizagem das duas línguas", disse o coautor do estudo.
 
No Brasil e outros países do Mercosul, como a Argentina e Uruguai, está-se a apostar na aprendizagem do espanhol a seguir ao português e à frente do inglês, pelo que "é muito natural que se evolua para o domínio de ambas as línguas em simultâneo, e isso tem grandes vantagens económicas, porque sabendo uma língua, tem-se quase uma compreensão da outra", continuou.
 
"Há muitas empresas espanholas que têm interesses no Brasil. O Banco Santander Totta já retira lucros muito elevados do Brasil, a espanhola Telefónica ficou com a VIVO, que foi vendida pela portuguesa PT, portanto, a presença de empresas espanholas no Brasil é muito forte", enumerou.
 
Quanto às empresas portuguesas, apesar de "menos pujantes" no resto da América Latina além do Brasil, é provável que comecem a expandir-se um pouco nessa zona".
 
Estudar o potencial económico da aliança das duas línguas da Península Ibérica na América Latina é, segundo José Paulo Esperança, um dos objetivos da próxima fase da investigação.
 
"Era muito interessante estudar o papel do português e do espanhol na América Latina, onde há de facto um país mais importante do que os outros que fala português - o Brasil - mas há um maior número de falantes de espanhol", explicou.
 
Para responder num próximo estudo ficam questões como: "Qual é o grau de conhecimento no Brasil que existe de personalidades de língua espanhola e, em Espanha, de personalidades de língua portuguesa e de marcas, etc."
 
Editado pelo Observatório da Língua Portuguesa e Instituto Internacional de Macau, o estudo sobre o valor económico da língua portuguesa foi encomendado em 2007 ao ISCTE (Instituto Universitário de Lisboa), pelo Instituto Camões (atual Camões - Instituto da Cooperação e da Língua), e a primeira parte foi finalizada em 2008.
 
Depois de apresentado em Macau na quinta-feira, o estudo deverá ser lançado no Brasil, possivelmente até ao final do ano em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
 
FV.
 
 
*O título nos Compactos de Notícias é de autoria PG
 

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