Martinho Júnior, Luanda
3 – Outro dos
grandes desafios para o Partido Socialista Unificado da Venezuela e Hugo
Chavez, é o encontro histórico em prol da integração na Pátria Grande, tão
sonhada e idealizada pelas entidades mais progressistas sobretudo da América
Latina de há 200 anos a esta parte e um tema muito querido também, como não
poderia deixar de ser, para os revolucionários cubanos.
A Venezuela sob o
impulso de Hugo Chavez e do PSUV tem desempenhado um papel catalisador
histórico para todos os sectores progressistas da América Latina, não se
coibindo de tirar partido das vitórias obtidas pela Revolução Cubana, de seu
socialismo, de sua intrínseca solidariedade e internacionalismo, em benefício
das classes populares mais marginalizadas da Venezuela e de toda a América
Latina.
A vitória do PSUV e
de Hugo Chavez nas eleições de 7 de Outubro, estão no seguimento, agora que
passaram 45 anos após o seu assassinato na Bolívia, dos mesmos ideais protagonizados
em prol da libertação dos povos pelo Che.
4 – A
institucionalização da ALBA, Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa
América, resulta da identidade comum gerada com Cuba e aberta aos outros povos
componentes da América Latina e Caribe, um sinal evidente dos resgates que
houve que cumprir e que há que cumprir em função das classes populares
historicamente marginalizadas e oprimidas, abertas ao renascimento socialista e
à energia libertadora dum projecto nutrido pelo aprofundamento da democracia
com mais cidadania e participação.
A impulsão do
socialismo do século XXI está a fazer-se com a lógica do sentido de vida pelo
que os esforços na educação e na saúde têm sido exponenciais, mas essa impulsão
é muito mais abrangente.
5 – O impacto
progressista da Venezuela atinge hoje toda a América e abrange sectores onde os
progressistas antes nunca tiveram um pé tão firme!
A Venezuela, por
exemplo, tem subvencionado combustíveis em benefício de algumas das comunidades
urbanas mais pobres dos Estados Unidos, o que é extremamente sensível
principalmente quando os invernos são mais rigorosos.
Os maiores
beneficiários têm sido as comunidades de afro-descendentes e de
latino-descendentes!
A filial da PDVSA
nos Estados Unidos, a CITGO Petroleum, elaborou um convénio com a Citizens Oil
Corporation, que tem como fundador, presidente e “chairman” o senhor Joseph P.
Kennedy II, convénio esse que beneficia com petróleo barato as comunidades mais
pobres de grandes cidades do leste.
A Venezuela
estimulou o PetroCaribe, que é responsável pelo fornecimento de combustíveis a
preços muito mais baratos a praticamente todas as comunidades insulares das
Caraíbas e ainda a muitas comunidades da América Central!
Um dos maiores
beneficiários é o Haiti, o mais pobre das Américas, quão rico em tradições
revolucionárias.
Por essa razão os
Estados Unidos exercem todo o tipo de pressões contra os êxitos dos programas
do PetroCaribe, programas esses que são extremamente importantes sobretudo para
as nações insulares e países da América Central.
6 – Sob o ponto de
vista dos relacionamentos internacionais, é com a Venezuela que as alternativas
ao capitalismo neo liberal proliferam na América Latina, favorecendo profundas
alterações na região e inclusive no poderoso vizinho do sul, o Brasil, onde as
políticas de Lula e de Dilma recebem estímulos em função desse clima
progressista que só beneficia a emergência brasileira.
Nesse sentido é
importante ressaltar o significado da entrada da Venezuela no MERCOSUL, um
espaço económico que se estende agora da Terra do Fogo às Caraíbas, uma
emergência alargada que implica o esvaziar da ALCA e dos planos que respondem à
vontade do capitalismo neo liberal do império sobre a América Latina!
O MERCOSUL
possibilita integrações que antes eram muito mais difíceis de realizar, entre
interesses eminentemente latino-americanos e é um dos eixos da aproximação da
Venezuela com o Brasil e a Argentina, assim como uma plataforma de aproximação
à China e a outros emergentes, entre eles os outros componentes do grupo BRICS.
Vulnerabilizada a
ALCA, os Estados Unidos procuram incentivar tratados bilaterais e a iniciativa
Trans Pacific Partnership: é em relação a esse tipo de pressões que o MERCOSUL
se vai constituindo já numa iniciativa de tendência multi-cêntrica e multi-polar,
assumindo um diferencial evidente em termos do que se entende por exercício de
democracia.
O MERCOSUL
assume-se sobretudo na asa Atlântica da América do Sul, com a Argentina, o
Brasil e a Venezuela, que de certo modo traduzem um eixo para a construção da
Pátria Grande.
7 – A UNASUL veio
ainda trazer mais consistência à integração e a estratégia do renascimento
americano fora da órbita do norte acabou por se estender à própria CELAC.
Em todas as
organizações integradoras da América ao sul, a Venezuela e o seu carismático
líder Hugo Chavez têm influenciado a emergência e a identidade própria da
construção duma Pátria Grande.
Nesse contexto a
aproximação do Brasil à Venezuela tem alterado os postulados da hegemonia do
império que já não esconde suas dificuldades na Colômbia, na América Central e
no México.
Nem os golpes nas
Honduras e no Paraguai, países periféricos, toldam essa vontade para um
renascimento que cada vez mais se afirma à margem do neo liberalismo e com uma
abertura cada vez mais ampla às organizações sociais e ao socialismo e isso
também em função do aprofundamento da democracia na Venezuela.
Desde a década de
90 do século passado que foram surgindo as organizações identitárias dos
interesses do sul na América, mas elas foram ganhando maior dinamismo, força e
independência em prol dos países constituintes, a partir do momento que a
Venezuela, sob a liderança de Hugo Chavez, assumiu posições cada vez mais
democráticas e progressistas, espelhando também o peso energético que
representa esse país em relação a todo o conjunto.
É o petróleo nas
mãos não mais duma oligarquia submissa e agenciada do império, mas como factor
de mais dignidade, de mais solidariedade, de mais integração e
internacionalismo, que no quadro da projecção da Pátria Grande vai possibilitar
ultrapassarem-se os obstáculos e vencerem-se as etapas.
8 – A continuidade
do processo do aprofundamento democrático, tendo na abertura ao socialismo um
factor de progresso, está a transformar as relações de equilíbrio instável que
até agora favoreciam a oligarquia da Colômbia, indexada aos interesses do
império e aos postulados do seu “mercado livre”…
Tendo o exemplo da
Venezuela “paredes meias”, é impossível que a democracia cidadã e participativa
não influa em alterações profundas na Colômbia, numa altura em que a paz se
torna possível.
Portanto uma das
maiores expectativas correntes é a possibilidade de paz que se abre agora à
Colômbia, uma paz que corresponde aos anseios da Pátria Grande e que une
esforços daqueles que estão também a experimentar a viabilidade da integração.
A batalha pela paz
na Colômbia é um dos desafios mais excitantes no caminho da construção da
Pátria Grande, que está ao alcance, identificadas que estão as causas do
conflito e aqueles que, intimamente associados aos interesses e conveniências
do império, mantêm em desespero o estímulo em direcção à continuidade do
conflito.
Se uma paz com mais
integração e dignidade for alcançada na Colômbia, o ocaso da hegemonia norte
americana em toda a região poderá cada vez mais acentuar-se antes das próximas
eleições Presidenciais na Venezuela em 2017!
Foto: Imagem do último
comício de Hugo Chavez antes das eleições a 7 de Outubro.
A consultar:
- “El futuro de
América Latina se juega en Venezuela” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=154697
- “Dimensión
universal de la elección en Venezuela” – http://www.avn.info.ve/contenido/dimensi%C3%B3n-universal-elecci%C3%B3n-venezuela
- “Yes, oil from
Venezuela” – http://www.commondreams.org/views06/1224-21.htm
- “Venezuela apoia
as comunidades mais pobres nos EUA (O Diário Digital de hoje)” – http://antreus.blogspot.com/2008/07/venezuela-apoia-os-mais-pobres-nos-eua.html
- “ALBA, alianza de
pueblos independientes” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=144393
- “Bolívar queria
la unidad de América Latina y del Caribe, la unidad de Nuestra América” – http://www.lavozdelsandinismo.com/internacionales/2012-02-04/daniel-bolivar-queria-la-unidad-de-america-latina-sueno-que-se-esta-haciendo-realidad-con-alba/
- “Una alianza para
dar vida a los suenos de nuestros pueblos” – http://www.granma.cu/espanol/nuestra-america/4febrero-alba.html
- PetroCaribe para
los pueblos o para los verdugos?” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=143180
- “PetroCaribe
files and Haiti” – http://www.thenation.com/article/161056/wikileaks-haiti-Petrocaribe-files
- “Venezuela no
MERCOSUL: dura derrota dos EUA, afirma Atílio Borón” – http://pt.cubadebate.cu/noticias/2012/08/01/venezuela-no-mercosul-dura-derrota-para-os-eua-afirma-atilio-boron/
- “MERCOSUL
integração e desenvolvimento” – http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20664&editoria_id=6
- “MERCOSUL versus
a nova ALCA versus China” – http://paginaglobal.blogspot.pt/p/mercosul-versus-nova-alca-versus-china.html
- “Um continente
dividido pela democracia” – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/07/um-continente-dividido-pela-democracia.html
- “MERCOSUL deixa
de ser um projecto centrado no cone sul” – http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20666&editoria_id=6
- “Washington
a-t-il perdue l’Amérique Latine?” – http://www.monde-diplomatique.fr/2007/12/HABEL/15380
- “Brasil e América
do Sul: adeus à condição de quintal” –
- “El ocaso del
imperio” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=145903
- “A situação na
Colômbia e o projecto FARC-EP” – http://resistir.info/mur/colombia_09ago12.html
- “Aprovam na
Colômbia marco legal para eventual negociação de paz” – http://pt.cubadebate.cu/noticias/2012/05/16/aprovam-na-colombia-marco-legal-para-eventual-negociacao-de-paz/
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