sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A VITÓRIA DO PSUV É UMA PITADA DE MÉRITO EM BENEFÍCIO DE TODA A HUMANIDADE! – II

 

Martinho Júnior, Luanda
 
3 – Outro dos grandes desafios para o Partido Socialista Unificado da Venezuela e Hugo Chavez, é o encontro histórico em prol da integração na Pátria Grande, tão sonhada e idealizada pelas entidades mais progressistas sobretudo da América Latina de há 200 anos a esta parte e um tema muito querido também, como não poderia deixar de ser, para os revolucionários cubanos.
 
A Venezuela sob o impulso de Hugo Chavez e do PSUV tem desempenhado um papel catalisador histórico para todos os sectores progressistas da América Latina, não se coibindo de tirar partido das vitórias obtidas pela Revolução Cubana, de seu socialismo, de sua intrínseca solidariedade e internacionalismo, em benefício das classes populares mais marginalizadas da Venezuela e de toda a América Latina.
 
A vitória do PSUV e de Hugo Chavez nas eleições de 7 de Outubro, estão no seguimento, agora que passaram 45 anos após o seu assassinato na Bolívia, dos mesmos ideais protagonizados em prol da libertação dos povos pelo Che.
 
4 – A institucionalização da ALBA, Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América, resulta da identidade comum gerada com Cuba e aberta aos outros povos componentes da América Latina e Caribe, um sinal evidente dos resgates que houve que cumprir e que há que cumprir em função das classes populares historicamente marginalizadas e oprimidas, abertas ao renascimento socialista e à energia libertadora dum projecto nutrido pelo aprofundamento da democracia com mais cidadania e participação.
 
A impulsão do socialismo do século XXI está a fazer-se com a lógica do sentido de vida pelo que os esforços na educação e na saúde têm sido exponenciais, mas essa impulsão é muito mais abrangente.
 
5 – O impacto progressista da Venezuela atinge hoje toda a América e abrange sectores onde os progressistas antes nunca tiveram um pé tão firme!
 
A Venezuela, por exemplo, tem subvencionado combustíveis em benefício de algumas das comunidades urbanas mais pobres dos Estados Unidos, o que é extremamente sensível principalmente quando os invernos são mais rigorosos.
 
Os maiores beneficiários têm sido as comunidades de afro-descendentes e de latino-descendentes!
 
A filial da PDVSA nos Estados Unidos, a CITGO Petroleum, elaborou um convénio com a Citizens Oil Corporation, que tem como fundador, presidente e “chairman” o senhor Joseph P. Kennedy II, convénio esse que beneficia com petróleo barato as comunidades mais pobres de grandes cidades do leste.
 
A Venezuela estimulou o PetroCaribe, que é responsável pelo fornecimento de combustíveis a preços muito mais baratos a praticamente todas as comunidades insulares das Caraíbas e ainda a muitas comunidades da América Central!
 
Um dos maiores beneficiários é o Haiti, o mais pobre das Américas, quão rico em tradições revolucionárias.
 
Por essa razão os Estados Unidos exercem todo o tipo de pressões contra os êxitos dos programas do PetroCaribe, programas esses que são extremamente importantes sobretudo para as nações insulares e países da América Central.
 
6 – Sob o ponto de vista dos relacionamentos internacionais, é com a Venezuela que as alternativas ao capitalismo neo liberal proliferam na América Latina, favorecendo profundas alterações na região e inclusive no poderoso vizinho do sul, o Brasil, onde as políticas de Lula e de Dilma recebem estímulos em função desse clima progressista que só beneficia a emergência brasileira.
 
Nesse sentido é importante ressaltar o significado da entrada da Venezuela no MERCOSUL, um espaço económico que se estende agora da Terra do Fogo às Caraíbas, uma emergência alargada que implica o esvaziar da ALCA e dos planos que respondem à vontade do capitalismo neo liberal do império sobre a América Latina!
 
O MERCOSUL possibilita integrações que antes eram muito mais difíceis de realizar, entre interesses eminentemente latino-americanos e é um dos eixos da aproximação da Venezuela com o Brasil e a Argentina, assim como uma plataforma de aproximação à China e a outros emergentes, entre eles os outros componentes do grupo BRICS.
 
Vulnerabilizada a ALCA, os Estados Unidos procuram incentivar tratados bilaterais e a iniciativa Trans Pacific Partnership: é em relação a esse tipo de pressões que o MERCOSUL se vai constituindo já numa iniciativa de tendência multi-cêntrica e multi-polar, assumindo um diferencial evidente em termos do que se entende por exercício de democracia.
 
O MERCOSUL assume-se sobretudo na asa Atlântica da América do Sul, com a Argentina, o Brasil e a Venezuela, que de certo modo traduzem um eixo para a construção da Pátria Grande.
 
7 – A UNASUL veio ainda trazer mais consistência à integração e a estratégia do renascimento americano fora da órbita do norte acabou por se estender à própria CELAC.
 
Em todas as organizações integradoras da América ao sul, a Venezuela e o seu carismático líder Hugo Chavez têm influenciado a emergência e a identidade própria da construção duma Pátria Grande.
 
Nesse contexto a aproximação do Brasil à Venezuela tem alterado os postulados da hegemonia do império que já não esconde suas dificuldades na Colômbia, na América Central e no México.
 
Nem os golpes nas Honduras e no Paraguai, países periféricos, toldam essa vontade para um renascimento que cada vez mais se afirma à margem do neo liberalismo e com uma abertura cada vez mais ampla às organizações sociais e ao socialismo e isso também em função do aprofundamento da democracia na Venezuela.
 
Desde a década de 90 do século passado que foram surgindo as organizações identitárias dos interesses do sul na América, mas elas foram ganhando maior dinamismo, força e independência em prol dos países constituintes, a partir do momento que a Venezuela, sob a liderança de Hugo Chavez, assumiu posições cada vez mais democráticas e progressistas, espelhando também o peso energético que representa esse país em relação a todo o conjunto.
 
É o petróleo nas mãos não mais duma oligarquia submissa e agenciada do império, mas como factor de mais dignidade, de mais solidariedade, de mais integração e internacionalismo, que no quadro da projecção da Pátria Grande vai possibilitar ultrapassarem-se os obstáculos e vencerem-se as etapas.
 
8 – A continuidade do processo do aprofundamento democrático, tendo na abertura ao socialismo um factor de progresso, está a transformar as relações de equilíbrio instável que até agora favoreciam a oligarquia da Colômbia, indexada aos interesses do império e aos postulados do seu “mercado livre”…
 
Tendo o exemplo da Venezuela “paredes meias”, é impossível que a democracia cidadã e participativa não influa em alterações profundas na Colômbia, numa altura em que a paz se torna possível.
 
Portanto uma das maiores expectativas correntes é a possibilidade de paz que se abre agora à Colômbia, uma paz que corresponde aos anseios da Pátria Grande e que une esforços daqueles que estão também a experimentar a viabilidade da integração.
 
A batalha pela paz na Colômbia é um dos desafios mais excitantes no caminho da construção da Pátria Grande, que está ao alcance, identificadas que estão as causas do conflito e aqueles que, intimamente associados aos interesses e conveniências do império, mantêm em desespero o estímulo em direcção à continuidade do conflito.
 
Se uma paz com mais integração e dignidade for alcançada na Colômbia, o ocaso da hegemonia norte americana em toda a região poderá cada vez mais acentuar-se antes das próximas eleições Presidenciais na Venezuela em 2017!
 
Foto: Imagem do último comício de Hugo Chavez antes das eleições a 7 de Outubro.
 
A consultar:
- “El futuro de América Latina se juega en Venezuela” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=154697
- “Dimensión universal de la elección en Venezuela” – http://www.avn.info.ve/contenido/dimensi%C3%B3n-universal-elecci%C3%B3n-venezuela
- “Yes, oil from Venezuela” – http://www.commondreams.org/views06/1224-21.htm
- “Venezuela apoia as comunidades mais pobres nos EUA (O Diário Digital de hoje)” – http://antreus.blogspot.com/2008/07/venezuela-apoia-os-mais-pobres-nos-eua.html
- “ALBA, alianza de pueblos independientes” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=144393
- “Una alianza para dar vida a los suenos de nuestros pueblos” – http://www.granma.cu/espanol/nuestra-america/4febrero-alba.html
- PetroCaribe para los pueblos o para los verdugos?” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=143180
- “Venezuela no MERCOSUL: dura derrota dos EUA, afirma Atílio Borón” – http://pt.cubadebate.cu/noticias/2012/08/01/venezuela-no-mercosul-dura-derrota-para-os-eua-afirma-atilio-boron/
- “MERCOSUL versus a nova ALCA versus China” – http://paginaglobal.blogspot.pt/p/mercosul-versus-nova-alca-versus-china.html
- “MERCOSUL deixa de ser um projecto centrado no cone sul” – http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20666&editoria_id=6
- “Washington a-t-il perdue l’Amérique Latine?” – http://www.monde-diplomatique.fr/2007/12/HABEL/15380
- “Brasil e América do Sul: adeus à condição de quintal” –
- “El ocaso del imperio” – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=145903
- “A situação na Colômbia e o projecto FARC-EP” – http://resistir.info/mur/colombia_09ago12.html
- “Aprovam na Colômbia marco legal para eventual negociação de paz” – http://pt.cubadebate.cu/noticias/2012/05/16/aprovam-na-colombia-marco-legal-para-eventual-negociacao-de-paz/
 
Relacionado
 
* Para ler todos os textos de Martinho Júnior, clique aqui
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana