segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Guiné-Bissau tranquila, um dia depois de incidente que causou seis mortes

 

FP – VM – Lusa, com foto
 
Bissau, 22 out (Lusa) - A capital da Guiné-Bissau está hoje tranquila e sem a presença de militares nas ruas, um dia depois de um incidente num quartel de forças especiais (para-comandos) do qual resultaram seis mortos.
 
O caso deu-se na manhã de domingo, perto do aeroporto, e levou a que militares tivessem encerrado algumas vias por um curto período. Hoje não é visível qualquer reforço de segurança em Bissau, nem sequer em locais como a Presidência da República.
 
Segundo a versão oficial, do Governo de transição, um grupo de homens tentou apoderar-se do quartel dos para-comandos e foi impedido. Seis dos assaltantes morreram e dois foram capturados, registando-se ainda um ferido entre os para-comandos.
 
Fernando Vaz, porta-voz do Governo de transição, num comunicado lido na tarde de domingo, disse que se tratou de "uma ação concertada entre elementos recrutados na zona de Casamança e comandados pelo capitão Pansau N'Tchama, ex-guarda costas do almirante Zamora Induta, este ex-Chefe do Estado Maior das Forças Armadas durante o governo de Carlos Gomes Júnior, que, segundo informações disponíveis, se encontrava em Portugal com o estatuto de exilado político".
 
Tratou-se, de acordo com o responsável, de "uma tentativa de desestabilização política e militar da Guiné-Bissau" e de "uma tentativa de promoção da instabilidade da situação política atual".
 
"Neste sentido, e daquilo que tem sido tónica do discurso da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), de Portugal e de Carlos Gomes Júnior, esta ação insere-se na estratégia de fazer voltar Carlos Gomes Júnior, custe as vidas que custarem à Guiné-Bissau", disse Fernando Vaz.
 
No entanto, acrescentou, as forças de defesa e segurança "puseram cobro a esta ação premeditada de desestabilização da ordem legal, tendo como objetivo principal criar um facto político para forçar uma intervenção armada internacional na Guiné-Bissau".
 
Pansau N´Tchama terá sido o líder do comando que matou em 2009 o então Presidente do país, João Bernardo “Nino” Vieira. Não há até agora mais informações sobre o paradeiro deste militar ou de outros, como também não foram fornecidas informações adicionais sobre o incidente de domingo.
 
Fernando Vaz é o porta-voz do Governo de transição, o executivo que gere os destinos do país na sequência do golpe de Estado de 12 de abril passado, que tirou do poder Carlos Gomes Júnior, primeiro-ministro eleito nas eleições legislativas de 2008.
 
Estão previstas eleições gerais em abril do próximo ano.
 

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