Bissau acusa
Portugal de tentativa de golpe de Estado, MNE não comenta
22 de Outubro de
2012, 14:59
Lisboa, 22 out
(Lusa) – O ministério dos Negócios Estrangeiros recusou hoje fazer qualquer
comentário ao ataque a um quartel na Guiné-Bissau apesar de Portugal ter sido
acusado pelo governo guineense de ter apoiado uma tentativa de golpe de Estado.
As autoridades da
Guiné-Bissau afirmaram no domingo ter impedido uma tentativa de golpe de Estado
no país, na sequência de um ataque a um quartel do Exército que matou, pelo
menos, sete pessoas, avançou a agência de notícias francesa France Presse
(AFP).
Na sequência destes
acontecimentos, o Governo da Guiné-Bissau acusou Portugal de participar e
apoiar uma tentativa de golpe de Estado.
“O Governo
considera Portugal, a CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] e Carlos
Gomes Júnior [ex-presidente da República, deposto na sequência de um golpe de
Estado em abril de 2012] os instigadores desta tentativa de desestabilização”,
afirmou o ministro das Comunicações guineense, Fernando Vaz, ao ler um
comunicado.
O objetivo era
derrubar o Governo de transição, minar o processo político, voltar a colocar
Gomes Júnior no poder e justificar uma força de estabilização internacional no
país, acrescentava o comunicado.
Testemunhas
afirmaram à AFP que o ataque foi comandado pelo capitão Pansau N´Tchama, o
chefe de uma unidade de comando que estará alegadamente ligada ao assassinato
do presidente João Bernardo Vieira (Nino Vieira), em 2009.
Não ficou claro o
que teria levado N´Tchama a desencadear o ataque, mas o capitão era um aliado
do Governo deposto pelo golpe de Estado de abril, que interrompeu o processo
eleitoral para a Presidência da República, o qual, no final da primeira volta,
Carlos Gomes Júnior liderava.
Na madrugada de
domingo, cerca das 04:00 locais, um grupo armado atacou um quartel, com os
confrontos a durarem cerca de uma hora, tendo os assaltantes sido depois
obrigados a fugir.
Forças de segurança
guineenses disseram à AFP que N´Tchama tinha regressado na passada semana à
Guiné-Bissau, depois de ter estado em Portugal para receber treino militar,
situação que se prolonga desde julho de 2009.
Um jornalista da
AFP no local viu os cadáveres de seis assaltantes. Um soldado afirmou que um
sentinela do quartel terá sido morto pelo próprio N´Tchama, mas apesar de
fontes militares terem confirmado o ataque, recusaram confirmar quaisquer
baixas entre os soldados do quartel atacado.
Nas horas que se
seguiram ao ataque várias viaturas militares patrulharam as ruas da capital,
Bissau, mesmo apesar de a situação se ter mantido calma.
Tropas e polícia
estiveram também presentes em força no aeroporto e nas estradas que dão acesso
à capital.
O Chefe das Forças
Armadas guineense, o general António Indjai, visitou as bases militares e o
quartel-general do Exército em Bissau.
IMA
Militares invadem
sede do PAIGC, principal partido da Guiné-Bissau
22 de Outubro de
2012, 12:59
Bissau, 22 out
(Lusa) - Um grupo de militares invadiu hoje por duas vezes a sede do PAIGC,
principal partido da Guiné-Bissau, tendo levado à força Iancuba Indjai, líder
do Partido da Solidariedade e Trabalho (PST), disse à Lusa fonte partidária.
De acordo com a
fonte do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde),
partido que estava no poder até ao golpe de Estado de 12 de abril passado, os
militares, alguns à paisana e outros fardados, entraram na sede do partido
dizendo que estavam à procura de pessoas.
"Estávamos e
ainda estamos em reunião aqui na sede, mas de repente fomos surpreendidos por
militares armados com armas automáticas e pistolas, dizendo que andavam a
procurar pessoas que estariam escondidas aqui na sede", disse a fonte, que
pediu para não ser identificada.
Ação de domingo foi
mais do que simples ato de desestabilização, diz Governo de transição da
Guiné-Bissau
22 de Outubro de
2012, 13:53
Bissau, 22 out
(Lusa) - O Governo de transição da Guiné-Bissau reuniu-se hoje com a comunidade
internacional presente no país para a informar dos incidentes de domingo, que o
executivo considera tratar-se "mais do que um simples ato de
desestabilização".
Numa curta reunião,
o primeiro-ministro de transição, Rui Duarte de Barros, explicou a sua versão
dos factos, na sequência da morte, na manhã de domingo, de seis pessoas
alegadamente envolvidas num ataque ao quartel dos para-comandos, uma unidade de
elite das Forças Armadas da Guiné-Bissau.
No final, o
ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de transição, Faustino Imbali,
disse que o executivo pretendeu mostrar que não se tratou de "uma revolta
interna dos militares mas sim de elementos estranhos às Forças Armadas".
ONU condena ataque
a base militar na Guiné-Bissau e apela para calma
SIC Notícias - Lusa
As Nações Unidas
condenaram hoje o ataque de domingo ao quartel de uma unidade de elite das
forças armadas da Guiné-Bissau e apelaram para a calma no país.
Em comunicado hoje
divulgado, o gabinete do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condena o ataque
e a perda de vidas, afirmando estar a "acompanhar a situação de
perto".
Na madrugada de
domingo, um grupo de homens armados tentou tomar pela força o quartel dos
para-comandos, uma unidade de elite das forças armadas da Guiné-Bissau, tendo
resultado seis mortos dos confrontos, todos do grupo assaltante.
A informação foi
prestada pelo governo de transição, que diz que o grupo era comandado pelo
capitão Pansau NTchama e acusa Portugal, a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa e o primeiro-ministro guineense deposto, Carlos Gomes Júnior, de
envolvimento no ataque.
No comunicado hoje
divulgado, a ONU "apela à calma e a todos os guineenses para que resolvam
as suas divergências por meios pacíficos, incluindo através de um diálogo
inclusivo", tal como expresso na resolução do Conselho de Segurança
aprovada após o golpe militar de abril.
O representante da
ONU em Bissau, Joseph Mutaboba, está em contacto com as autoridades e a
comunidade internacional, informando em permanência o secretariado em Nova
Iorque, adianta a nota.
Refere ainda que a
ONU vai continuar a trabalhar com os guineenses, União Africana, comunidade
regional (CEDEAO), comunidade lusófona (CPLP) e União Europeia, tendo em visa
repor a ordem constitucional, incluindo com o início do processo eleitoral, em
linha com as determinações do Conselho de Segurança.
Na última reunião
do Conselho de Segurança sobre a Guiné-Bissau, a 18 de setembro, os países
membros manifestaram preocupação com o "contínuo impasse político", e
o impacto negativo na situação socioeconómica e de segurança, sublinhando a
urgência de realização de eleições que levem a uma transição no país.
As declarações após
as consultas fizeram eco do último relatório do secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, que afirma que a "falta de progressos na reposição total da ordem
constitucional" está a ser agravada pelas "divisões entre atores
nacionais e parceiros internacionais sobre a legitimidade do atual governo de
transição".
O relatório refere
ainda que, em violação das sanções decretadas em maio, o chefe de Estado maior
das Forças Armadas guineenses, General António Indjai, esteve na Costa do
Marfim e no Mali, viajando através do Senegal, para participar em reuniões de
militares.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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