Henrique Monteiro –
Expresso, opinião, em Blogues
O Grupo Parlamentar
do PS arranjou uns carros novos (um Audi A5 e quatro VW Passat) e isso
tornou-se um escândalo nacional. O ex-ministro Bagão Félix disse, a quem o quis
ouvir, que conhece diretores-gerais que apenas sabem assuntos da sua
responsabilidade pelos jornais, e nada se passou.
E se recentrássemos
a discussão no essencial?
Pode o Grupo
Parlamentar do PS viver com carros mais baratos? Claro que sim. E deve! É o
assunto importante? Pouco; o alarido deve-se à exagerada dose de demagogia que
por aí vai.
Pode um
diretor-geral ser preterido nas decisões do Estado? Não! É um escândalo que
pagamos caríssimo! O Estado tem cada vez mais nos seus quadros especialistas a
que os governos não ligam, porque os governos nomeiam e contratam cada vez mais
pessoas fora do Estado para desempenhar papeís que cumpririam à administração.
E assim pagamos duas vezes: aos servidores públicos de carreira, e às centenas
de consultores e "especialistas" contratados na privada.
Por mim, os grupos
parlamentares e os ministros podem continuar a ter BMWs, Audis, Mercedes ou o
que quiserem, desde que se disponham a acabar com a duplicação do Estado. Não é
normal cada ministro ter uma dezena de pessoas a assessorá-lo quandos os
ministérios estão cheios de técnicos superiores; não é normal os serviços
estatais serem duplicados por institutos públicos, semi-públicos e autárquicos.
E não é normal que quase ninguém se mostre indignado por causa disto.
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