Henrique Monteiro –
Expresso, opinião, em Blogues
Imaginemos que tudo
corre bem do ponto de vista do Governo e da coligação que o sustenta. Eu sei
que o exercício é difícil, mas tentemos fazê-lo.
Imaginemos, pois,
que o Orçamento passa no Parlamento sem alterações significativas e que os
estados de alma de Portas e de Passos (um quis demitir-se, o outro não se quer
ser queimado em lume brando), deixam de ser partilhados publicamente.
Passamos o Natal
como pudermos, entramos em 2013 sem grandes festejos e, sobretudo, sem
dinheiro.
Pelo fim de
Janeiro, levamos o primeiro choque. A generalidade dos salários e das pensões
que nos pagam levam um corte substancial, de centenas (e nos casos dos salários
maiores de mais de um milhar) de euros. Olharemos os recibos incrédulos e
teremos a verdadeira dimensão do que é o Orçamento e o enorme aumento de
impostos.
O segundo momento
será em Abril, quando forem divulgados os dados da execução orçamental do
primeiro trismestre. Veremos que curva de Laffer (que indica que a partir de
uma determinada carga fiscal a receita, em vez de crescer, diminui) fez o seu
trabalho. Estaremos mais longe dos objetivos, a recessão será mais funda, os
impostos cobrados diminuirão, a economia estará mais débil. E
interrogar-nos-emos por que motivo todos o sabiam e, ainda assim, o Governo
insistiu.
São estes os meses
fatídicos. Se nada for feito até lá, mergulharemos ou no caos ou no desespero,
ou nos dois. Arranjar outro caminho é urgente.
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