Expresso - Lusa
Iniciativa Barulho
Global, portesto sonor contra a austeridade, vai soar em 200 cidades do mundo.
Em Lisboa, está marcado para as 17h.
A iniciativa Barulho Global de sábado é "uma oportunidade para que todos os portugueses, independentemente do sítio ou da forma, agarrem em tachos, panelas e outros utensílios e expressem, de forma bem sonora, a sua indignação e revolta".
Este é o repto
lançado por Inês Subtil, uma das organizadoras da 'cacerolada' de protesto que
vai decorrer no sábado em Lisboa.
Além da capital, à
hora marcada, 17h, o protesto sonoro também se fará ouvir, em simultâneo, em
Braga, Porto, Viseu, Coimbra, Aveiro, Caldas da Rainha, Setúbal, Loulé, Faro ou
Portimão, mas também um pouco por todo o mundo.
"Muito
barulho" em qualquer sítio
A ideia é
"simples" e qualquer pessoa pode participar, explica à Lusa a jovem
de 28 anos. "Basta levar tachos, panelas e outros utensílios, e fazer
barulho, muito barulho". Seja "na rua, em casa à janela ou noutro
sítio qualquer", o mais importante, salienta, é que os portugueses, de
norte a sul, participem e se façam ouvir alto e em bom som.
Inês Subtil destaca
a dimensão internacional deste protesto, intitulado "Global Noise"
(Barulho Global), realçando que os tachos e panelas vão sair à rua em mais de
200 cidades de 25 países - de Berlim a Montreal, de Lima a Tóquio, cidade onde
na sexta-feira e no sábado vai decorrer uma reunião do Fundo Monetário
Internacional (FMI).
"Estamos
contra a austeridade"
De acordo com o site
internacional da iniciativa, cabe aos movimentos nos vários países
escolherem as razões pelas quais se vão manifestar. Em Portugal, precisa Inês,
a mensagem é clara: "Estamos contra a austeridade, contra as medidas deste
Governo, contra um memorando e uma dívida que não fazem sentido".
As propostas
alternativas, garante, existem, mas "virão depois de se conseguir passar uma
mensagem forte de que os portugueses não querem nem aguentam".
"O que se
passa em Portugal não se limita simplesmente ao nosso paíszinho, temos
consciência disso. E apesar de exigirmos a demissão do governo sabemos que as
mudanças que são necessárias são muito mais estruturais e profundas",
afirma.
'Cacerolada' em
"articulação" com outras ações de luta
Inês Subtil lembra
que a 'cacerolada' vai decorrer em "articulação" com outras ações de
luta marcadas para sábado, designadamente a marcha contra o desemprego da CGTP,
que encerra sábado, e o protesto cultural que vai juntar músicos e artistas em
Lisboa.
O mais importante,
realça Inês, é que nesta "altura de crise nacional" exista
"convergência" nas ações de luta entre todos. Isto porque, frisa,
"amigo não empata amigo" e porque, no fundo, "estamos todos para
o mesmo".
É por isso
necessário, defende, que as várias iniciativas de protesto que têm vindo a
ganhar força em Portugal se "articulem da melhor forma" e que sejam o
"mais aberto e transparentes possíveis" para que "todos os
portugueses se sintam representados".
"É muito
importante criar espaço para que as pessoas se possam manifestar e expressar de
diversas formas, não só nos protestos mais típicos", afirma.
Inês Subtil lembra
que a ideia dos tachos e das panelas surgiu, essencialmente, devido ao seu
simbolismo. Já foram utilizadas nos protestos na Argentina, em 2001, quando o
país entrou em bancarrota e em 2008 na Islândia, onde se tornaram símbolos dos
protestos cívicos dirigidos contra banqueiros e políticos que "afundaram
economicamente o país".
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