segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Moçambique: RENAMO RECORDA ASSASSINATO DOS SEUS MEMBROS EM MONTEPUEZ

 


Num momento politicamente tenso
 
Canalmoz
 
12 anos passam após a morte, por asfixia, de centenas de membros da Renamo
 
Maputo (Canalmoz) – Num momento político tenso entre a Frelimo e a Renamo, este último partido recordou, na passada sexta-feira, a passagem de 12º aniversário da morte de centenas dos seus membros, nas celas da Polícia da República de Moçambique (PRM) de Montepuez, na província de Cabo Delgado.
 
Um grupo de membros da Renamo em Cabo Delgado, alegadamente integrado por outros idos de outros pontos do País, deslocou-se à Montepuez para recordar a morte, por asfixia, dos seus entes colegas.
 
As cerimónias consistiram na limpeza, na vala comum, onde foram enterrados os malogrados bem como visitas às suas famílias, onde foram expressadas palavras de conforto e esperança. As actividades foram dirigidas pelo delegado político da Renamo em Montepuez, Pedro Piacce, e coordenadas a nível nacional por Jeremias Pondeca, chefe de departamento da administração interna e poder local, na Renamo.
 
Foi a 9 de Novembro de 2000, que “700 pessoas”, segundo dados da Renamo ou então “150 pessoas”, segundo dados da Liga dos Direitos Humanos e outras fontes independentes, morreram asfixiadas nas celas onde estavam detidas por protestarem contra os resultados das eleições gerais de 1999.
 
Era governador da província de Cabo Delgado na ocasião José Pacheco, ex-ministro do Interior e actual ministro da Agricultura e membro da Comissão Política do partido Frelimo, a quem a Renamo atribui a responsabilidade pela morte daqueles cidadãos.
 
Naquele mês, centenas de membros da Renamo no distrito de Montepuez foram recolhidos às celas quando protestavam contra os resultados das eleições legislativas e presidenciais de 1999, que, segundo dados de várias fontes independentes, teriam sido ganhas pela Renamo e seu líder, Afonso Dhlakama.
 
Dados não comprovados indicam que houve manipulação do sistema electrónico de contagem de votos no Secretariado Técnico da Administração Estatal (STAE), que permitiu multiplicar os votos de Joaquim Chissano, em prejuízo de Afonso Dhlakama. O actual governador de Tete, Ratxide Gogo, que na altura era membro do STAE, e o ex-director do Centro de Processamento de Dados (CPD), Orlando Comé, são duas das figuras apontadas pela opinião pública como tendo sido os cérebros da manipulação do sistema que permitiu a vitória fraudulenta de Joaquim Chissano.
 
Foi por esta situação que os membros da Renamo protestaram, sendo Moatize em grande escala. Centenas de manifestantes foram encarcerados e morreram nas celas. Outros, em número bastante considerável, foram sumariamente julgados.
 
A Renamo recordou que até hoje, passados 12 anos após a morte de centenas dos seus membros, ninguém foi responsabilizado pelas mortes, “apesar de se saber que as mesmas aconteceram por causa do desleixo das autoridades moçambicanos, que ordenaram o entulhamento de centenas de pessoas numa minúscula cela com capacidade para pouco mais de 50 pessoas”, recordou a Renamo no dia dos festejos.
 
A Liga dos Direitos Humanos viria a abrir um inquérito para apurar a responsabilidade e as causas das mortes por asfixia, que igualmente no mesmo período teriam acontecido em Angoche, província de Nampula, por mesmas razões.
 
Consta que alguns detidos e condenados até agora permanecem nas masmorras do regime, passados 12 anos.
 
Para se contornar na altura as críticas internas e da Comunidade Internacional e desviar a atenção das pessoas, uma outra ocorrência teria se dado aqui em Maputo, mormente o assassinato do jornalista Carlos Cardoso.
 
Daí para cá ninguém mais da oposição ousou a manifestar-se contra o regime do dia sobre qualquer motivo. (Bernardo Álvaro)
 

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