Kátia Catulo – i online
Há 10 385 alunos
com carências alimentares, revelou ontem o secretário de Estado Casanova no
parlamento. Metade destas crianças toma o pequeno-almoço na escola
São até ao momento
10 385 os alunos que 253 agrupamentos de escolas públicas sinalizaram como
crianças com carências alimentares. O número foi revelado ontem pelo secretário
de Estado da Educação, João Casanova de Almeida, durante a audição da comissão
parlamentar de orçamento, finanças e administração pública.
Metade destas
crianças está a ser apoiada através do programa “Pequeno-Almoço na Escola”. Os
5547 alunos que tomam a primeira refeição do dia na cantina da escola
correspondem, segundo a tutela, a 51% dos casos sinalizados pelos professores,
mas Casanova de Almeida anunciou que também as famílias destas crianças serão
apoiadas através do Banco Alimentar Contra a Fome.
Os números agora
revelados surgem na sequência das confederações de associações de pais terem
denunciado na véspera que o programa “Pequeno Almoço” – fornecido por empresas
do sector alimentar e gerido pela tutela – não estaria a chegar a boa parte dos
estabelecimentos de ensino.
Cortes na educação
foi aliás o principal tema e ponto de discórdia entre os deputados da oposição
e a equipa de Nuno Crato, com especial atenção ao ensino superior. A
contestação dos reitores das universidades e presidentes dos politécnicos levou
o ministro da Educação a assumir ontem no parlamento que vai trabalhar com o
ministro das Finanças Vítor Gaspar no sentido de encontrar uma solução para os
problemas que as reduções orçamentais vão provocar no ensino superior. Nuno
Crato assegurou que ambos os ministérios estão a negociar numa alternativa e
têm “abertura” para “reunir com os reitores e os presidentes dos politécnicos”,
garantindo também que o Ministério da Educação está atento à crise no ensino
superior: “sabemos as dificuldades que têm e queremos estar do lado da
solução”.
A solução contudo
poderá passar também por as instituições de ensino superior encontrarem o seu
próprio caminho. Nuno Crato destacou o “exemplo” da Universidade de Lisboa e
Universidade Técnica de Lisboa, que têm em curso um projecto de fusão que é
mais que uma “junção” das duas instituições. O ministro defendeu por isso que a
racionalização da rede deve significar, à semelhança daquele processo de fusão,
uma “real cooperação” entre instituições e “coordenação de oferta de cursos”.
A cooperação,
segundo Crato, deve também ser um modelo a seguir pelos politécnicos e escolas
secundárias com ensino profissional. Dessa união entre o secundário e o
superior iria resultar um ensino mais integrado, defendeu o ministro: “Um dos
caminhos que temos indicado é coordenarem-se com o ensino profissional
secundário. Têm instalações, professores e especialistas que as secundárias não
têm e podem oferecer uma experiência avançada mais cedo que o habitual”. A
proposta de Crato, no entanto, parece ser mais do que uma simples orientação.
“É algo para pôr em prática já este ano”, avisou.
O ministro defendeu
também que os números do orçamento para a educação garantem o “respeito pelos
contribuintes e o cumprimento do programa do governo”, numa distribuição de
recursos em que “cada euro aplicado é um euro bem gasto”.
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