Martinho Júnior,
Luanda
11 – O outro
confesso da “Open Society” é Rafael Marques de Morais, agora transformado em “jornalista-activista
independente”, como se os seus contactos com o Departamento de Estado lhe
conferissem essa “independência”!
Yoany Sanchez a “blogueira”
em Cuba tinha de ter um “produto similar” em Angola, a atestar quanto as
experiências do “laboratório” de Cuba são frutuosas noutras partes do mundo,
questões de bloqueio mental já se vê!
Efectivamente é
legítimo a um jornalista ter as suas opções filosófico-ideológico-políticas,
ser determinante na escolha dos temas que aborda, assumir-se enquanto elemento
responsável perante a sociedade enquanto produtor de notícias, ser um lutador
por causas justas, em especial quando elas são por efectiva justiça social,
assumir-se com pedagogia perante os desequilíbrios, a falta de respeito que
existe espalhada um pouco por todos os recantos do mundo em relação à Mãe
Terra…
A margem de
legitimidade torna-se difusa quando há dinheiro duma potência como os Estados
Unidos por detrás do que se escreve e quando no caso de Angola, que em paz se
deve reconciliar e reconstruir, se abandonam os vínculos de responsabilidade
para com a necessidade de unidade nacional, de identidade nacional e
envereda-se por caminhos que servem interesses e conveniências dum capitalismo
neo liberal que no seu extremo integra o preceituado pela hegemonia do império “a
pronto pagamento” duma administração norte americana que tanto tem apostado nas
“revoluções coloridas” (agora a empalidecer) como nas “primaveras árabes” (na “moda”
e em pleno vigor)!!!
Rafael Marques de
Morais assume a responsabilidade de por similitude mal-parada estar a
contribuir pata trazer para Angola o inverno e não a “primavera” que assola os
árabes, como a crise civilizacional que assola os próprios Estados Unidos e a
Europa!
O Maka Angola, onde
Rafael Marques de Morais publica os seus escritos, recebeu portanto do National
Endowment for Democracy a quantia de 64.000 USD, ou seja 24% do total de
256.466 USD que o NED oficialmente distribuiu em 2011 a 7 “organizações não
governamentais” distintas em Angola!
É claro que não
pagaram sequer impostos!
Eis o que o Maka
Angola publicou a propósito dessa “doação inocente”, sinónimo da “independência”
de que se nutre Rafael Marques de Morais:
“…O director de
programas para África do NED, Dave Peterson, adiantou:
O National
Endowment for Democracy orgulha-se do apoio que presta à Maka Angola, no seu
corajoso trabalho de luta contra a corrupção e defesa da democracia e dos
direitos humanos. Estamos muito impressionados com o impacto que o portal tem
tido, com o trabalho de cuidadosa investigação dos factos e com a coragem em
contar a verdade e desafiar aqueles que praticam abusos de poder.”
Procurei por outro
lado no Maka Angola pela sua “equipa de trabalho” e a resposta é esta (uma
equipa de “uma nota só”):
“Rafael Marques de
Morais, Director Rafael Marques de Morais é um jornalista e pesquisador
angolano, com especial interesse sobre a economia política de Angola e os
direitos humanos. Em 2000, recebeu o distinto Percy Qoboza Award [Prémio Percy
Qoboza para a Coragem Exemplar] da
Associação Nacional dos Jornalistas Negros dos Estados Unidos da América.
Em 2006 venceu o Civil
Courage Prize [Prémio de Coragem Civil] da Train Foundation (EUA) pelas
suas actividades em prol dos direitos humanos. Tem vários relatórios publicados
sobre a violação dos direitos humanos no sector diamantífero em Angola,
incluindo “A Colheita da Fome nas Áreas Diamantíferas” (2008), “Operação
Kissonde: Os Diamantes da Miséria e da Humilhação” (2006) e “Lundas: As Pedras
da Morte” (2005), em co-autoria com Rui F. Campos. Nascido em Luanda, Rafael é
Mestre em Estudos
Africanos pela Universidade de Oxford. É formado em
antropologia e jornalismo na Goldsmiths, Universidade de Londres.
Carlos Duarte,
Editor
Alfredo Muvuma,
Editor”
Como com dinheiro
se atrai dinheiro, até a Al Jazzera, tão implicada nas “primaveras árabes” já
está interessada na “primavera em Angola”, com toda a “persuasiva inocência”
que os “media de referência” reconhecem no Qatar:
“Um novo filme produzido pela Al Jazeera documenta o nascimento
do movimento de protesto em Angola.
Inspirado pela
Primavera Árabe e alimentado pela cultura do rap revolucionário e hip hop
consciente, um movimento liderado por jovens começou a sair às ruas de Luanda
desde 2011, exigindo o fim de décadas de corrupção e de governo autoritário.
Angola: Birth of a
Movement, produzido pela cadeia de televisão do Qatar, acompanha três jovens
activistas angolanos (Luaty Beirão, Carbono Casimiro e Mbanza Hamza) na sua
luta para criar um espaço público de dissidência num país amordaçado pelo medo.
O filme, de 25 minutos, é um dos episódios da série Activate, que acompanha activistas
espalhados pelo mundo inteiro, e será transmitido pela Al Jazeera a partir de 5
de Novembro”.
Os temas que Rafael
Marques de Morais escolhe são tomados como “produtos de primeira linha” em
relação a muitos “receptores” dentro e fora do país, “receptores” que acabam
por estar “em sintonia” com as mensagens que interessa ao império; isso é um
fenômeno típico de ingerência e manipulação quando se verifica que os dois
lados “da barricada” resultam duma manipulação artificiosa que tem proveniência
na mesma potência: a administração de Barack Hussein Obama e os instrumentos
que ela se serve a partir dos Estados Unidos para gerir este tipo de
contenciosos.
Com isso instala-se
a “mudança dialéctica”, como se mais nada houvesse em termos sócio-políticos para
se resolver em Angola.
Tudo o mais fica
pendente por causa desse artifício que nos chega de fora!
É grave arrastar o
MPLA, pelo menos alguns dos seus melhores filhos, para uma situação que o
movimento de libertação não escolheu, nem o merece, tão grave quanto não é com
a manutenção de desequilíbrios que chegam ao extremo deste tipo de contenciosos
que alguma vez se conseguirá resolver o que quer que seja no âmbito dum mínimo
de paz social e a prova está, desde logo, na estratégia de tensão que está a envenenar
pouco a pouco a sociedade e poderá trazer conseqüências maiores: o retorno ao
conflito, ou mesmo à guerra!
Os patriotas, os
que não caem neste tipo de “jogos africanos” à maneira yankee, têm bastos
motivos para ficar preocupados e lançar o alerta!
Foto: Copiada do
artigo “Angola e George Soros… enfim o entendimento” publicado a 7 de Novembro
de 2003 pela Voice of America; o artigo em causa já não consta na Internet.
Consultas:
- Rafael Marques
recebido no Departamento de Estado dos EUA – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/02/angola-rafael-marques-recebido-no.html
- A nossa equipa – http://makaangola.org/a-nossa-equip/
- Al Jazeera Produz
Documentário Sobre Movimento de Protesto em Angola – http://makaangola.org/2012/10/26/english-angola-birth-of-a-movement-on-al-jazeeras/
- Maka Angola
recebe doação – http://makaangola.org/2012/02/14/maka-angola-recebe-doacao/
- The New
Imperialism: China in Angola – http://www.worldaffairsjournal.org/article/new-imperialism-china-angola
- O vale do Cuango
– http://pagina--um.blogspot.com/2011/01/o-vale-do-cuango.html
Relacionado
* Para ler todos os
textos de Martinho Júnior, clique aqui
1 comentário:
Agente de la CIA con experiencia en Iraq y Afganistán dirige periodistas “independientes” en Cuba - http://lapupilainsomne.wordpress.com/2012/11/19/agente-de-la-cia-con-experiencia-en-iraq-y-afganistan-dirige-periodistas-independientes-en-cuba/
Enviar um comentário