sábado, 17 de novembro de 2012

SINAIS CONTROVERSOS – X

 

Martinho Júnior, Luanda
 
14 – Quanto a Abel Chivukuvuku as referências são de há décadas: ele fazia parte daqueles jovens que na UNITA estavam muito mais receptivos às vocações e aos interesses norte americanos que às vocações e interesses dos sul africanos do regime do “apartheid”, procurando “demarcar-se” dos últimos quando isso era relativamente difícil, conforme comprovam os sacrifícios, inclusive sacrifícios de sangue, impostos à família dos Chingunji, ou ainda o caso Wilson dos Santos…
 
Agora Abel Chivukuvuku surgiu como um mago, “na hora certa” e, se o Bloco Democrático não pôde confirmar-se nas últimas eleições, foi ele que ao demarcar-se conforme se demarcou da direcção da UNITA, encontrou uma solução oportuna e relativamente ágil com a constituição apressada do CASA-CE, ou não tivesse “catapultas” nesse sentido, “catapultas” que nada têm a ver com o “Conservative Caucus” e terão muito mais a ver com a própria administração de Barack Hussein Obama, conforme se poderá constatar via Wikileaks!
 
Aproveitar as campanhas de terceiros, em particular aquelas que foram dirigidas à juventude, foi (e é) a tarefa do CASA-CE e para isso, no quadro da dialéctica de nova geração, Abel Chivuvuku é, pela sua capacidade crítica, muito importante para a manutenção da estratégia de tensões com vista a criar mobilização e aproveitamento sócio-político de acordo com os padrões ideológicos de conveniência, que ousam passar até por uma “esquerda” nada convincente, auto promovida, mas que nessa qualidade terá que fazer muito esforço para convencer!
 
O Wikileaks revela que a 29 de Dezembro de 2009 a Embaixada avaliou a fragilidade da oposição e do seu maior partido, a UNITA:
 
“While Angola's political opposition faces many institutional obstacles, considerable internal weaknesses also prevent it from playing fully its role in a democratic system. Whereas the ruling MPLA, albeit with all the advantages of decades of incumbency, is well organized, united, and nationally ubiquitous, the opposition is none of these things. The opposition parties have weak, and increasingly fractured, leadership. The parties have failed to identify political agendas that resonate with the Angolan people. The opposition parties have largely remained regional, rather than national, in scope, and even in traditional strongholds organization appears weak. Finally, these parties have failed to find a voice or establish a means of communication with the Angolan electorate. The opposition can rightfully point to many advantages the MPLA enjoys; nevertheless, these parties must also put their own houses in order if the democratization process in Angola is to move forward”.
 
(…)
“UNITA head Isaias Samakuva is an articulate Embassy interlocutor with excellent English, but he has neither the stature nor the presence of former UNITA supremo Jonas Savimbi, killed in 2002. Samakuva did not provide effective leadership in the 2008 elections and has failed to re-energize his party since its crushing electoral defeat. Weekly independent Semanario Angolense listed Samakuva in its latest edition as one of the failures of 2009. For the moment, Samakuva appears to have control over UNITA, but there may be challengers in the wings, particularly Abel Chivukuvuku”.
 
(…)
For democracy to take firm root in a post-conflict country like Angola, a strong, vibrant, self-assured opposition is vital. There are many external reasons why Angola's opposition has yet to fully assume this role, but many of its failures are internal. Longer term, therefore, political development in Angola may depend as much on democratization within the MPLA as it does on further LUANDA 00000785 003 OF 003 development of Angola's weak opposition parties”.
 
Essa avaliação, conjuntamente com outras apreciações, terá influenciado a administração democrata de Barack Hussein Obama a reagir nos seus relacionamentos para com Angola, o que aconteceu logo a 12 de Janeiro de 2010, ainda conforme a Wikileaks:
 
“In a January 12 meeting with Ambassador, UNITA stalwart Abel Chivukuvuku said he envisions himself as the future president of Angola. As a first step, he intends to win the presidency of his party at its next congress, in 2011. If this fails, he will leave UNITA to form his own party. UNITA has become a meaningless actor in Angolan politics; it has lost its vision, and its leadership has likewise lost faith in the possibility of victory. Chivukuvuku saw two possibilities for the future: one in which UNITA changes course, regains its earlier popularity, and offers a real alternative to the MPLA; or, alternatively, a more dangerous future in which the MPLA further consolidates power and rules unchecked until the death of President Dos Santos, which will precipitate a period of chaos.
 
Chivukuvuku maintained he is the man to lead UNITA's renovation and said he will challenge party president Isaias Samakuva at the 2011 congress. Given his efforts to motivate his party base, Chivukuvuku said the MPLA sees his candidacy as a much greater threat than that of Samakuva and might well try to stymie it, as he believed it had at the 2007 UNITA party congress. If prevented from winning the party presidency, he said he would severe ties with UNITA and form his own party. He has already been in contact with a number of smaller parties as well as other disaffected UNITA leaders and members on the possibility of crafting a new party, if necessary. In any case, he intends to be engaged in the 2012 election, either as head of UNITA or of some yet to be created party.
 
Chivukuvuku laid out a simple electoral strategy. There was little chance that UNITA would win elections in 2012, he said. Rather, the party should focus on generating a sense of upward movement and dynamism, sorely lacking in UNITA's last electoral campaign. Even a vote tally of 18 or 20 percent, as opposed to UNITA's 2008 ten percent showing, would create buzz. Chivukuvuku would then focus on winning elections in 2017. UNITA, he said, has got to be in the game."
 
Alguns órgãos da imprensa angolana revelaram o teor das apreciações e o contacto de Abel Chivukuvuku com o então Embaixador em Luanda, Dan Mozena.
 
O “Angodenúncia” foi um deles, reproduzindo excertos do que foi divulgado pela Wikileaks em relação a esse encontro:
 
“Chivukuvuku estabeleceu uma estratégia simples eleitoral. Ele disse que há pouca chance de a UNITA vencer as eleições de 2012 . Em vez disso, o partido deve se concentrar na geração de uma sensação de movimento de dinamismo, que falhou na última campanha eleitoral da UNITA. Mesmo uma votação de 18 ou 20 por cento, em oposição aos 10 por cento da UNITA, em 2008, iria criar buzz. Chivukuvuku, ira focar-se para vencer as eleições de 2017. A UNITA, disse ele, tem que de fazer parte do jogo.
 
Quando o embaixador pressionou Chivukuvuku a especificar o ponto da sua plataforma eleitoral, Chivukuvuku concentrou-se primeiro sobre as táticas, em seguida, citou as questões-chave. A UNITA, disse ele, essencialmente falhou no seu papel de oposição. Ele propôs que o partido se comprometa na crítica activa das políticas do MPLA e defendeu a formação de um governo sombra, que todas as quinta-feira iria emitir críticas, após o anúncio das decisões políticas das regulares reuniões do conselho de Ministro. A UNITA convocaria uma conferência de imprensa, que ele admitiu que provavelmente seria boicotada pela mídia oficial, e iriam distribuir panfletos, à mão, em áreas onde a mídia independente não chega. Ele insistiu que a UNITA tinha capacidade organizacional para realizar uma campanha em centros populacionais em todo o país. Chivukuvuku disse que sua campanha se concentrará na reconciliação e inclusão de figuras do MPLA, num novo governo e iria apelar para uma amnistia pelos actos de corrupção do passado para servir de repressão a corrupção no futuro. Ele defendeu a eleição direta do presidente. Chivukuvuku falou longamente sobre seus planos para o desenvolvimento do interior de Angola, especialmente no potencial agrícola do país. Ele insistiu que a UNITA não podia mais se apegar ao seu culto de personalidade a Savimbi e salientou que o partido tem que evitar a política tribal para atingir o maior eleitorado possível”.
 
Quer dizer:
 
- A estratégia de tensões em reforço da oposição e visando instalar a “alternância democrática” de acordo com seu exclusivo conceito de “democracia representativa”, esteve em ensaio desde 2010 com vista às eleições de 2012;
 
- Será contudo entre 2012 e 2017 que essa estratégia de tensões irá crescer, com o objectivo de conduzir alguém da oposição à Presidência de Angola;
 
- Efectivamente tudo isso encaixa na reeleição de Barack Hussein Obama para Presidente dos Estados Unidos da América, com todo o arsenal de recursos de ingerência e manipulação ao seu dispor!
 
Fotografia: Composição que ilustrou o artigo “Wikileaks divulga agenda presidencial de Chivukuvuku”.
 
A consultar:
- Eleições em Angola 2012 – IV – Um oportuno pilão político – http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/09/eleicoes-em-angola-2012-iv.html
- Wikileaks divulga agenda presidencial de Chivukuvuku – http://angodenuncias.com/denuncias/?p=2989
- DOS SONHOS DE CHIVUKUVUKU À REALIDADE DA FARSA ELEITORAL – http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/08/angola-dos-sonhos-de-chivukuvuku.html
- Bem vindos ao inferno – II – http://marecinza.blogspot.com/2012/11/bem-vindos-ao-inferno-ii.html

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