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OS ASPECTOS HUMANOS
De acordo com os
índices de densidade populacional no mundo do Wikipedia, Angola é o 187º
classificado à escala global, com apenas 8 habitantes por quilómetro quadrado.
É notório que as
extraordinárias riquezas naturais de Angola, incluindo os “escândalos
geológicos” que conformam “as minas de Salomão”, podem vir a beneficiar um país
muito mais povoado.
Nos termos actuais,
Angola possui um acervo natural e de biodiversidade de primeira grandeza, maior
ainda se tivermos em conta a sua escassa população, pelo que a partir do
momento em que deixaram de ocorrer tiros em 2002, a emigração proveniente da
Europa, de África, da América Latina e da Ásia acentuou-se, acompanhando o
ritmo de crescimento “explosivo” que se tem vindo a registar.
O aumento de
população do país atingiu cifras nunca antes sentidas, de acordo com os
observadores, pelo que é muito oportuno a realização do censo populacional de
Angola, que ocorrerá no próximo ano.
Presume-se que a
população actual de Angola já esteja acima dos 20 milhões, com uma densidade
neste caso um pouco acima dos 16 habitantes por quilómetro quadrado, o que é
manifestamente pouco!
Presume-se também
que há desequilíbrios redundantes das guerras prolongadas: a população feminina
é maior que a masculina, o que não passa despercebido à emigração.
A emigração
africana é em parte proveniente de países muçulmanos que compõem a África do
Oeste, pelo que o casamento com as angolanas pode estar a contribuir para a
expansão islâmica sunita em Angola, algo que só um censo poderá descurtinar.
A implantação
humana em Angola responde basicamente a dois factores que me parecem
fundamentais:
- Os factores de
ordem ambiental, que resultam dos relacionamentos físico-geográficos (as
correntes oceânicas no litoral, a orografia e a água interior integram esses
relacionamentos);
- Os factores de
ordem humana que resultam das questões antropológicas, históricas e económicas,
que se reflectem no surgimento e crescimento dos pólos de desenvolvimento do
território, nas suas estruturas e infra estruturas, (que coincidem com as áreas
de maior concentração demográfica, de ocupação e de mais apertada rede
político-administrativa), assim como nas áreas de habitat rarefeito, onde
existem pólos de desenvolvimento de menor amplitude, (que coincidem com a menor
densidade populacional, uma malha político-administrativa muito distendida e
onde os esforços de intervenção devem substituir a ausência de ocupação).
Os factores de
ordem ambiental resultantes dos relacionamentos físico-geográficos no triângulo
do litoral, o triângulo onde se encontra cerca de ¾ da população total do país,
propiciaram a existência dum habitat mais denso e disperso, com aglomeração em
pequenas localidades (pequenos municípios, comunas e aldeias rurais), em
especial na área de maior dilatação orográfica, entre Benguela e Huambo.
Essa é a área de
maior densidade demográfica fora e na periferia imediata dos pólos de
desenvolvimento que constituem as áreas urbanas principais (Luanda, Huambo,
Lobito-Catumbela-Benguela, Lubango, Namibe…), que também ficam localizadas
dentro do triângulo com base no litoral e vértice na Região Central das Grandes
Nascentes.
Essa área é também
responsável por receber a maior parte dos fluxos populacionais de emigração
recente (chineses, portugueses, cubanos, brasileiros e de várias regiões de
África).
A região rural
desse triângulo do litoral está a progredir de economias de auto-subsistência
para projectos economicamente mais avançados, pois a actividade económica é
comercialmente muito forte nas principais urbanizações e nos Pólos de
Desenvolvimento.
Esse triângulo é
sensível para a unidade e identidade nacional, podendo ser a partir dele que se
potenciem as acções em direcção às áreas de intervenção.
Nos outros triângulos,
onde a intervenção humana deve por muito tempo substituir a possibilidade de
ocupação em especial em vastas regiões do sudeste, em alguns habitats rurais
dispersos há pequenas comunidades nómadas (bosquímanes), recolecção nas
florestas e agricultura de auto-subsistência.
No conjunto as
pressões demográficas dirigidas podem-se expandir do triângulo ocidental com
base no litoral para os outros triângulos que compõem o quadrado angolano,
devendo o estado criar condições para se gerarem novos povoamentos ao mesmo
tempo que devem ser determinados novos Parques Naturais, Reservas e Coutadas,
em especial na Região Central das Grandes Nascentes, salvaguardando o ambiente
e uma exploração adequada (em termos de economia real) das riquezas naturais.
Esse esforço
endógeno é urgente desencadear, por que visa por outro lado contrabalançar as
pressões migratórias exógenas, a maior parte delas ilegais, que são
particularmente fortes ao longo das fronteiras com a RDC.
As nascentes dos
rios principais estão desprotegidas e é muito urgente começar a controlá-las,
assim como controlar a biodiversidade onde elas ocorrem e aos ambientes
naturais que as propiciam.
Os programas
científicos devem começar a ser incentivados a partir da Região Central das
Grandes Nascentes (planalto do Bié), para as vastas periferias.
Com eles será
lançada a iniciativa de conhecer Angola em toda a sua profundidade e de forma
multi-sectorial.
Eles devem levar em
consideração que é a água interior que é vida e ao mesmo tempo facilitadora de
vida, pelo que os rios devem ser estudados com toda a prioridade: primeiro nas
suas nascentes e cursos iniciais (Região Central das Grandes Nascentes), depois
nas suas regiões intermédias, por fim nas áreas de periferia, ou nos seus
percursos finais.
A maior densidade
populacional no triângulo ocidental pode beneficiar de amplos projectos de
energias renováveis e não poluentes:
- Desde a serra da
Canda e de Mucaba a norte, até à serra da Chela a sul, que é possível instalar
capacidades de energia eólica; as montanhas são muito ventosas, com ventos
dominantes do sudoeste para nordeste;
- A energia solar
pode ser utilizada em todo o território e é recomendável em especial nos três
triângulos menos densamente povoados, onde a intervenção humana terá de ser
maior.
Em qualquer dos
casos os projectos podem ou não interligar-se aos sistemas de energia
hidro-eléctrica, beneficiando sobretudo as áreas rurais onde é necessário e
urgente fazer chegar a electricidade de forma a causar impactos fortes sobre o
estado de subdesenvolvimento crónico que afecta sobretudo essas áreas.
A energia eólica e
a solar podem melhor servir pequenas comunidades (comunas rurais, ou pequenas
aldeias), incluindo aquelas mais remotas e isoladas nas vastidões do Moxico e
do Cuando Cubango, onde a densidade demográfica é inferior a 1 habitante por
quilómetro quadrado.
O Ministério do
Ambiente tem um papel reitor chave para, com base na economia real, se
encontrarem soluções a muito longo prazo de desenvolvimento sustentável, até
por que é com a água interior que melhor se poderá conhecer e inventariar
recursos que dizem respeito à vida!
A lógica com
sentido de vida, em nome das futuras gerações, constitui um autêntico desafio
revolucionário no pensamento e na acção humana!
Gravura: Avaliação humana
1 – Definição do
triângulo de ocupação oeste; formação da unidade e da identidade nacional;
2 – Definição do
fulcro potenciador das intervenções; vértice dos triângulos = Região Central
das Grandes Nascentes;
3 – Definição dos
triângulos (norte, leste e sul) de intervenção.
A consultar:
- Lista De países
por densidade demográfica – Wikipedia – http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_pa%C3%ADses_por_densidade_populacional
- Demografia de
Angola – Wikipedia – http://pt.wikipedia.org/wiki/Demografia_de_Angola
- Observatório da
emigração – http://www.observatorioemigracao.secomunidades.pt/np4/paises.html?id=9
- Angola tem uma
população de 21 milhões de habitantes – http://www.angolaglobal.net/noticias-sobre-angola/Angola-tem-uma-populacao-de-21-milhoes-de-habitantes/1175
- Angola –
população – http://www.info-angola.ao/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=1179;
http://www.info-angola.ao/index.php?option=com_content&do_pdf=1&id=1179&limitstart=1
- Densidade
populacional de Angola – http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?v=21000&c=ao&l=pt
- Primeiro censo
populacional é preparado n o próximo ano – http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/primeiro_censo_populacional_e_preparado_no_proximo_ano
- INE apoia preparação do
primeiro censo populacional de Angola – http://www.iangola.co.ao/noticias/locais/item/11369-ine-apoia-prepara%C3%A7%C3%A3o-do-primeiro-censo-populacional-de-angola.html
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