Nuno Tiago Pinto – Sábado
Adriano Parreira
tentava viajar para Portugal na segunda-feira
Adriano Parreira, o ex-diplomata e professor universitário que apresentou queixa em Portugal contra altas figuras do regime angolano, ficou retido em Luanda, na segunda-feira à noite, quando tentava viajar para Portugal, via Madrid, num voo da Ibéria. Os seus passaportes, português e angolano, foram apreendidos e recebeu ordem para se apresentar na Procuradoria-Geral da República (PGR). A informação foi confirmada pelo próprio à SÁBADO.
“Eram cerca das 20h30 quando, depois de despachar as malas, já no controlo dos passaportes, o funcionário disse-me que teria de aguardar porque havia um bloqueio no sistema. Cerca de 20 minutos depois pediu-me para o acompanhar até outra sala. Estava lá um guarda que me disse que aquela era uma sala de retenção”, conta Adriano Parreira. “Mais tarde apareceu outro agente que me deu a ler um papel com o símbolo da PGR. Explicou-me que se tratava de uma ordem para ser impedido de viajar e para me apreenderem os passaportes angolano e português. Pedi uma cópia, mas não me deram”, afirma.
Em vez disso, recebeu um auto de apreensão sem número, sem morada e assinado apenas por uma testemunha, em vez das duas necessárias. No final pode lêr-se: (sic) "Obs: Os passaportes do cidadão acima referenciado encontra-se no SME (UAL) afim do senhor em causa apresentar-se no gabinete do procurador geral adjunto da república junto da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal."
Adriano Parreira, o ex-diplomata e professor universitário que apresentou queixa em Portugal contra altas figuras do regime angolano, ficou retido em Luanda, na segunda-feira à noite, quando tentava viajar para Portugal, via Madrid, num voo da Ibéria. Os seus passaportes, português e angolano, foram apreendidos e recebeu ordem para se apresentar na Procuradoria-Geral da República (PGR). A informação foi confirmada pelo próprio à SÁBADO.
“Eram cerca das 20h30 quando, depois de despachar as malas, já no controlo dos passaportes, o funcionário disse-me que teria de aguardar porque havia um bloqueio no sistema. Cerca de 20 minutos depois pediu-me para o acompanhar até outra sala. Estava lá um guarda que me disse que aquela era uma sala de retenção”, conta Adriano Parreira. “Mais tarde apareceu outro agente que me deu a ler um papel com o símbolo da PGR. Explicou-me que se tratava de uma ordem para ser impedido de viajar e para me apreenderem os passaportes angolano e português. Pedi uma cópia, mas não me deram”, afirma.
Em vez disso, recebeu um auto de apreensão sem número, sem morada e assinado apenas por uma testemunha, em vez das duas necessárias. No final pode lêr-se: (sic) "Obs: Os passaportes do cidadão acima referenciado encontra-se no SME (UAL) afim do senhor em causa apresentar-se no gabinete do procurador geral adjunto da república junto da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal."
Duas horas depois
de ser levado para a sala de detenção, Adriano Parreira teve ordem para
reclamar a bagagem e ir para casa. “Agora estou a tentar arranjar um advogado
para me apresentar na PGR”, diz. Não é a primeira vez o antigo embaixador de
Angola junto das Organizações Internacionais, em Genebra, sofre represálias
pelas suas opções políticas. “Há muitos anos que recebo chamadas anónimas,
ameaças de morte. Não me dão emprego. Então desde que apoiei a UNITA, nunca
mais. Tenho o apoio da minha família, faço livros e pronto Os angolanos sofrem
há muito tempo esta ditadura de luva e batôn”.
Em Junho do ano passado, Adriano Parreira apresentou uma denúncia no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, em Lisboa, contra as filhas de José Eduardo dos Santos, Isabel e Tchizé e o general Helder Vieira Dias “Kopelipa”. O departamento, liderado por Cândida Almeida, abriu então uma averiguação preventiva que mais tarde foi transformada em inquérito. “Penso que isto aconteceu agora devido ao facto de ter cumprido o meu dever de cidadão em Portugal: participar às autoridades quando se sabe de algo que indicie um crime”, explica.
Em Junho do ano passado, Adriano Parreira apresentou uma denúncia no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, em Lisboa, contra as filhas de José Eduardo dos Santos, Isabel e Tchizé e o general Helder Vieira Dias “Kopelipa”. O departamento, liderado por Cândida Almeida, abriu então uma averiguação preventiva que mais tarde foi transformada em inquérito. “Penso que isto aconteceu agora devido ao facto de ter cumprido o meu dever de cidadão em Portugal: participar às autoridades quando se sabe de algo que indicie um crime”, explica.
A denúncia terá partido depois de analisar as revelações feitas pelo jornalista Rafael Marques ao longo dos últimos anos. “Os documentos que ele tem emitido preocupam muita gente. Pensei: será que isto está a passar-se em Portugal e ninguém reage? Foi nesse sentido que pedi uma averiguação à PGR”, justifica. Mais: “Tenho a certeza que o passaporte vai ser retirado ao Rafael Marques, no dia 10, quando ele regressar ao país. É certo.”
A SÁBADO contactou o gabinete do Procurador Geral de Angola, João Maria Moreira de Sousa, para esclarecer porque motivo Adriano Parreira foi impedido de viajar para Portugal mas, até agora, as questões ficaram sem resposta.
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