Henrique Almeida – Jornal do Brasil
O velório de Oscar
Niemeyer foi aberto ao público, por volta das 8h30 desta sexta-feira, no
Palácio da Cidade, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Durante a madrugada, apenas
parentes e amigos prestaram as últimas homenagens ao arquiteto. O corpo ficará
no local até as 15h, quando será levado ao Cemitério São João Batista, onde
será sepultado. O governador Sérgio Cabral, o vice Luiz Fernando Pezão e o
prefeito Eduardo Paes já passaram pelo velório.
O arquiteto e
ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner também foi prestar as homenagens ao
colega, a quem elogiou. "Foi o maior brasileiro de todos os tempos, um dos
poucos a quem estava destinada a eternidade. Agora, alguém pode redesenhar a
Via Láctea", afirmou Lerner.
O governador de
Minas Gerais, Antonio Anastasia, acompanhado do prefeito de Belo Horizonte,
Marcio Lacerda, disse que representava os 20 milhões de mineiros nas homenagens
a Niemeyer. "Venho em nome dos 20 milhões de mineiros prestar homenagem ao
gênio, que em Belo
Horizonte fez talvez a sua primeira obra de reconhecimento
internacional, que é a Igreja da Pampulha. Foi uma vida dedicada ao interesse
público. Por isso, fica aqui o nosso reconhecimento".
Entre os populares
que já se despediram de Niemeyer, um deles chamou a atenção. Giorgio Veneziani,
empresário do setor de mármores, de 85 anos, trabalhou com o arquiteto na
construção de Brasilia e o conhecia desde 1957. Ele contou um pouco da
contribuição ao lado do arquiteto. "Eu fiz o projeto para as colunas de
mármore do Palácio da Alvorada, do Planalto e do Senado. Nossa firma esteve em
Brasília desde 1957 e tive a chance de trabalhar com Niemeyer. Era a melhor
coisa possível", disse Giorgio.
Ele lembrou também
a finalização do projeto da Catedral de Brasília. "Quando fui visitar
Niemeyer no exílio, na Itália, precisávamos discutir o acabamento da Catedral.
Lembro que foi logo após a crise política gerada com o acidente vascular
cerebral sofrido pelo presidente Costa e Silva", comentou Veneziani. O empresário
falou ainda da relação de Niemeyer com o regime militar. "Os militares
puxavam do arquivo o inquérito e perguntavam a ele coisas como: É verdade que
você disse que Salvador Allende era o melhor para o Chile? E ele dizia que
era", diverte-se Veneziani. "Nunca tiveram coragem de
prendê-lo", concluiu.
O corpo de Oscar
Niemeyer chegou ao Rio às 22h04 desta quinta-feira (6), após o velório em Brasília. O avião com
o arquiteto, que morreu nesta quarta-feira (5) por decorrência de uma infecção
respiratória, também transportava seus parentes. Logo após o pouso, os
familiares começaram a desembarcar. A viúva, Vera Lúcia, foi uma das primeiras
a descer da aeronave.
Escoltado pela
Guarda Municipal, o corpo de Niemeyer foi levado até o Palácio da Cidade, em Botafogo. O sobrinho
Paulo e o neto Carlos Oscar Niemeyer foram um dos primeiros a chegar ao Palácio
da Cidade. Já na saída, o neto disse que ficou muito emocionado com a recepção
em Brasília, mas afirmou que, como um "apaixonado pela cidade", o avô
não poderia ser enterrado em outro lugar senão o Rio de Janeiro.
"Ele construiu
muitos prédios em Brasília, gosta da cidade, mas ele é daqui, é apaixonado pelo
Rio. É natural que ele seja tão querido", contou o neto, que trabalhou com
Oscar por 11 anos, como administrador de seu escritório.
Corpo de Niemeyer
deixa o Palácio do Planalto sob aplausos
Depois de três
horas de velório, o caixão com o corpo do arquiteto Oscar Niemeyer deixou o
Palácio do Planalto. Coberto com a bandeira do Brasil, o caixão desceu a rampa
carregado por cadetes do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, às 19h30. O
corpo saiu em cortejo em direção à Base Aérea de Brasília, às 19h45. De lá,
seguu em avião da Presidência da República para o Rio de Janeiro.
De acordo com a
assessoria de imprensa do Palácio do Planalto e da Polícia Militar, 3,8 mil
pessoas passaram pelo local durante as três horas de velório. O caixão chegou
às 15h45, e a entrada do público foi liberada às 16h40.
Ainda de acordo com
o Planalto, o fim do velório foi antecipado a pedido da família de Niemeyer. Os
parentes do arquiteto alegaram problemas de limitação de horário para o pouso
do avião no Rio de Janeiro. A presidente Dilma Rousseff não acompanhou a saída
do caixão, mas se despediu da família.
As pessoas que não
conseguiram chegar a tempo do velório aplaudiram quando o corpo de Niemeyer
deixou o palácio. Enquanto o caixão era posto no caminhão do Corpo de
Bombeiros, eles cantaram o Hino Nacional. O trânsito na via que passa em frente
ao Palácio do Planalto ficou interditado por cerca de 25 minutos, provocando
congestionamento no local.
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