sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Brasil: VELÓRIO DE NIEMEYER É ABERTO AO PÚBLICO

 

Henrique Almeida – Jornal do Brasil
 
O velório de Oscar Niemeyer foi aberto ao público, por volta das 8h30 desta sexta-feira, no Palácio da Cidade, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Durante a madrugada, apenas parentes e amigos prestaram as últimas homenagens ao arquiteto. O corpo ficará no local até as 15h, quando será levado ao Cemitério São João Batista, onde será sepultado. O governador Sérgio Cabral, o vice Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes já passaram pelo velório.
 
O arquiteto e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner também foi prestar as homenagens ao colega, a quem elogiou. "Foi o maior brasileiro de todos os tempos, um dos poucos a quem estava destinada a eternidade. Agora, alguém pode redesenhar a Via Láctea", afirmou Lerner.
 
O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, acompanhado do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, disse que representava os 20 milhões de mineiros nas homenagens a Niemeyer. "Venho em nome dos 20 milhões de mineiros prestar homenagem ao gênio, que em Belo Horizonte fez talvez a sua primeira obra de reconhecimento internacional, que é a Igreja da Pampulha. Foi uma vida dedicada ao interesse público. Por isso, fica aqui o nosso reconhecimento".
 
Entre os populares que já se despediram de Niemeyer, um deles chamou a atenção. Giorgio Veneziani, empresário do setor de mármores, de 85 anos, trabalhou com o arquiteto na construção de Brasilia e o conhecia desde 1957. Ele contou um pouco da contribuição ao lado do arquiteto. "Eu fiz o projeto para as colunas de mármore do Palácio da Alvorada, do Planalto e do Senado. Nossa firma esteve em Brasília desde 1957 e tive a chance de trabalhar com Niemeyer. Era a melhor coisa possível", disse Giorgio.
 
Ele lembrou também a finalização do projeto da Catedral de Brasília. "Quando fui visitar Niemeyer no exílio, na Itália, precisávamos discutir o acabamento da Catedral. Lembro que foi logo após a crise política gerada com o acidente vascular cerebral sofrido pelo presidente Costa e Silva", comentou Veneziani. O empresário falou ainda da relação de Niemeyer com o regime militar. "Os militares puxavam do arquivo o inquérito e perguntavam a ele coisas como: É verdade que você disse que Salvador Allende era o melhor para o Chile? E ele dizia que era", diverte-se Veneziani. "Nunca tiveram coragem de prendê-lo", concluiu.
 
O corpo de Oscar Niemeyer chegou ao Rio às 22h04 desta quinta-feira (6), após o velório em Brasília. O avião com o arquiteto, que morreu nesta quarta-feira (5) por decorrência de uma infecção respiratória, também transportava seus parentes. Logo após o pouso, os familiares começaram a desembarcar. A viúva, Vera Lúcia, foi uma das primeiras a descer da aeronave.
 
Escoltado pela Guarda Municipal, o corpo de Niemeyer foi levado até o Palácio da Cidade, em Botafogo. O sobrinho Paulo e o neto Carlos Oscar Niemeyer foram um dos primeiros a chegar ao Palácio da Cidade. Já na saída, o neto disse que ficou muito emocionado com a recepção em Brasília, mas afirmou que, como um "apaixonado pela cidade", o avô não poderia ser enterrado em outro lugar senão o Rio de Janeiro.
 
"Ele construiu muitos prédios em Brasília, gosta da cidade, mas ele é daqui, é apaixonado pelo Rio. É natural que ele seja tão querido", contou o neto, que trabalhou com Oscar por 11 anos, como administrador de seu escritório.
 
Corpo de Niemeyer deixa o Palácio do Planalto sob aplausos
 
Depois de três horas de velório, o caixão com o corpo do arquiteto Oscar Niemeyer deixou o Palácio do Planalto. Coberto com a bandeira do Brasil, o caixão desceu a rampa carregado por cadetes do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, às 19h30. O corpo saiu em cortejo em direção à Base Aérea de Brasília, às 19h45. De lá, seguu em avião da Presidência da República para o Rio de Janeiro.
 
De acordo com a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto e da Polícia Militar, 3,8 mil pessoas passaram pelo local durante as três horas de velório. O caixão chegou às 15h45, e a entrada do público foi liberada às 16h40.
 
Ainda de acordo com o Planalto, o fim do velório foi antecipado a pedido da família de Niemeyer. Os parentes do arquiteto alegaram problemas de limitação de horário para o pouso do avião no Rio de Janeiro. A presidente Dilma Rousseff não acompanhou a saída do caixão, mas se despediu da família.
 
As pessoas que não conseguiram chegar a tempo do velório aplaudiram quando o corpo de Niemeyer deixou o palácio. Enquanto o caixão era posto no caminhão do Corpo de Bombeiros, eles cantaram o Hino Nacional. O trânsito na via que passa em frente ao Palácio do Planalto ficou interditado por cerca de 25 minutos, provocando congestionamento no local.
 

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