sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Cabo Verde: ZELINDA COHEN DEFENDE INSPEÇÃO NA POLÍCIA E NA PROCURADORIA

 

A Semana (cv)
 
A presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e a Cidadania (CNDHC) defendeu esta sexta-feira, 7 de Dezembro, durante o debate do “Relatório sobre a violência e a Criminalidade na Praia", a necessidade de se criar uma Inspecção dentro das Policias e da Procuradoria, para que se possa registar eventuais casos de violação dos direitos humanos nessas instituições.
 
“Não há actualmente inspecção no interior da Policia. Esta é uma questão importante e necessária. Temos dito isso em várias ocasiões e voltamos a afirma que noutros países há uma Comissão, ou seja, uma ‘Policia da Policia’”, defendeu Zelinda Cohen, para quem em Cabo Verde “há um serviço de inspecção que não funciona por ausência de inspector”.
 
“Também na própria Procuradoria deve haver uma inspecção. Os homens são homens independentemente da função em que estão e precisam de uma fiscalização para que os que estão fora dos parâmetros não denigram toda uma corporação”, acrescenta.
 
Denuncias de agressão policial
 
Questionada sobre os dados relativos à denuncias de agressão policial, que também estão a ser debatidas em plenária, a presidente diz que a Comissão tem recebido algumas queixas de casos de violação dos direitos humanos o que torna uma preocupação para essa entidade.
 
“Quando vamos ver não há registos nas esquadras. Aquilo que não há registo não existe em termos de acção. Como actuar num caso que aconteceu mas que não foi registado?”, questiona aquela defensora dos Direitos Humanos, frisando que as regras internacionais são claras neste aspecto.
 
Por isso, entende, “todos os casos que entram numa esquadra devem ser registados, de entrada e de saída. Isto não quer dizer que não são numericamente relevantes. O facto de existirem é muito grave”.
 
A este propósito, a presidente revela ainda que as denúncias feitas à CNDHC não têm ultrapassado os 50/60 por ano. No ano passado, informa, o maior numero dizia respeito a agressão policial. Esses e outros casos têm sido registados pela Comissão através da comunicação social.
 
E mesmo com um staff limitado, assegura Zelinda Cohen, a CNDHC tem procurado chegar ao fim dos processos. Só que, explica, “a Comissão não tem autoridade para intervenção directa. São os comissários indigitados à CNDHC que levam essas preocupações às instituições especializadas”.
 
Defender criminosos
 
Instada a pronunciar-se sobre acusações feitas pela população para quem a CNDHC anda a proteger os criminosos, Zelinda Cohen é peremptória.
 
“Há muita gente que vê o que quer ver. A nossa filosofia é de direitos iguais para todos”, diz aquela responsável, para quem há entretanto sectores mais vulneráveis – presos, portadores de deficiência, crianças, emigrantes – que requerem um olhar mais atento.
 
Atendimento "parcial" na Cadeia Central da Praia
 
Além do debate à volta do estudo sobre a violência e a criminalidade na cidade da Praia, apresentando entretanto em Julho deste ano, a CNDHC está a discutir um relatório realizado na sequência de uma visita efectuada por um grupo de seis Comissários à Cadeia Central da Praia.
 
No aspecto da saúde, a presidente da CNDHC revela que o atendimento nesse estabelecimento prisional é "muito parcial" com apenas um médico para uma população de 850 reclusos e um enfermeiro que ainda é estudante. A este respeito, aquela responsável afirma que estão sendo feitas as démarches junto da Delegacia de Saúde da Praia tentando colmatar essa carência.
 
AN
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana