Jornal i - Lusa
O antigo
primeiro-ministro socialista António Guterres afirmou esta noite que todos os
que exerceram cargos públicos têm "uma responsabilidade" no estado
atual do país, reconhecendo a sua parte na "incapacidade tradicional [de
Portugal] para competir" com a Europa.
"Todos aqueles
que exerceram funções em Portugal têm uma responsabilidade no facto de nós, até
hoje, ainda não termos sido capazes de ultrapassar esses défices tradicionais,
essa incapacidade tradicional para competir em plano de verdadeira igualdade
com os nossos parceiros, nomeadamente no quadro europeu", afirmou António
Guterres, em entrevista à RTP sexta-feira à noite.
"Ainda não
fomos capazes - e eu próprio porventura também o não fui - de re-situar o país
por forma a pudermos garantir aos nossos cidadãos melhores níveis de emprego e
de bem-estar", reconheceu o Alto Comissário das Nações Unidas para os
Refugiados.
Interrogado sobre
se se arrepende de ter autorizado a compra de submarinos por Portugal, António
Guterres disse que não se considera "o grande impulsionador" do
negócio, mas admite que aceitou a tese de que "fazia sentido que Portugal
devesse renovar os submarinos que tinha".
"As pessoas
convenceram-me de que o submarino é a arma que, apesar de tudo, dá maior
autonomia ao país, porque enquanto uma fragata ou uma corveta é facilmente
detetada e destruída num contexto de conflito, um submarino é uma ameaça onde
está e onde não está. E, por isso, se o país é pobre e deve ter marinha, faz
sentido que tenha submarinos", explicou.
António Guterres
afastou ainda a possibilidade de voltar a ter um papel ativo na política
nacional: "Não tenho qualquer intenção de regressar à política portuguesa
neste momento", garantiu.
Guterres foi
primeiro-ministro de Portugal entre 1995 e 2002, tendo sido eleito pela
primeira vez para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados em
2005. Cinco anos depois, foi reeleito para o segundo mandato que está agora a
cumprir.
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