segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

RENAMO DIZ QUE VAI BOICOTAR ELEIÇÕES POR DISCORDAR COM LEI ELEITORAL

 

MMT – HB - Lusa
 
Maputo, 17 dez (Lusa) - A Renamo disse hoje que vai boicotar as eleições gerais e autárquicas em Moçambique, por discordar com a lei eleitoral hoje aprovada no parlamento, apelando para o "bom senso" do Presidente moçambicano na análise do documento, antes da promulgação.
 
A decisão da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) foi hoje confirmada à Lusa por Arnaldo Chalaua, porta-voz da bancada do principal partido da oposição moçambicana, reagindo à decisão da Assembleia da República, que votou o instrumento perante divergências entre as três bancadas parlamentares.
 
Há dias, a Renamo condicionou a participação nas votações futuras caso os três principais partidos políticos do país não chegassem a um consenso sobre a lei que vai regular as eleições autárquicas de 2013 e gerais (presidenciais e legislativas) de 2014.
 
"Mantemos o boicote. Não vamos falar de eleições enquanto o cenário continuar assim", porque "teremos processos deficientes, com vencedores já a partida", pelo que "sentimos que não vale a pena concorrer às eleições perante este quadro", disse Arnaldo Chalaua.
 
Segundo o porta-voz da bancada parlamentar da Renamo, a decisão cabe agora ao Presidente moçambicano, que irá avaliar o documento antes da promulgação em Boletim da República.
 
"Temos esperança de que o chefe de Estado chame à consciência, porque o caminho a seguir é cheio de espinhos. A lei não é estática, pode ser movível, daí que o Presidente da República não pode estar refém da aprovação da lei pela Assembleia da República", afirmou Arnaldo Chalaua.
 
Os 51 deputados da Renamo defendem uma presença maioritária dos partidos com representação parlamentar na Comissão Nacional de Eleições (CNE) e menor peso da sociedade civil, que acusam de ser favorável à Frelimo.
 
O partido no poder, que tem a maioria de 191 assentos no parlamento, integrado por 250 deputados, defende uma presença menor dos representantes dos partidos na CNE e maior representação da sociedade civil, posição apoiada pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira bancada parlamentar, que tem oito deputados.
 
A Renamo discorda de aspetos importantes da lei, como o debate ao nível da comissão parlamentar encarregada da revisão do diploma.
 
"Nós como bancada sentimos que não podemos fazer outra coisa. A Renamo não vai ceder, usará todos os meios a sua volta para a não vigência desta lei. Da forma como está este pacote, a Renamo vai impedir que as eleições se realizem", afirmou.
 
"O Presidente da República tem um papel muito importante perante essa situação, deixando aquilo que pode ser característico de qualquer pessoa, pois quando cedemos não nos estamos a humilhar", disse ainda Arnaldo Chalaua.
 
Para a Renamo, o veto do chefe de Estado "pode trazer ganhos incontáveis para o bem do povo" e pode encontrar "um meio-termo sem arrogância".
 
O principal partido da oposição boicotou as eleições municipais intercalares realizadas no final de 2011 e início do ano em curso em quatro municípios por considerar que não havia condições de integridade do processo eleitoral.
 

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