Martinho Júnior, Luanda
Enquadrado no 43º Aniversário dos
organismos da Segurança do Estado de Angola, sob edição do Instituto de
Informações e Segurança, durante o Acto Provincial de Luanda (o Acto Central
ocorreu na cidade do Huambo), foi lançado o livro de minha autoria, “APONTAMENTOS
SOBRE ÁFRICA”.
Este livro é um compêndio, com
357 páginas, que integra algumas das minhas intervenções publicadas ao longo
dos anos (um total de 43), quer no desaparecido semanário “Actual”, quer
no Página Um Blogspot (http://pagina--um.blogspot.com/),
quer mais recentemente no Página Global Blogspot (http://paginaglobal.blogspot.com/).
A imensa vulnerabilidade de
África está patente, mas também muito do que à luta diz respeito, contra o
colonialismo, contra o “apartheid”, contra as respectivas sequelas,
procurando-se contudo e sempre abrir a janela para se apontarem capacidades potenciais
que são caminhos para os processos de luta contemporânea contra o
subdesenvolvimento e por um desenvolvimento sustentável.
O 43º Aniversário não foi por
isso apenas mais uma efeméride.
No SINSE, assim como nas vias de
reformulação da Comunidade da Segurança do Estado, começou-se a corresponder a
novos parâmetros e com esses parâmetros, começa a tornar-se possível a
introdução de novas filosofias, novas doutrinas, novos conceitos, novas
capacidades, em tudo aferidos às orientações que respondem a desafios do
presente e do futuro.
Para o futuro, na breve
intervenção que fiz durante o Acto Comemorativo, sublinhei a necessidade de se
trabalhar para uma ampla e abrangente plataforma profícua de cultura de
inteligência patriótica, aberta a todas as sensibilidades sócio-políticas
nacionais, assim como às sensibilidades dos nossos amigos e aliados, em reforço
duma Angola independente, soberana, democrática, pacífica e solidária.
Os autores da história, muitos
deles membros da Comunidade da Segurança do Estado, têm um espaço em aberto
nessa plataforma, na espectativa de não deixarem para outros a narração de suas
experiências e vivências, algo que não deve perder de vista a responsabilidade
da transmissão honesta do conhecimento sobre os acontecimentos, cenários e
enredos do passado em benefício das gerações vindouras.
O resgate do conhecimento
científico e investigativo multidisciplinar é outro dos desafios dessa
plataforma visando a gestação da cultura de inteligência patriótica.
Os angolanos, os seus amigos e os
seus aliados, não devem deixar para terceiros (e para os interesses destes), as
tão necessárias abordagens científicas e investigativas que há a fazer sobre
todo o espaço nacional, levando em especial consideração a correlação entre os
factores físicos-geográfico-ambientais-hidrográficos, com os factores humanos,
seguindo uma trilha antropológica e combatendo as assimetrias decorrentes do
longo processo colonial e das guerras.
O Instituto de Informações e
Segurança pode assumir um papel catalisador, estabelecendo nexos, acordos e/ou
protocolos com outras instituições do estado e privadas, assim como com as
universidades e institutos superiores, mobilizando-os para as imensas tarefas
no âmbito da plataforma duma cultura de inteligência patriótica.
Esse esforço é tanto mais urgente
quanto um certo elitismo que sopra subtilmente do sul, das velhas pistas de
Cecil John Rhodes pelo miolo do continente, se vai aproximando das nossas
fronteiras, procurando influenciar sobretudo no sentido dos seus interesses.
Angola por outro lado, foi
pensada e dinamizada a partir dos olhos daqueles que chegavam pelo mar, num
longo processo que está intimamente associado às causas das assimetrias
infraestruturais, estruturais e humanas que hoje se tornaram gritantes, pelo
que a necessidade duma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável se
coloca com toda a acuidade e premência.
Nos “APONTAMENTOS SOBRE
ÁFRICA” algumas dessas questões são abordadas, com a preocupação de dar
continuidade ao sentido histórico do Movimento de Libertação em África, por via
duma lógica com sentido de vida que corresponde às mais legítimas aspirações de
paz para todos os povos africanos.
Martinho Júnior - Luanda, 29 de
Novembro de 2018
Imagens:
Capa do novo livro;
Momento dos autógrafos
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