domingo, 19 de agosto de 2012

NOVAS FORMAS DE AGRESSÃO DOS EUA




Miguel Urbano Rodrigues* - Brasil de Fato, São Paulo – Opera Mundi

As Inovações “revolucionárias” na estratégia militar do imperialismo iluminam bem a ameaça para a humanidade de um sistema de poder monstruoso

Os Estados Unidos surgem como pioneiros em duas formas de agressão que o Pentágono define como evolução na arte da guerra: os drones, aviões sem piloto, e os ataques cibernéticos. Robôs sofisticados, as aeronaves sem piloto estão sendo utilizadas intensamente em bombardeamentos no Afeganistão e no Paquistão e em operações similares no Iêmen e na Somália.

Num brilhante ensaio, o professor português Frederico Carvalho analisa a rápida expansão desses armamentos de tecnologia avançada. Em 2003, o número de veículos aéreos sem piloto (Vasp) excedia já os sete milhares. Segundo o Pentágono, esses engenhos vieram “revolucionar a arte militar”.

Eles apagaram na guerra a fronteira entre o soldado e o civil. Agora, algures numa pequena cidade dos EUA, um técnico, recebidas as instruções sobre o alvo a atingir, carrega nos botões de uma mesa de comando e depois vai jantar com a família de consciência tranquila. Nem sequer conhece o resultado da operação criminosa.

Mas, o ataque pode ser também desfechado de uma base na Etiópia, em Djibuti, nas Seychelles ou na Arábia Saudita. Eventualmente, de um porta-aviões. Os drones disparam mísseis Halfi re ou Scorpion.

Afirmam os generais do Pentágono que os danos colaterais são mínimos. Mentem Dennis Blair, o ex-diretor Nacional da Espionagem, qualifica os Vasps de “arma perigosamente sedutora”, porque “é barata, não faz vítimas americanas e transmite uma imagem de dureza”.

Oficialmente, os alvos visados são grupos de terroristas ou personalidades cujos nomes constam de uma lista submetida à aprovação prévia do presidente Obama.O balanço dos ataques a aldeias das zonas tribais do Paquistão, planejados e controlados diretamente pela CIA, é pesado.

Nas aldeias bombardeadas por cada “terrorista” abatido são mortos dez camponeses. De uma só vez, os mísseis de um drone mataram 26 soldados paquistaneses. A indignação naqueles país foi tamanha que o governo de Islamabad proibiu durante meses na fronteira o trânsito de caminhões de abastecimento às tropas americanas e da Otan que ocupam o Afeganistão.

O presidente Obama não somente aprova a utilização massiva dos drones como deu o seu aval a uma alteração dos regulamentos que autoriza o recurso “a força letal” longe de zonas de guerra. Por outras palavras, o assassinato em países estrangeiros de indivíduos considerados “perigosos” para a segurança dos EUA passou a ser legal.

Além dos drones, os EUA contam hoje com um arsenal de robôs de reconhecimento.

Revistas especializadas referem a existência de pequenos robôs espiões com a aparência de insetos, que passam despercebidos. Está, aliás, em estudo a utilização de insetos reais em que seria implantado um chip eletrônico que permitiria comandar a distância o seu voo.

Cibernética a serviço da guerra

Os EUA são também pioneiros na utilização da cibernética como instrumento de espionagem e arma eficaz para a desativação ou destruição de equipamentos e sistemas informatizados.

O subsecretário de Defesa dos EUA, William Lynn, reconheceu numa declaração pública que para o Pentágono, o ciberespaço “é um novo teatro de guerra”, como o solo, o mar ou o ar.

Atos de agressão cibernética confirmam essas palavras. Em setembro de 2010 a mídia estadunidense noticiou que o parque de ultracentrifugadoras de Natanz, no Irã, fora alvo de um ataque. Em Washington sabia-se que ali se procedia ao enriquecimento de urânio natural destinado a combustível nuclear para a produção de energia.

Aproximadamente mil centrifugadoras foram então inutilizadas pela operação de pirataria cibernética que utilizou o vírus Stuxnet. Posteriormente, soube-se que esse vírus, ate então desconhecido, resultara de um projeto americano-israelense.

Operações como a citada são planejadas e executadas sob a direção do Ciber Comand, subunidade do Comando Estratégico das Forças Armadas.

É de lamentar que a mídia brasileira, com poucas exceções, preste escassa atenção à importância crescente da guerra robótica e da ciberguerra nas agressões imperiais dos EUA. Essas inovações “revolucionárias” na estratégia militar do imperialismo iluminam bem a ameaça para a humanidade de um sistema de poder monstruoso que somente encontra precedente no III Reich nazi.

*Miguel Urbano Rodrigues é jornalista e escritor português

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Assange pede aos EUA para terminarem "caça às bruxas" contra o seu site



RTP - Lusa

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, pediu hoje ao Presidente norte-americano, Barack Obama, para terminar a "caça às bruxas" contra o seu site na Internet, numa declaração que fez da varanda da embaixada de Londres, onde está refugiado.

"Eu peço ao Presidente Obama para fazer a coisa certa, os Estados Unidos têm de renunciar à caça às bruxas contra o WikiLeaks", frisou Assange, acrescentando que Washington deve deixar de ameaçar o WikiLeaks.


O fundador do WikiLeaks, por outro lado, agradeceu o apoio que tem recebido, especialmente do Equador, que já lhe concedeu asilo político.

Como previsto, Assange apareceu esta tarde à varanda da embaixada do Equador em Londres, para falar aos jornalistas e fazer a sua primeira aparição pública desde que se refugiou nas instalações consulares equatorianas na capital inglesa, a 19 de junho deste ano.

Cerca de 200 pessoas, entre elas vários agentes da polícia, assistiram à comunicação de Assange.

Extradição para Estados Unidos

As autoridades britânicas indicaram na quinta-feira que o asilo concedido a Assange não mudava "nada" sobre a determinação de Londres de o extraditar para a Suécia, que o reclama pela acusação da prática de violação e agressão sexual.

Julian Assange, australiano de 41 anos, quer evitar a extradição para a Suécia e posteriormente para os Estados Unidos, onde teme ser condenado à pena de morte por espionagem, devido à divulgação pelo seu portal na Internet de 250 mil telegramas da diplomacia norte-americana.

Washington afirma que o impasse sobre a situação de Assange deve ser resolvido entre a Grã-Bretanha, a Suécia e o Equador.

O advogado de Assange é o juiz espanhol Baltazar Garzon, que está suspenso de exercer a magistratura judicial no seu país.

Assange pede libertação de Manning

Garzón afirmou esta manhã que Assange pediu aos seus advogados para accionarem meios legais que garantam os seus direitos, os do portal Wikileaks e os de "todas as pessoas que sejam investigadas".

Autoridades do Estado da Virgina estão a investigar eventuais ligações de um soldado americano, Bradley Manning, a Assange. Manning foi acusado de passar arquivos secretos para o Wikileaks e aguarda julgamento.

Assange pediu aos Estados Unidos para libertarem Manning dizendo que, se este fez aquilo de que é acusado, devia ser considerado um herói. "É um herói, um exemplo para todos nós e um dos principais prisioneiros políticos em todo o mundo", afirmou Assange, a partir da varanda da embaixada do Equador.

BALTIMORE, GRANDES BANCOS E UMA CONSPIRAÇÃO CRIMINOSA



Baltimore lidera as ações das cidades dos EUA que estão processando grandes bancos por terem manipulado a taxa Libor - a taxa interbancária de Londres, onde os bancos comparam as notas e estabelecem qual será a taxa interbancária de crédito, que tende a influenciar algo em torno de 800 trilhões de dólares de investimentos em derivativos, hipotecas. O canal Real News produziu uma série de entrevistas sobre esse tema.

Real News – Carta Maior

A Carta Maior passa a publicar a tradução de uma série de entrevistas realizadas pelo site Real News, uma rede de televisão e documentários mantida por jornalistas independentes dos Estados Unidos e de outros países, sobre o escândalo da taxa Libor, a mais recente fraude envolvendo o sistema financeiro internacional. Na primeira entrevista da série, o editor Paul Jay conversa com o professor Bill Black, um especialista em infrações bancárias e ex-regulador financeiro. Publicamos o vídeo original da entrevista com a sua tradução abaixo:

PAUL JAY, EDITOR SÊNIOR, TRNN: Bem-vindo ao The Real News Network. Eu sou Paul Jay, de Baltimore.

E Baltimore (essa é a cidade) está liderando as ações das cidades americanas que estão processando alguns dos grandes bancos por terem manipulado a taxa Libor - que é a taxa interbancária de Londres, onde os bancos todos dias se reunem e decidem - comparam as notas, aparentemente, e estabelecem qual será a taxa interbancária de crédito, que tende a influenciar algo em torno de 800 trilhões de dólares de investimentos em derivativos, hipotecas, e eles aparentemente estavam manipulando isso para tirar vantagem. Claro, os bancos negam tudo isso.

Eles negam, embora o Banco Barclays, um dos maiores desses bancos, tenha negociado um acordo com o governo britânico de várias centenas de milhões de dólares, mas ainda dizem que não cometeram nenhuma infração.

Agora junta-se a nós um especialista em infrações bancárias, Bill Black. Ele é um ex-regulador financeiro. Ele leciona na University of Missouri-Kansas City. Ele é o autor do livro The Best Way to Rob a Bank Is to Own One. E ele é um contribuidor frequente do The Real News Network. Obrigado por estar aqui de novo, Bill.

WILLIAM K. BLACK, PROF. ASSOC. ECONOMIA E DIREITO, UMKC: Obrigado.

JAY: Certo. Então os bancos estão dizendo que eles não manipularam a taxa. Apesar do Barclays ter feito esse acordo, os bancos americanos ainda alegam que não fizeram nada desse tipo. E eles estão dizendo - uma das principais acusações contra os bancos é que eles reduziram as taxas de um jeito manipulador - e elevaram-nas, mas de certa forma a acusação de Baltimore e de algumas outras cidades é de que eles reduziram as taxas. E os bancos estão dizendo, bem, como seria do nosso interesse minimizar taxas quando nós faríamos menos dinheiro sobre os empréstimos que foram feitos? Eles estão sugerindo que seria pior, então por que fazê-lo. Então nos dê uma visão sobre isso.

BLACK: Existem duas maneiras diferentes pela qual a Libor foi manipulada, de acordo com o que foi admitido pelo Barclays e pelos documentos que têm sido revelados. Um modo pelo qual ela foi manipulada foi ajudar as trading positions que os bancos tinham. Então os bancos eram bancos maciços. Barclays é um banco de 1 trilhão de dólares. E, claro, ele estava fazendo todo tipo de negociação. Bem, essas negociações seriam ajudadas se as taxas de juros fossem reportadas serem maiores ou menores, o que moveria a taxa Libor, e seus investimentos que são baseados ou indexados à taxa Libor.

E então os e-mails demonstraram conclusivamente que isso foi exatamente o que o Barclays fez, que eles teriam emitido declarações falsas para a British Bankers Association, que é o grupo que compila a Libor, alegando que podiam tomar dinheiro emprestado de outros bancos a uma certa taxa. Mas essa declaração não seria verdadeira. Seria manipulada para maximizar o valor da trading position.

JAY: E isso fez com que os bancos parecessem mais fortes do que eles realmente eram, e permitiu a eles emprestar dinheiro em qualquer lugar nos mercados financeiros, que podem então ir e jogar em proprietary tradings e negociações de derivativos e todos os vários subprime nonsense que estavam acontecendo. Isso é parte da história?

BLACK: Na verdade é pior do que isso. Isso não é uma fraude contábil. Isso na verdade os faz lucrar. Em outras palavras, eles são capazes de um truque no negócio depois que o negócio está feito. Digamos que eu faça um negócio que valeria mais a pena se a Libor caísse, e a Libor não cai. Bem, eu apenas manipulo a Libor e faço com que ela caia, e então meu negócio ganha. Daí eu posso tomar uma aposta perdedora e transformá-la em uma aposta vencedora. E isso vem, é claro, às custas de quem está do outro lado da negociação.

JAY: E geralmente é - e algumas vezes é uma cidade como Baltimore.

BLACK: Poderia ser uma cidade como Baltimore. Poderia ser qualquer um. Poderiam muito bem ser outros bancos. Assim que um é - você sabe, ninguém sequer tenta defender isso, além de algumas pessoas que afirmam, bem, deve ter sido um tipo de lavagem - eles estão enganando algumas pessoas e ajudando outras. Você sabe, isso é insano. Como você disse, nós estamos falando sobre manipulação de coisas que mudam a transação de centenas de trilhões de dólares de investimentos.

JAY: Agora, explique o processo. Havia uma ligação matinal diária, e os representantes dos maiores bancos estavam nela, e eles “wink-wink nudge-nudge” (referência a uma comunicação um tanto “conspiratória” sem o uso da fala para sua realização). O que é essa “wink-wink nudge-nudge”? O que exatamente eles faziam?

BLACK: Bem, não era suposto que eles fizessem “wink-wink nudge-nudge”. Supunha-se que eles reportassem, de fato, os custos aos quais eles emprestavam de outros bancos de seu porte, numa base de curto prazo em uma determinada moeda, e então a British Bankers Association toma aquelas e joga fora, você sabe, as maiores taxas e joga fora as taxas inferiores e faz um tipo de média com as taxas que sobrou, e é publicada a Libor. Então, você sabe, Libor poderia ser 2% como denominado em dólares americanos por dinheiro overnight, e que poderia ser 2,5% demominada em fracos suíços por dinheiro seven-day, esse tipo de coisa.

Mas a chave é que a Libor costumava indexar taxas de juros onde quer que as taxas de juros variassem com mudanças na economia. Isso deveria proteger você contra risco de inflação e taxa de juros que vêm com a inflação - ou deflação, aliás. E a Libor é de longe o maior índice no mundo, então é usado, como eu disse, na transação de centenas de trilhões de dólares. Além disso, muitas dessas transações podem ser de muito longo-prazo, incluindo hipotecas americanas e canadenses e tal. Então, se você se prende, no contexto dos Estados Unidos, a uma hipoteca de 30 anos à Libor mais 4% (que é como seria feito), então você foi preso por 30 anos com uma taxa mais elevada por causa da manipulação desse dia da Libor.

JAY: Certo. Agora, Billl, vamos para outro lado. Baltimore, em alguns casos as cidades americanas, se eu entendi corretamente, sofreram mais com a redução artificial das taxas de juros. Eu entendi sobre quando os juros subiram. Como Baltimore perdeu dinheiro quando as taxas caíram?

BLACK: Okay. Esse é o segundo tipo de fraude que o Barclays admitiu, e essa fraude estava no contexto de pleno florescer da crise financeira. E durante o pleno florescer da crise, a Libor era vista como equivalente a um termômetro que mostrava quão grave estava a febre naqueles bancos por consumir aquelas hipotecas tóxicas. E a ideia era, se lhe custar muito dinheiro, você sabe, mais dinheiro para emprestar de seus rivais próximos, que presumivelmente lhe conheciam melhor, bem, eles só iriam querer uma taxa maior de juros se eles soubessem que você estava doente. E então a Libor era supostamente essa medida que mostrava quão doentes os bancos estavam.

Daí a ideia era manipular artificialmente a Libor para baixo, então era como se você estivesse dizendo “Eu não tive quase nenhuma febre, eu estou realmente muito bem”. Agora, a controvérsia em especial é: será que as autoridades bancárias britânicas e o governo britânico encorajaram os bancos a manipular para baixo a Libor durante o auge da crise financeira?

JAY: Certo, certo. Então vamos pegar de novo Baltimore. Então por que Baltimore perdeu dinheiro quando eles manipularam a taxa para baixo?

BLACK: Baltimore, e qualquer um que comprou um título que pagava juros que variavam, dependendo da - era indexado à Libor - dizem que eles entraram em uma negociação onde eles ganhavam a Libor mais 4%. Bem, se você artificialmente deflaciona a taxa Libor, então eles ganham menos dinheiro em Baltimore.

JAY: É isso: Baltimore então pega algum do seu dinheiro, coloca em títulos de algum tipo, e ganha dinheiro quanto mais altas forem as taxas. Então se as taxas caem, o retorno sobre os títulos para eles é menor, e milhões de dólares saem de Baltimore. E essa é a cidade que, provavelmente ninguém precisa ser lembrado, está fechando centros de lazer, de modo que alguns milhões de dólares fazem uma grande diferença. É isso?

BLACK: Está certo, embora não precisem ser exatamente títulos, e provavelmente há uma grande utilização de vários tipos derivativos financeiros. E assim as cidades e localidades e indústrias geralmente tentam se proteger contra o risco da taxa de juros e da inflação. Em uma situação em que estão recebendo uma taxa fixa de juros, eles vão entrar no que é chamado taxa de juros swap, e no swap eles recebem uma taxa variável ao invés disso. A contraparte paga-os essa taxa de juros variável, que, novamente, é tipicamente baseada na Libor. Então se você a manipula para baixo, eles conseguem menos dinheiro no swap. E existiam trilhões de dólares nesses swaps. E assim, todos que compraram a porção com taxa de juros variável desse swap ficaram com menos dinheiro porque a manipulação da Libor durante a fase aguda da crise, quando tudo estava ficando louco, que era muito tempo, alguns anos, centenas de vezes trilhões de dólares. Você pode ver que você pode ter danos maciços.

JAY: Certo. Okay. Agora, aparentemente essa prática começou talvez em 2005, por aí. Em 2007, o The New York Times anunciou na sexta-feira que um empregado do Barclays informou ao Fed de Nova York, então chefiado por Tim Geithner, que isso estava acontecendo, e aparentemente houve mais informação vinda do Barclays para o Fed de Nova York em 2008. Então, eu acho, há uma questão de duas partes aqui. Um, essa é essencialmente uma conspiração criminosa entre esses bancos? E dois, é possível que Geithner venha a ser implicado em tudo isso? Comece com a “um”.

BLACK: Sob a legislação americana, é uma conspiração criminosa se o que o Barclays disse for verdade, porque isso era uma operação de cartel em que eles pressupunham simplesmente ser um reportar de preços, mas na verdade eles estavam criando e fixando preços para o benefício dos membros do cartel.

Então nós temos que ser um pouco mais cuidadosos quanto aos pronomes quando você diz que começou em 2005. Nós achamos que começou, em 2005 aconteceu o primeiro tipo de manipulação que eu descrevi que é onde os bancos manipularam, tanto para cima quanto para baixo, para fazer suas trading positions mais valorosas. Então isso começou, de acordo com as notícias que saíram, no mínimo em 2005. E, é claro, isso sem muita descoberta ou investigação dos outros grandes bancos, então essa data pode ser jogada um tanto para trás.

Em 2007, o Fed de Nova York - em que Geithner era o presidente - foi informado pelos traders do Barclays que a taxa estava sendo manipulada para baixo. Isso quando a crise começou. E eles, o Fed de Nova York, estavam então informados em ocasiões adicionais pelo Barclays que a taxa estava sendo manipulada para baixo. E o Fed de Nova York certamente não tomou nenhuma providência efetiva. O Fed de Nova York na verdade não disse o que fez, além de algumas, você sabe, coisas vagas que nós olhamos isso ou alguma coisa assim. Mas eles não pareciam ter feito referências criminais. Essa vem sendo a questão central: eles fizeram encaminhamentos criminais sobre tudo isso no Departamento de Justiça?

JAY: E então se isso se seguir de um jeito que você acha que deveria prosseguir, quais são os próximos passos pelo Departamento de Justiça ou pelos reguladores que - digo, não é como se eles não soubessem. Nós sabemos que o principal regulador disso tudo era o Fed de Nova York, e eles sabiam. Portanto, não é como se os reguladores não soubessem disso.

BLACK: E pior, o ponto na história do Barclays é que o Banco da Inglaterra os encorajou e certamente pressionou eles - eles sendo o Barclays - a prover taxas artificialmente reduzidas para fazer o sistema bancário britânico parecer mais seguro. Se isso for verdade, então é muito difícil que as autoridades britânicas processem.

JAY: E isso deve ser verdade para o Fed de Nova York também, pelas mesmas razões.

BLACK: Certo. Então se o Fed de Nova York estragou nossa capacidade de processar por não tomar nenhuma atitude contra o Barclays, bem, você sabe, isso não é uma crime pelo Geithner, mas é certamente onde ele deveria renunciar imediatamente pelo estrago adicional a todos os outros - quero dizer, ele era um fracasso desprezível como regulador.

O que nós não explicamos a esse ponto é, enquanto essa é a London Interbank Offered Rate, Libor, existem bancos americanos participando da criação da Libor, e esses bancos americanos, é claro, eram regulados diretamente pelo Fed de Nova York, assim como o Fed de Nova York na verdade tinha autoridade regulatória sobre as operações de um número de bancos britânicos nos Estados Unidos, e então deveria ter sido feita uma investigação com a capacidade que tinham para isso.

JAY: Certo. Nós voltamos com você em alguns dias, Bill, conforme essa história continuar a perturbar e a seguir desse jeito. Muito obrigado por estar conosco.

BLACK: Obrigado.

JAY: E obrigado a você por estar conosco no The Real News Network. E não esqueça de “Doar” no botão abaixo, porque se não você não clicar, nós não poderemos fazer isso.

Tradução: Hector Luz e Mailliw Serafim

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BRASIL SE SOLIDARIZA COM O GOVERNO DO EQUADOR, diz Patriota



Opera Mundi, São Paulo

Para chanceler brasileiro, não há como o Reino Unido ignorar os princípios de inviolabilidade de representações diplomáticas

Diante da tensão instalada após a diplomacia britânica se revelar disposta a invadir a embaixada do Equador em Londres para capturar o jornalista Julian Assange, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, disse nesta sexta-feira (17/08) que se solidariza com o governo de Rafael Correa e que não há como ignorar a “inviolabilidade das instalações das representações diplomáticas no exterior”.

Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro alegou que há inclusive uma declaração do Conselho de Segurança das Nações Unidas que ratifica o apoio de todos os seus membros (inclusive o do Reino Unido) ao princípio de inviolabilidade de representações diplomáticas presente na Convenção de Viena. Para tanto, recordou o episódio de 2011, quando o Conselho de Segurança condenou os ataques de cidadãos iranianos aos escritórios britânicos de Teerã.

De acordo com o artigo 22 da Convenção de Viena, “os locais da missão [diplomática] são invioláveis” e os agentes do estado acreditado, isto é, do estado que acolhe uma representação, “não podem neles penetrar sem o consentimento do Chefe da missão”. Mais além, é também função do Reino Unido nesse caso “adotar todas as medidas apropriadas para proteger os locais da Missão contra qualquer intrusão” e “evitar perturbações” a sua “tranquilidade” ou “dignidade”. No que diz respeito à essas determinações, Patriota disse que o Brasil se “solidariza” com o Equador.

Assange aguardava a concessão de um asilo político do Equador desde o dia 19 de junho, quando deixou sua prisão domiciliar e ingressou na embaixada do país em Londres. A resposta positiva veio nesta quinta-feira (16/08) e agora diplomatas do governo de Rafael Correa buscam meios de tirar o jornalista do Reino Unido.

O fundador do Wikileaks se refugiou na embaixada do Equador após não ter mais como recorrer das decisões da Justiça do Reino Unido em favor de sua extradição para a Suécia, onde é acusado de crimes sexuais. Seu argumento é de que todo este processo representa uma grande perseguição política originada a partir da revelação de vários documentos sigilosos de estado, em especial de dados secretos da diplomacia dos Estados Unidos.

Ainda neste fim de semana, a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) promoverá um encontro de diplomatas em Guayaquil, no Equador, para tratar do impasse. Não é certo ainda se Patriota participará pessoalmente das reuniões e é provável que o Itamaraty envie o embaixador responsável por assuntos latino-americanos, Antônio Simões.

Também na próxima quinta-feira (23/08), está agendada uma reunião de chanceleres da OEA (Organização dos Estados Americanos) em Washington.

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Assange faz hoje "declaração pública" a partir da embaixada do Equador



SIC - Lusa

O fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, vai falar hoje em público a partir da embaixada do Equador em Londres, arriscando prisão caso dê um passo que o coloque fora do edifício.

A declaração pública de Julian Assange, marcada para hoje às 14:00 (13:00 GMT), foi anunciada, esta quinta-feira, através da rede social Twitter, mas persistem dúvidas sobre os moldes em que vai decorrer, uma vez que o australiano arrisca ser detido se sair do apartamento protegido pela embaixada equatoriana, situada num imóvel no bairro luxuoso de Knighstbridge, em Londres.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico confirmou no mesmo dia à agência AFP que as partes comuns do imóvel não são território diplomático, colocando-se apenas a possibilidade "segura" de falar a partir da varanda ou mesmo de uma janela.

O WikiLeaks tem sido lacónico sobre a logística que estará a ser preparada para a aparição de Assange, tendo o porta-voz Kristinn Hrafnsson indicado à agência AFP que o pouco que sabia não podia divulgar por "razões de segurança".

Entretanto, e também através do Twitter, foi anunciado, esta noite, que horas antes da declaração pública de Assange, o seu advogado, o ex-juiz espanhol Baltasar Garzon, vai falar no exterior da embaixada a partir das 11:30 (10:30 GMT).

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