JSD – PA – Lusa,
foto em Sapo Desporto
Cidade da Praia, 27
jan (Lusa) - Milhares de cabo-verdianos saíram hoje às ruas da Cidade da Praia
para festejar a passagem de Cabo Verde aos quartos-de-final da Taça das Nações
Africanas (CAN), celebrando-a como se tivesse sido já campeão.
As principais
avenidas da capital cabo-verdiana estão "pintadas" de azul, com
centenas de viaturas a buzinar e milhares com bandeiras, apitos, cânticos e
danças, onde só surgem sorrisos enormes, tal a euforia provocada pela vitória
sobre Angola (2-1) e consequente apuramento para a fase seguinte da prova que
decorre na África do Sul.
Os cerca de dois
quilómetros de extensão da Avenida Cidade de Lisboa, onde se situa a Federação
Cabo-Verdiana de Futebol (FCF), estão totalmente preenchidos com carros e
adeptos, de todas as idades, dando cor e animação à capital que, antes e
durante o encontro, estava praticamente vazia.
O Parque 5 de
Julho, palco tradicional do visionamento dos jogos através de dois ecrãs
gigantes - hoje funcionou só um devido a uma avaria -, estava apinhado, com
milhares de cabo-verdianos a torcerem em cada jogada de ataque dos "Tubarões
Azuis", mantendo a esperança mesmo depois da infelicidade do central
Nando, que introduziu a bola na sua própria baliza, aos 33 minutos da primeira
parte.
O mesmo se passou
na Praça Grande do Palmarejo, onde centenas de cabo-verdianos assistiram ao
jogo num ecrã de médias dimensões e não esmoreceram quando o intervalo chegou
com um resultado negativo.
A primeira grande
manifestação de alegria no Parque 5 de Julho, deu-se aos 81 minutos de jogo,
quando Fernando Varela empatou o jogo, já após uma outra, mais pequena, ter
ocorrido quando, no outro jogo do Grupo A, a África do Sul empatou diante de
Marrocos.
Com dez minutos a
festejar, os cabo-verdianos tiveram uma explosão ainda maior, quando, em cima
do minuto 90, Heldon marcou o segundo golo dos "Tubarões Azuis",
dando a primeira vitória em três jogos a Cabo Verde, estreou numa fase final da
CAN.
Pouco depois, o
jogo terminou e a festa extravasou imediatamente para as principais avenidas da
capital, onde se tornou entretanto impossível circular.
"O céu é o
limite", foi o mesmo que disseram à agência Lusa Alcino Cardoso, bem como
um adepto que, por ironia, se chama José Eduardo dos Santos, tal como o
presidente de Angola.
"Já não temos
nada a perder, já ganhámos tudo o que tínhamos a ganhar", sintetizou
António Silva ("Tober"), vereador da Câmara da Praia, aludindo à
inédita participação de Cabo Verde numa fase final da CAN, um "pequeno
arquipélago", de cerca de 500 mil habitantes, que está a
"surpreender" o mundo do futebol.
No Grupo A, além de
Cabo Verde, que empatou a zero com a África do Sul e a um golo com Marrocos,
também a anfitriã se apurou para os quartos-de-final da prova.
Segundo a Rádio
Nacional de Cabo Verde (RCV), a festa estende-se a todas as nove ilhas
habitadas do arquipélago, devendo prolongar-se pela noite dentro.
"Há muitos
anos que o país não se unia em torno de algo", lembrou um ouvinte da RCV,
congratulando-se com a qualificação e realçando que só se recorda de idêntica situação
quando Cabo Verde acedeu à independência, em 1975.
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