Jornal i – Lusa – com foto
O representante das
Nações Unidas para a Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, admitiu hoje que será
difícil mobilizar a comunidade internacional para apoiar o processo eleitoral
no país e mostrou-se favorável a um adiamento das eleições.
"Não é fácil
(...) devido à crise financeira e económica que prevalece no mundo, em
particular nos países ricos amigos e apoiantes tradicionais da Guiné-Bissau.
[Será] Difícil devido aos constantes recuos no processo na Guiné-Bissau, alguma
desilusão, desencanto", disse o timorense José Ramos-Horta.
O representante das
Nações Unidas para a Guiné-Bissau, que falava aos jornalistas em Lisboa, após
uma reunião com o secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), Isaac Murade Murargy, adiantou contudo ser possível inverter
este cenário.
"Se
conseguirmos dar passos positivos nas próximas semanas e meses estou convencido
que países doadores como Portugal, União Europeia e União Africana vão retomar
o apoio à Guiné-Bissau (...) É possível mobilizar recursos desde que haja um
quadro político satisfatório", prosseguiu.
A Guiné-Bissau está
a ser gerida por um Governo de transição desde o golpe militar que a 12 de
abril afastou do poder o Presidente e primeiro-ministro eleitos.
O acordo de transição, assinado em maio, previa a realização de eleições
no prazo máximo de um ano, mas nos últimos tempos avolumam-se as vozes dos que
não acreditam em tal possibilidade.
"Tudo indica
que não há meios para que as eleições se realizem no prazo previamente anunciado.
Para que as eleições decorram com total transparência e normalidade há muitos
passos a serem realizados no terreno além dos aspetos técnicos e
administrativos", disse Ramos-Horta.
Ressalvando que são
os guineenses que têm que decidir o calendário eleitoral, o ex-Presidente
timorense considerou que "as eleições não são um fim em si".
"Além do ato
tem que haver todo um processo de diálogo para que o resultado das eleições
venha a ser aceite por todos (...) e isso vai levar mais algum tempo",
disse.
Adiantou que
partilha do ponto de vista dos que defendem o adiamento das eleições "para
permitir criar condições ótimas" para a sua realização.
Ramos-Horta, que deverá instalar-se em Bissau a partir da segunda semana
de fevereiro, adiantou aos jornalistas que a sua primeira tarefa passa por
"ouvir exaustivamente todas as partes".
Na agenda tem
também previstas deslocações a vários países da região, nomeadamente Senegal,
Guiné-Conacri, Gâmbia, Cabo Verde e Moçambique, que ocupa atualmente a
presidência rotativa da CPLP.
Nos próximos dias,
Ramos-Horta estará em Adis Abeba, Etiópia, com o secretário-geral das Nações
Unidas, Ban Ki-moon, para analisar com a União Africana a situação da
Guiné-Bissau.
O ex-Presidente
timorense disse ainda que teve já acesso aos resultados preliminares da missão
internacional que em dezembro se deslocou à Guiné-Bissau, adiantando que
baseará muito do seu trabalho nas conclusões desse relatório.
"A comunidade
internacional é muito perentória, clara [na defesa] do Estado de direito e da
ordem constitucional, mas também tem o sentido da realidade e de que é preciso
dar passos com prudência para ajudar os guineenses a sair desta crise", disse.
Ramos-Horta
acredita que os resultados da visita da missão internacional estão "a
encorajar o diálogo e a levar a um processo de transição mais inclusivo",
considerando que "há sinais positivos" no terreno.
O Partido Africano
da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) assinou na semana passada o
Pacto de Transição, instrumento que regula o período de transição no país e que
o maior partido do país se recusava a assinar.
*Também publicado
em TIMOR LOROSAE NAÇÃO, junto com mais noticiário sobre Timor-Leste em português,
tétum e inglês
Alguns títulos
recentes em TLN:
1 comentário:
Caro Dr. José Ramos Horta,
Infelizmente a sua amada pátria Timor está a seguir o caminho da Guiné Bissau.
Os Timorenses estão sempre a cuspir na sopa que lhes dão de boa vontade.
Vai ser só questão de tempo, o dinheiro do Fundo do Petrólio vai ser desbaratado e Timor vai ser um impório das drogas.
Beijinhos da Querida Lucrécia
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