Chuvas no norte de
Moçambique provocam a morte de duas crianças
29 de Janeiro de
2013, 14:56
Nampula, Moçambique
29 jan (Lusa) -- As chuvas que começaram a cair no norte de Moçambique causaram
segunda-feira à noite o desabamento de uma casa perto de Nampula, causando a
morte de duas crianças.
Os dois irmãos, com
11 e 13 anos, residiam na unidade comunal Marim Nguabe, nos arredores da cidade
de Nampula, e foram atingidos pela queda de uma das paredes da casa onde se
encontravam a dormir, devido à força da chuva que caiu.
Os dois menores
foram hoje sepultados no cemitério local.
Relatos, ainda não
confirmados, referem o desaparecimento de uma mulher que pretendia atravessar
um riacho, em Namicopo, nos arredores da cidade.
As fortes chuvadas
que caem em Nampula poderão interromper a circulação de comboios de transporte
de mercadorias para a cidade portuária de Nacala e dezenas de casas de
construção precária foram total ou parcialmente destruídas.
O aumento do número
de famílias necessitadas, na sequência das enxurradas em Nampula, ocorre poucos
dias depois do secretário permanente da província, Manuel Guimarães, ter
afirmado, em conferência de imprensa, que não havia quaisquer sinais de alarme
naquela província do norte de Moçambique.
Desde o início da
época das chuvas, em outubro, 68 pessoas perderam a vida em Moçambique,
principalmente no sul do país, e mais de 150 mil foram desalojadas.
LYR // PJA.
Refugiados das
cheias em Maputo não sabem como vai acabar o drama
29 de Janeiro de
2013, 15:47
Manuel Matola
(texto) e António Silva (fotos), da Agência Lusa
Maputo, 29 jan
(Lusa) - Aos 17 anos, Filda deu à luz um rapaz, por cesariana, mas, um dia após
abandonar o hospital, as fortes chuvas que assolam Moçambique destruíram todo
enxoval do bebé e a casa dos pais onde morava.
Hoje, ela, o filho
e marido estão albergados num centro de acomodação no bairro Hulene, arredores
de Maputo, onde partilham o mesmo espaço com outras 142 pessoas vítimas das
cheias.
"O bebé bebeu
muita água no dia de chuva. Toda a roupa foi com a água", conta à Lusa,
sentada numa esteira ao lado da sua mãe, que também lamenta a destruição por
completo da residência de quatro quartos.
"O bebé não
tem roupa para usar. Não tem nada. Estamos aqui a sofrer. Estamos todos os dias
a comer feijão com arroz, quando eu sofri cesariana. Eu não posso comer essa
coisa de feijão, xima (feito à base de farinha de milho) a toda hora por causa
de cesariana. Mas, assim que estou a sofrer, estou a comer, quando não é
direito de eu comer agora, porque o bebé nem um mês tem", refere.
No enorme salão da
Escola Secundária Força do Povo, em Hulene, foram albergadas dezenas de
famílias após as suas casas terem sido atingidas pelas chuvas, que já fizeram
68 mortos e afetaram 150 mil pessoas, desde outubro, segundo dados
governamentais.
As histórias de
cada uma das vítimas abrigadas naquele estabelecimento escolar têm um ponto
comum: ninguém sabe como tudo vai terminar.
Em conversa com a
Lusa, Isaura, mãe da Filda, descreve o drama que a sua família vive desde 15 de
janeiro, quando as fortes chuvas arrastaram a sua casa abrindo uma enorme
cratera em Laulane, um dos bairros pobres de Maputo.
"Agora eu não
tenho casa. Foi com chuva. Estou aqui na escola a sofrer com uma criança, não
estou a dormir bem, não tenho esteira, não tenho nada. Todos os dias estou a
comer feijão com sardinha. A minha filha tem um bebé pequeno, que nasceu por
cesariana e ia morrer com aquela chuva", afirma Isaura, ao lado dos seus
netos, que e não sabem quando vão voltar à escola.
Também Maria
Eugénia perdeu a sua residência com as cheias, mas não vive no centro de
acolhimento, porque alguém lhe concedeu um pequeno quarto contíguo a uma casa.
Todas as manhãs, Eugénia desloca-se à Escola Secundária Força do Povo para
ouvir o que as autoridades governamentais vão dizer sobre o seu futuro. O seu
marido também vai ao mesmo centro de acolhimento esperar pela mesma resposta,
mas apenas durante a noite.
"Não consegui
recuperar nada. Só aproveitei a roupa", refere.
Em declarações à
Lusa, Manuel Marcos, responsável pelo centro, assegura que esta semana a
situação melhorou, mas as preocupações das dezenas de famílias ai alojadas
mantêm-se.
"Nós aqui
estamos preocupados em ter sítio para viver. Já que vê, estamos aqui no mesmo
sítio e é uma vida que não acostumamos. Para temos paciência, porque não somos
nós só. Estamos a ver outros irmãos lá em Gaza, também estão a passar mal. Mas
a necessidade maior é ter lugar para viver. Quanto à alimentação, não temos
dificuldades", afirma.
MMT // PJA
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