segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Portugal: QUANDO OS RIOS CONFLUEM




Tiago Mota Saraiva - Jornal i, opinião

No passado fim-de-semana terá acontecido um importante encontro que reuniu dezenas de activistas a convite de muitos dos que organizaram a manifestação de 15 de Setembro do ano passado. Gente de diversos sectores profissionais, de diferentes idades, gerações e geografias, com e sem partido, sindicalistas e activistas de diferentes causas, juntaram-se para discutir e organizar formas de resistência e combate à política da troika.

É sabido que em Portugal a capacidade de vencer divergências em prol de uma frente unitária  tem sido um atributo praticamente exclusivo da direita – sobretudo sempre que está em cima da mesa a distribuição de lugares e partilha de poder. O carácter deste encontro e a vontade mostrada pelos seus participantes de gerar convergências em torno de objectivos comuns, provavelmente só encontrará paralelo na nossa história recente na acção política do Movimento de Unidade Democrática contra Salazar.

Deste encontro a única decisão tornada pública é a convocatória de manifestações para o dia 2 de Março, subscrita por cerca de cem cidadãos. Nas redes sociais, em poucas horas e ainda sem que tivesse sido publicada qualquer notícia sobre o assunto, a convocatória foi partilhada por milhares de pessoas e, só no primeiro dia, foram marcadas manifestações para mais de dez cidades de Portugal e duas fora do país (Boston e Londres).

O texto da convocatória é mais claro que o de 12 de Março e 15 de Setembro. Não será fácil à troika e ao governo passarem entre os pingos da chuva destas águas de Março.

Quando os rios confluem, o povo é quem mais ordena. Declaração de interesses: sou um dos subscritores da convocatória.

Escreve ao sábado  

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