Tiago Mota Saraiva - Jornal i, opinião
No passado
fim-de-semana terá acontecido um importante encontro que reuniu dezenas de
activistas a convite de muitos dos que organizaram a manifestação de 15 de
Setembro do ano passado. Gente de diversos sectores profissionais, de
diferentes idades, gerações e geografias, com e sem partido, sindicalistas e
activistas de diferentes causas, juntaram-se para discutir e organizar formas
de resistência e combate à política da troika.
É sabido que em
Portugal a capacidade de vencer divergências em prol de uma frente
unitária tem sido um atributo praticamente exclusivo da direita –
sobretudo sempre que está em cima da mesa a distribuição de lugares e partilha
de poder. O carácter deste encontro e a vontade mostrada pelos seus
participantes de gerar convergências em torno de objectivos comuns,
provavelmente só encontrará paralelo na nossa história recente na acção
política do Movimento de Unidade Democrática contra Salazar.
Deste encontro a
única decisão tornada pública é a convocatória de manifestações para o dia 2 de
Março, subscrita por cerca de cem cidadãos. Nas redes sociais, em poucas horas
e ainda sem que tivesse sido publicada qualquer notícia sobre o assunto, a
convocatória foi partilhada por milhares de pessoas e, só no primeiro dia,
foram marcadas manifestações para mais de dez cidades de Portugal e duas fora
do país (Boston e Londres).
O texto da
convocatória é mais claro que o de 12 de Março e 15 de Setembro. Não será fácil
à troika e ao governo passarem entre os pingos da chuva destas águas de Março.
Quando os rios
confluem, o povo é quem mais ordena. Declaração de interesses: sou um dos
subscritores da convocatória.
Escreve ao sábado
Sem comentários:
Enviar um comentário