... Defesa tem interpretação contrária
MSE – VM - Lusa
Díli, 30 jan (Lusa)
- O Tribunal de Recurso de Timor-Leste recusou hoje o pedido de habeas corpus à
antiga ministra da Justiça timorense Lúcia Lobato, mas a defesa mantém uma
interpretação contrária do acórdão, a que a Lusa teve acesso.
O advogado de Lúcia
Lobato, detida na semana passada para cumprir a pena de cinco anos de prisão a
que foi condenada por participação económica em negócio, disse hoje à agência
Lusa que o Tribunal de Recurso havia concedido o habeas corpus à ex-ministra.
No entanto, o
acórdão do Tribunal de Recurso, a que Lusa teve acesso, refere: "Decide
este coletivo indeferir o pedido de habeas corpus formulado pela requerente
Lúcia Lobato".
O documento está
assinado pelo presidente do Tribunal de Recurso, Cláudio Ximenes, e pelos
juízes José Luís da Goia e Maria Natércia Gusmão Pereira.
Segundo fonte
judicial, houve uma interpretação incorreta do "voto vencido" do
presidente do Tribunal de Recurso, que juntou ao documento uma declaração anexa
a justificar a decisão.
"O pedido foi
indeferido, mas o presidente do Tribunal de Recurso votou contra a
decisão", explicou a fonte.
Na declaração de
voto vencido, o juiz Cláudio Ximenes escreveu que se deveria considerar ilegal
a prisão de Lúcia Lobato "por ter sido baseada em decisão condenatória não
transitada" e "ordenar a sua imediata libertação".
"Eu entendo
que este coletivo do tribunal de recurso deveria declarar nulo o acórdão do
coletivo do tribunal de recurso, constituído pelos juízes Guilhermino da Silva,
Cid Orlando Geraldo e Deolindo dos Santos, que julgou improcedente o recurso de
fiscalização concreta da constitucionalidade interposto pela arguida (...) e
confirmou o acórdão condenatório do tribunal distrital de Díli por esse
coletivo ser incompetente", refere o juiz na sua justificação, que não
convenceu os restantes magistrados.
A Lusa contactou o
advogado de defesa Sérgio Hornai, que insistiu na sua interpretação de que a
decisão do Tribunal de Recurso foi conceder o habeas corpus a Lúcia Lobato,
afirmando que se baseia na informação que consta na declaração de voto vencido
do presidente do Tribunal de Recurso.
Segundo o advogado
de Lúcia Lobato, o pedido de habeas corpus, entregue há uma semana, foi
apresentado por terem sido cometidas alegadas inconstitucionalidades e erros
processuais.
O acórdão do
Tribunal Recurso refere que "nenhum vício se pode apontar ao acórdão deste
tribunal proferido nos presentes autos, o qual transitou em julgado e tornou
definitiva e exequível a decisão de condenação da requerente, pelo que não há
qualquer prisão ilegal da mesma".
A antiga ministra
da Justiça timorense, do V Governo, chefiado por Xanana Gusmão, foi condenada a
08 de junho a cinco anos de prisão pelo Tribunal Distrital de Díli pela prática
de um crime de participação económica em negócio.
O crime é relativo
à aquisição de fardas para equipar guardas prisionais da Direção Nacional dos
Serviços Prisionais e de Reinserção Social.
* Publicado no TLN,
mais noticiário sobre Timor-Leste, ler relacionados em TIMOR
LOROSAE NAÇÃO
1 comentário:
Agora que a ex-ministra já está presa, outros ministros e ex-ministros serão os próximos. Para além destes, os diretores de departamentos e tantos quantos corruptos que andam por aí devem ser investigados, postos nos tribunais e julgados. Caso encontrar culpados deverão seguir os passos da ex-ministra Lúcia Lobato. A lei está a cima de todos…
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