EL – ARA - Lusa
Luanda, 06 fev
(Lusa) - Portugal é hoje apontado no editorial do diário estatal Jornal de
Angola como mais do que um "país amigo", numa altura em que o
ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas, efetua uma visita
oficial ao país.
"Os amigos
conhecem-se nos momentos difíceis. Os angolanos sabem estender a mão da amizade
a todos os que precisam, sem olhar a conveniências ou retornos. Portugal é um
país amigo e mais do que isso: o executivo definiu-o como um parceiro
estratégico", é como começa o primeiro parágrafo do texto, intitulado
"Crescemos juntos".
O editorial,
publicado no segundo dia da visita oficial do chefe da diplomacia de Portugal,
Paulo Portas, a Angola, reconhece ao governante português diferenças
relativamente a outros políticos, que o Jornal de Angola acusa de descerem ao
"patamar do insulto contra os governantes angolanos".
"Ao ouvir as
suas declarações ontem [terça-feira] no Palácio da Cidade Alta, não pudemos
deixar de pensar no abismo que separa a sua intervenção de outras protagonizadas
por políticos com grandes responsabilidades e que descem ao patamar do insulto
contra os governantes angolanos, envenenando as relações com ódios e
ressentimentos de todo injustificados", lê-se no editorial.
Paulo Portas, que
foi recebido terça-feira pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a
quem classificou como "um dos grandes líderes africanos", anunciou
que Portugal e Angola realizam este ano a sua primeira cimeira bilateral.
"Estamos a
desenvolver uma cooperação sólida. Os povos de Angola e Portugal estão ligados
por laços históricos e culturais", salienta o Jornal de Angola, que
recorda os efeitos do 25 de abril de 1974, que, assinala, "ajudou à
libertação definitiva dos angolanos".
O Jornal de Angola
destaca ainda da declaração de terça-feira de Paulo Portas as referências à
importância do crescimento das exportações portuguesas para Angola.
"Temos a
certeza de que somos acompanhados pelos angolanos neste voto: que daqui a um
tempo, com a cimeira bilateral agora anunciada, Paulo Portas regresse a Angola
e anuncie que Portugal saiu da crise e continua a caminhar de mãos dadas com
Angola para o crescimento económico e o progresso", acentua o editorial.
O Jornal de Angola
sublinha também os "esforços gigantescos" nos dois países para a
criação de riqueza e postos de trabalho, frisando que, se for possível criar
sinergias, Portugal e Angola vão "seguramente crescer juntos".
Portugal "tem
muito para oferecer a Angola nesta fase da reconstrução nacional" e a
"colaboração de quadros especializados portugueses e conhecedores de
Angola não é o menos importante, pelo contrário", salienta o Jornal de
Angola, considerando que Portugal pode transferir para Angola tecnologia,
conhecimento, investigação, mão-de-obra especializada e ajudar a promover o
comércio, a agricultura e o turismo, setores fundamentais na criação de emprego
e no combate à pobreza.
"Angola tem
matérias-primas que fazem falta à economia portuguesa. O crescimento económico
que Angola regista liberta também fundos apreciáveis para investimentos num
país que, além de falar a mesma língua e partilhar connosco um mundo de gostos
e afetos, é uma potência mundial na área do turismo e desenvolveu serviços ao
nível do melhor que existe no mundo", assinala.
A amizade que une
os dois países "tem de servir" para o crescimento dos dois países e
não apenas para declarações de boas intenções que depois não têm
correspondência na vida real, devido ao que o Jornal de Angola identifica como
"forças de bloqueio, prontas a prejudicar uma relação que se quer exemplar
dentro do relacionamento entre África e Europa".
A concluir, o
editorial defende que o que está em jogo "é tão grandioso, que os pequenos
acidentes de percurso, as atitudes disparadas com acrimónia por setores da
política portuguesa, as faltas de respeito e as deslealdades que prosperam em
Lisboa contra Angola e magoam, não vão conseguir destruir a nova relação que
nasceu com o 25 de Abril de 1974".
"Temos tudo
para crescer juntos", termina o texto.
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