CLARA BARATA - Público
Luis Bárcenas nega
autoria dos cadernos que contabilidade que comprometem o PP. Juízes querem
provar existência de contabilidade paralela no partido popular espanhol
O ex-tesoureiro do
Partido Popular espanhol (PP) Luis Bárcenas foi ouvido esta quarta-feira pelo
departamento anti-corrupção do Ministério Público, que abriu um inquérito sobre
as suspeitas de que houve, durante pelo menos 18 anos, uma contabilidade paralela
naquele partido, financiada sobretudo por empresas de construção civil e da
qual beneficiou a cúpula dirigente desta formação de direita.
Bárcenas, que
prestou declarações durante mais de duas horas, é suspeito de ser o autor
do caderno de 14 páginas manuscritas com entradas e saídas de dinheiro no PP
desde 1990 a 2008, usado pelo jornal El País para revelar a história
que fez o PP, hoje no governo abanar nos seus alicerces.
Ele garante que não
saíram da sua caneta: “São uma montagem feita por alguém com acesso à
contabilidade”, afirmou à televisão 13tv na segunda-feira. “Vou fazer
declarações no mesmo sentido, sem tirar uma vírgula”, disse Bárcenas à agência
Europa Press, antes de se apresentar aos juízes anti-corrupção. À saída entrou
num táxi sem prestar declarações, apupado por populares, que lhe chamavam
“ladrão” e reclamavam um “envelope” com dinheiro.
Também Alvaro
Lapuerta, outro ex-tesoureiro do PP, hoje com 85 anos, que foi superior
hierárquico de Bárcenas durante 15 anos, irá depor esta quarta-feira.
Bárcenas já era
investigado desde 2009 no âmbito do caso Gürtel, um escândalo de fraude fiscal,
financiamento ilegal e corrupção, que envolveu muitos dirigentes do PP e
empresas. Agora, o departamento anti-corrupção quer que ele responda sobre a
alegada contabilidade paralela do PP — e a investigação sobre a existência de
uma possível “caixa B” do Partido Popular já tinha sido aberta antes de os
jornais terem começado a publicar artigos sobre os dinheiros ocultos do PP.
As declarações
desta quarta-feira e o caderno de contabilidade entregue peloEl País às
autoridades serão cruzados com duas bases de dados oficiais: os impostos pagos
pelo PP desde 2000 e as contas do partido apresentadas ao Tribunal de Contas
desde o mesmo ano, pelo menos.
Os juízes anti-corrupção
preparam-se também para chamar a depor 15 empresários que constam na lista de
Bárcenas como contribuintes do PP, a maioria deles proprietários de empresas de
construção civil, e que ofereceram somas superiores ao que é legal oferecer a
partidos políticos. Os empresários (e empresas) mencionados negam ter dado
essas somas, mas alguns deles, como Alfonso García Pozuelo, Pablo Crespo e
Sedesa são já citados em vários ramos do processo Gürtel.
Os investigadores
têm pressa: esperam concluir se há matéria para abrir um novo processo até à
semana da Páscoa, diz o El País.
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