quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Golpe de Estado de 2012 na Guiné-Bissau é das maiores crises de direitos humanos




Jornal i - Lusa

O presidente da Liga dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau (LDH), Luís Vaz Martins, defendeu hoje que o golpe de Estado de 12 de abril do ano passado constituiu "uma das maiores crises" nos direitos humanos no país.

A LDH, disse, "considera importante a determinação, o mais breve possível" de um período para uma transição inclusiva e que o mesmo não seja superior a um ano a contar de hoje, e que é "desajustado e inaceitável fazer eleições num contexto de insegurança e medo generalizado".

O responsável falava em Bissau na apresentação de um relatório da Liga sobre a situação dos direitos humanos no país nos últimos dois anos, altura em que defendeu como "imperativo" a profissionalização das Forças Armadas e a adoção de leis que previnam a mendicidade forçada de menores.

Luís Vaz Martins apelou ainda a toda a comunidade internacional para que se entenda sobre o processo de transição e sobre a reforma do setor de defesa e segurança da Guiné-Bissau.

Guadalupe de Sousa, em nome da ONU, disse que houve alguns avanços no país em termos de direitos humanos, sobretudo a nível de legislação, mas acrescentou haver muito para fazer, garantindo para tal o apoio das Nações Unidas.

De acordo com as conclusões do relatório, "é mais do que evidente que o estado em que se encontra o país em termos de direitos humanos é extremamente grave" e se não forem tomadas medidas, prevê a LDH, "haverá mais conflitos, assassínios e violações de direitos humanos e liberdades fundamentais".

Diz o documento que "as autoridades políticas guineenses não dispõem de nenhum poder efetivo, o que impede que se conheçam realmente as suas verdadeiras opções no que concerne às reformas nas Forças Armadas ou estabilização do país".

A LDH diz que o golpe de Estado ocorrido no país no ano passado deteriorou "de forma preocupante" a situação dos direitos humanos e que "a situação é cada vez mais deplorável", já que se vive "um clima de tensão, de medo generalizado, de terrorismo de Estado contra os seus próprios cidadãos".

Fazendo um balanço dos últimos dois anos, o documento fala de casos como o de agressões de militares a polícias, diz que a "impunidade foi institucionalizada" depois do conflito militar de 1998, dando como prova o facto de "os autores morais e materiais das sucessivas convulsões políticas e militares, que na maior parte dos casos culminaram com a perda de vidas humanas, continuarem impunes".

"Hoje, mais do que nunca, um dos desafios maiores que a Guiné-Bissau enfrenta é encontrar fórmulas claras e eficientes para estancar as ondas de impunidade, e consequentemente consolidar o Estado de direito e promover a paz", diz o relatório.

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