Série A: Império
Serrano, Viradouro e Império da Tijuca vão brigar pelo título
Caprichosos, Santa
Cruz, Rocinha e Cubango também brilharam e correm por fora na conquista da vaga
para a elite. Vila Santa Tereza, Tradição, Jacarezinho e União de Jacarepaguá
vão lutar para não serem rebaixadas
RAPHAEL AZEVEDO – O Dia - Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Rio -
Após uma maratona de dois dias com 19 desfiles,
Império Serrano, Império da Tijuca e Viradouro aparecem como grandes favoritas
ao título da Série A. Caprichosos de Pilares, Santa Cruz, Rocinha e Cubango
também brilharam e correm por fora. Na outra ponta, Unidos da Vila Santa
Tereza, Tradição, Jacarezinho e União de Jacarepaguá tiveram muitos problemas e
vão brigar para não serem rebaixadas. No total, três agremiações vão cair para
o Grupo B, que desfila na Estrada Intendente Magalhães. Apenas a campeã da
Série A entrará no Grupo Especial.
A União de
Jacarepaguá abriu a segunda noite de desfiles neste sábado, na Sapucaí. Com uma
homenagem ao município de Vassouras, no interior do Rio, a verde e branco levou
apenas três alegorias para a Sapucaí. Todas as outras desfilaram com quatro. A
falta de recursos também se refletiu na confecção das
fantasias. Para piorar a situação, a escola foi despejada e agora está a
procura de um novo barracão.
Com uma homenagem
ao humorista Chico Anysio, a Paraíso do Tuiuti veio em seguida, mas não
aproveitou a força do tema como poderia para fazer um grande desfile. O
desenvolvimento ficou um pouco confuso e faltou emoção por parte dos
componentes. Alegorias e fantasias relembraram programas famosos e alguns dos
mais de 200 personagens do mestre. A agremiação de São Cristóvão foi
prejudicada por (mais uma) falha de som quando o cronômetro marcava 13 minutos.
A dançarina Sheila Mello e a ex-BBB Mayra Cardi desfilaram como rainha e
madrinha da bateria. No fim, um susto. Integrantes da comissão
de frente não aguentaram o calor e passaram mal.
Tradição decepciona
e não aproveita samba clássico
A Tradição reeditou
um dos mais famosos sambas de todos os tempos: "Das maravilhas do mar,
fez-se o esplendor da noite", da Portela de 1981. O veterano Davi Corrêa,
um dos autores do hino, desfilou junto ao grupo de intérpretes e foi bastante
aplaudido. Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila Isabel,
Julinho e Rute apresentaram aos jurados a dupla da Tradição, Diego e Natália.
O público vibrou
com o samba e interagiu. No entanto, mesmo com uma oportunidade de ouro na mão,
a escola de Campinho decepcionou. Alegorias pobres e fantasias simples demais
deixaram nítida a ausência de recursos e a falta de comprometimento da diretoria,
que mais uma vez não investiu como deveria. Até o símbolo máximo da escola, o
Condor, estava com falhas de acabamento.
Bateria é destaque
no Império Serrano
O Império Serrano
foi a quarta escola a desfilar com um enredo que exaltava a cidade de Caxambu,
em Minas Gerais. O ponto alto da apresentação foi a passagem da bateria
comandada por Mestre Gilmar, que sacudiu as arquibancadas. Com várias
paradinhas, os integrantes da Sinfônica do Samba empolgaram os componentes que
puderam mostrar toda sua garra. Quitéria Chagas fez sua reestreia como rainha
de bateria e esbanjou beleza e samba no pé. Baluarte da verde e branco e
bateria de Chico buarque, Wilson das Neves também marcou presença à frente dos
ritmistas.
O jovem casal de
mestre-sala e porta-bandeira Alex e Raphaella também brilhou. Outro destaque
foi a comissão de frente do coreógrafo Caio Nunes, que teve apenas um mês para
criar os movimentos após a saída de Carlinhos de Jesus. Já na parte plástica,
no entanto, o Império foi irregular. Enquanto as fantasias primaram pelo luxo,
bom uso das cores da escola e capricho da escolha dos materiais, as alegorias
do carnavalesco Mauro Quintaes tiveram algumas falhas de acabamento. Ainda
assim, a verde e branco da Serrinha está na briga pelo título.
Quinta a desfilar,
a Acadêmicos do Cubango apostou no enredo "Teimosias da Imaginação",
desenvolvido pelo talentoso carnavalesco Severo Luzardo. Mais uma vez, o luxo e
qualidade dos figurinos encheram os olhos de quem estava na Sapucaí. A leitura
do tema, no entanto, não ficou tão clara. Os componentes ajudaram o trabalho da
Harmonia e cantaram o samba com entusiasmo. Mas a verde e branco de Niterói,
que nunca esteve no Grupo Especial, deverá perder mesmo em evolução, já que uma
das alegorias empacou diante do segundo módulo de julgadores e fez com que alas
tivessem que passar à frente do carro.
O Sereno de Campo
Grande veio em seguida e surpreendeu positivamente com um enredo abstrato
desenvolvido pelo carnavalesco Amarildo de Mello. Intitulado "Na busca da
paz, equilíbrio e harmonia. Bem aventurados sejam os que ouvem a voz de
Deus", o tema foi bem contado com alegorias dignas e figurinos bastante
coloridas.
Império da Tijuca emociona e faz melhor desfile da noite
O Império da Tijuca
foi a sétima agremiação da noite e fez talvez aquele que tenha sido o melhor
desfile. O enredo exaltava a força das mulheres negras e começou a empolgar já
na comissão de frente. Bastante organizada, a verde e branco do Morro da
Formiga deu um verdadeiro show e emocionou. Em sua estreia no Carnaval do Rio,
o carnavalesco Junior Pernambucano mostrou personalidade e talento com
alegorias e fantasias bem acabadas. A bateria de Mestre Capoeira arrepiou as
arquibancadas e valorizou ainda mais o excelente samba-enredo. Por tudo
isso se credenciou para disputar o título.
A Caprichosos de
Pilares teve no samba seu ponto alto. Com um refrão fácil e de melodia gostosa,
a trilha sonora do enredo sobre fanatismo foi cantada a plenos pulmões pelos
componentes. A bateria de Mestre Alexandre brilhou com diversas paradinhas e
também empolgou. A comissão de frente do renomado coreógrafo Helio Bejani,
também do Salgueiro, abriu o espetáculo em grande estilo reproduzindo um ritual
tribal de sacrifício. Na parte plástica, no entanto, a azul e branco pecou com
falhas de acabamento em alegorias e tripés. O segundo carro chegou a trazer
ferros à mostra, algo imperdoável para quem queria brigar pelos primeiros
lugares.
Unidos de Padre Miguel peca em evolução
Penúltima da noite,
a Unidos de Padre Miguel apostou na força de um tema afro e esbanjou beleza e
capricho. Mérito esse que foi do carnavalesco Edson Pereira que conseguiu
traduzir com clareza o enredo "O reencontro entre o céu e a Terra no reino
de Alá Àfin Oiyó". Problemas de evolução, no entanto, devem custar décimos
preciosos para a agremiação da Zona Oeste. Em mais de uma vez, clarões se
abriram na pista enquanto o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Paulo Cesar
e Elaine, se apresentava para os jurados.
A Renascer de
Jacarepaguá, rebaixada no ano passado, teve a missão de encerrar o segundo dia
de desfile da Série A já com as arquibancadas bastante vazias. O enredo trouxe
um grito de alerta contra o tráfico de animais. O desfile, que também exaltou
as belezas da cidade, teve como destaque a comissão de frente comandada por
Alice Arja.
*Título PG
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