quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O i falou com o fotógrafo que captou a imagem: “Deus não concordou com a decisão do Papa”




Marta F. Reis – Jornai i

Não foi uma premonição, apenas um palpite profissional de um fotógrafo freelancer de 38 anos, com tudo para estar no momento certo à hora certa. Segunda-feira ao final do dia, quando se abateu um temporal sobre Roma, Alessandro Di Meo estava no Vaticano ao serviço da agência italiana de notícias ANSA. Viu um primeiro raio no céu e achou que se apanhasse um a cair sobre a cúpula da basílica de São Pedro teria o boneco do dia. “Pensei que tinha de conseguir tirar aquela fotografia por isso esperei 40 minutos à chuva até que aconteceu e consegui”, respondeu ontem ao i por email, na enésima solicitação da imprensa, desde que publicou a imagem e viu o raio tornar-se o símbolo da primeira renúncia papal em seis séculos.

Confirmada a veracidade da fotografia, as interpretações em torno do seu significado multiplicaram-se, da mais provável pura coincidência a um sinal de desagrado de Deus ou até ao prenúncio de que os vaticínios de uma figura dos anais da história da igreja, São Malaquias, poderão ser mesmo verdade. Conta-se que no século xii este bispo irlandês que deixou previsões sobre a evolução da cátedra de São Pedro profetizou que Bento XVI seria o penúltimo da história. O seu sucessor, que será conhecido em breve, seria consequentemente o último.

“A mim pareceu-me que Deus não concordou com a decisão do Papa”, diz Alessandro Di Meo, que não é um chamado vaticanista, mas fotojornalista com um portfólio que vai da política, ao desporto ou à arte sacra. Foi uma impressão a posteriori, insiste, não uma premonição.

Nas muitas entrevistas que já deu sobre a imagem, a primeira publicada sobre a ANSA, tem procurado clarificar ao máximo a experiência. Estava sentado num muro, sem um tripé de apoio. O raio foi capturado com a máquina fotográfica regulada para uma exposição de oito, com nove de velocidade e sensibilidade ISO 50. “Montei uma lente grande angular que me permitiu incluir toda a igreja”, explicou. “Entendo que a imagem pode parecer incrível, mas as fotografias de relâmpagos são sempre incríveis. A única diferença, neste caso, é que é o relâmpago certo, no sítio certo e à hora certa. Consegui com obstinação e, porque não, com um pouco de sorte”, admite.

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