MB – VM - Lusa
Bissau, 20 fev
(Lusa) -- O representante do secretário-geral das Nações Unidas na
Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, alertou hoje os guineenses para a necessidade
de encurtamento do período de transição, lembrando que o tempo para realização
de eleições "não pode ser indeterminado".
Falando para os
alunos da Faculdade de Direito de Bissau (FDB), Ramos-Horta disse que as Nações
Unidas e toda a comunidade internacional aguardam que os guineenses anunciem o
roteiro para o período de transição e consequentemente a data para a realização
de eleições gerais.
"O tempo para
a realização de eleições não pode ser indeterminado, não vivemos sozinhos no
mundo. O processo de transição deve ser o mais encurtado possível, mas não
excessivamente curto porque pode ser improcedente", alertou o antigo
Presidente de Timor-Leste.
O encontro com os
alunos da FD, o primeiro de muitos anunciados por Ramos-Horta, faz parte da
estratégia de auscultação à diferentes sensibilidades guineenses iniciada há
uma semana de vários atores políticos, públicos, privados e até com as
vendedeiras.
"Não vim cá
com nenhuma agenda pessoal, vim apenas com a missão de ouvir os guineenses e
propor ideias ao secretário-geral das Nações Unidas", disse o Nobel da
Paz, que também já se encontrou com as mulheres vendedeiras do mercado do
Bandim.
Na sequência deste
encontro, disse ter ficado com a impressão de que existe uma "grande
expetativa" em relação ao que pode fazer para ajudar o país, mas lembrou
que tudo dependerá da vontade dos guineenses.
"É necessário
que se diga que nunca mais vai haver um outro golpe de Estado neste país, mas é
também importante que se criem as condições para que deixem de existir os
motivos, as razoes, que favoreçam o golpe de Estado", defendeu
Ramos-Horta.
O representante do
secretário-geral das Nações Unidas disse que aguarda que os guineenses elaborem
uma agenda clara da transição e que o convençam a ele mesmo e à comunidade
internacional sobre a viabilidade da estratégia e só depois partirá para a
mobilização de vontades e recursos para apoiar a Guiné-Bissau.
Ramos-Horta disse
que acredita no país por não ser aquilo que se fala dele lá fora, mas também
que não entende como é que não consegue avançar com "tantos quadros"
de que dispõe.
"A
Guiné-Bissau deve ser aqui em África o país com mais quadros per capita", acrescentou,
para elogiar também a educação e o espírito tolerante dos guineenses.
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