Pedro Nuno Santos –
Jornal i, opinião
Eu vou à
manifestação de 2 de Março. E são muitas as razões para não ficar em casa a
assistir, pela televisão, enquanto outros lutam por mim.
Eu vou 1. Os
portugueses enfrentam uma taxa de desemprego de 17% e os jovens, em particular,
uma taxa de 40%. Nunca este país conheceu taxas de desemprego desta dimensão. É
óbvio para quase todos que a política de austeridade é a principal responsável
pelo estrangulamento da economia portuguesa e, consequentemente, pela
destruição de empresas e emprego. É óbvio, mas o governo e a troika persistem
no erro.
2. A austeridade
tem de ser derrotada: a que está para lá da troika, mas também a que se fica
pela troika. Em contexto de recessão, a austeridade é sempre perversa. Não
existe uma versão virtuosa. Numa economia em contração, quando o Estado corta
na despesa ou aumenta os impostos, o resto da economia cai mais.
3. O governo e a
troika não aprenderam com o fracasso da sua receita. O alargamento do prazo de
ajustamento, por mais um ano, pedido pelo governo, não é para evitar ou para
reduzir a austeridade a impor no futuro, mas sim porque a austeridade praticada
no passado tornou impossível atingir a meta previamente acordada.
4. Não podemos
permitir que curtas flexibilizações das metas e tímidas reestruturações da dívida
continuem a ser feitas em cima de milhares de empresas e de empregos
destruídos. Precisamos de uma verdadeira e profunda renegociação do programa de
ajustamento e de uma séria e responsável reestruturação da dívida,
precisamente, para evitar essa destruição. Não depois do mal estar todo feito,
mas a tempo de evitar mais estragos.
5. Se é da União
Europeia que pode vir parte da solução para a crise que atravessamos, então
vamos mostrar aos líderes europeus que o povo português não partilha a postura
submissa de Passos Coelho e de Vítor Gaspar. Vamos fazer com que se ouça em
Berlim, Paris e Bruxelas o “basta” dos portugueses à austeridade. Seremos parte
de um coro europeu.
6. Sim, sou
deputado. E nessa condição combato este governo e a política de austeridade onde
posso. E sim, sou cidadão português. E nessa condição combato este governo e a
política de austeridade onde posso. Por isso, dia 2 de Março vou estar na rua.
*Deputado do PS,
escreve à quarta-feira
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