ACC – SMA - Lusa
O secretário-geral
do PS considerou hoje em Bruxelas que é “inaceitável” que o primeiro-ministro
diga que a situação em Portugal esteja “em linha com o previsto”, pelo que é
altura de a ‘troika’ ouvir outras vozes.
“Hoje a realidade
em Portugal entra pelos olhos dentro de qualquer pessoa, e aquilo que é
inaceitável é que, perante um aumento brutal da taxa de desemprego, perante 923
mil portugueses que estão desempregados, 40 por cento dos jovens portugueses
desempregados, um primeiro-ministro tenha como resposta dizer que tudo está em
linha com o previsto”, declarou António José Seguro, em declarações aos
jornalistas em Bruxelas.
Segundo o dirigente
socialista, que hoje enviou uma carta à ‘troika’, na qual pede que, na 7.ª
avaliação do programa de resgate, a arrancar em breve, sejam enviados a
Portugal "responsáveis políticos", a postura do primeiro-ministro, de
“fazer de conta que nada se está a passar no país”, é “inaceitável, e por isso
Portugal tem de ter uma voz que defenda os interesses dos portugueses”.
“Considero que
chegou a altura de os responsáveis políticos da Comissão Europeia, do Banco
Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional terem um debate político com
todas as instituições em Portugal, com os parceiros sociais, com o PS, com o
Governo, e que possam de viva voz ouvir as nossas posições, para que de facto
haja uma alteração do quadro de consolidação das contas públicas”, sustentou.
Seguro, que se
encontra em Bruxelas por ocasião da comemoração do 20.º aniversário da fundação
do Partido Socialista Europeu (PSE), manteve já hoje dois encontros bilaterais,
com o candidato do SPD a chanceler da Alemanha, Peer Steinbruck, e com o
primeiro-ministro da Bélgica, Elio di Rupo, aos quais fez o retrato do que
classificou como uma “situação de pré-rutura social” no país, face a “um
elevado número de desempregados e uma quebra muito grande da economia”.
“O
primeiro-ministro pode fazer de conta que nada se está a passar no país, pode
até dizer que tudo está a correr bem. Não é a minha opinião e estou convencido
que não é a opinião da esmagadora maioria dos portugueses, e por isso nos temos
que mudar de solução para esta crise (…) Fazer de conta que nada disso existe é
uma irresponsabilidade, e eu não faço isso. E por isso venho aqui, como tenho
ido a muitas capitais europeias, dar testemunho de que o meu país precisa de
mais tempo para consolidar as contas públicas”, reforçou.
Comentando o
encontro mantido à tarde com o candidato socialista a chanceler da Alemanha,
Seguro revelou ter dois desejos, sabendo que um não pode ser concretizado, já
que as eleições apenas deverão realizar-se em setembro.
“Desejo muito duas
coisas: que ele (Steinbruck) ganhe as eleições, e também desejaria, coisa que
não vai acontecer, que as eleições pudessem ser já amanhã, porque estou
convencido com a mudança de governo na Alemanha muita coisa mudará na Europa”.
Antes de participar
na comemoração do aniversário do PES, António José Seguro será ainda recebido
na sede da Comissão Europeia pelo chefe do executivo comunitário, José Manuel
Durão Barroso, pelas 20:00 locais.
Relacionado em
Jornal i
Sem comentários:
Enviar um comentário