Opera Mundi, São
Paulo
Governo venezuelano
criticou a "nova e grosseira" ingerência norte-americana nos assuntos
internos de Caracas
O governo da
Venezuela rejeitou nesta quarta-feira (20/02) declaração feita pela porta-voz
do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Victoria Nuland, que afirmou
ontem que Washington deseja ver “uma transição” caso o presidente Hugo Chávez
não tenha condições de seguir governando o país. O líder venezuelano retornou
na segunda-feira (18/02) à Caracas, após mais de dois meses de tratamento
contra um câncer em Havana e desde então está internado em hospital da capital.
Em comunicado, o governo venezuelano disse que o comentário de Nuland
“constitui uma nova e grosseira ingerência do governo de Washington nos
assuntos internos da Venezuela”. Além disso, diz que está “em perfeita sintonia
com o discurso da desestabilizadora e corrupta direita venezuelana, o que
evidencia, uma vez mais, os laços de subordinação da burguesia local com os
interesses do império.”
Nuland afirmou que,
"caso o presidente Chávez fique permanentemente incapaz de servir [o
país], o nosso entendimento é que a Constituição venezuelana exige que haja uma
eleição para encontrar um novo presidente”. Ela também falou que, “obviamente,
cabe aos venezuelanos decidirem como irá ocorrer essa transição. Houve
eleições, mas não houve juramento do cargo".
Na segunda-feira, uma fonte diplomática norte-americana, citada pela Agência
France Presse, disse que, "se [Chávez] não puder cumprir com os deveres do
cargo, a Constituição venezuelana requer uma eleição para eleger o novo
presidente".
Relações
Reeleito no dia 7 de outubro, Chávez não pôde tomar posse em 10 de janeiro como
prevê a Constituição por estar hospitalizado em Havana após a quarta operação
contra um câncer em dezembro. O Supremo Tribunal de Justiça aprovou que
assumisse o mandato em uma data posterior. A decisão foi criticada pela
oposição, que pleiteou a declaração de falta absoluta do presidente e a
posterior convocação de novas eleições pelo presidente da Assembleia Nacional,
Diosdado Cabello.
A Venezuela e os EUA mantêm relações diplomáticas tensas. Caracas sustenta que
Washington teve participação direta no golpe de Estado contra Chávez em abril
de 2002. Desde 2010 os países estão sem os seus respectivos embaixadores.
Recentemente, mantiveram alguns contatos que visavam melhorar os laços.
* Com informações da AVN (Agência Venezuelana de Notícias)
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