Henrique Monteiro –
Expresso, opinião
O Presidente da
República, que esta semana falou aos jornalistas durante uma visita a uma
fábrica e publicou um prefácio aos seus Roteiros VII, coletânea de intervenções
durante o ano de 2012, deixou claro que não quer se incendiário, que
trabalha 10 horas por dia e que a sua ação nos bastidores se pauta pela
necessidade de evitar uma crise política.
"Seria
porventura tentador utilizar a chefia do Estado como palco de atuação de grande
efeito", escreve Cavaco Silva.
Admitamos que tudo
isto tem sido assim. Que a sua atuação é intensa e discreta, e que visa
essencialmente evitar uma crise política e a radicalização do país. São tarefas
que efetivamente lhe cabem, pois é o único órgão político unipessoal que
representa a globalidade da nação. É, como se sabe, hábito, os presidentes não
se reconhecerem numa maioria, mas como "Presidentes de todos os
portugueses".
Pois bem, se é
verdade o que Cavaco afirma, se ele, ao contrário do que diz hoje no 'Público'
Vasco Pulido Valente não é só um reformado, é caso para lhe dizer, muito
serenamente, que é melhor alterar o modo de atuação, porque este tem falhado
redondamente. A intenção até pode ser boa, mas os resultados aí estão e são um
desastre: o país está radicalizado como nunca; a crise política e - pior - a
crise de representação política é evidente.
E se ele falha,
teremos de retirar uma de duas conclusões. Ou é impossível fazer melhor do
que Cavaco; ou Cavaco não tem o prestígio, a força e a autoridade política
suficientes para fazer melhor do que está à vista.
Penso que todos
sabem a resposta.
Sem comentários:
Enviar um comentário