sábado, 9 de março de 2013

A FUNESTA REFORMA DE CAVACO




Henrique Monteiro – Expresso, opinião

O Presidente da República, que esta semana falou aos jornalistas durante uma visita a uma fábrica e publicou um prefácio aos seus Roteiros VII, coletânea de intervenções durante o ano de 2012, deixou claro que não quer se incendiário, que trabalha 10 horas por dia e que a sua ação nos bastidores se pauta pela necessidade de evitar uma crise política.

"Seria porventura tentador utilizar a chefia do Estado como palco de atuação de grande efeito", escreve Cavaco Silva.

Admitamos que tudo isto tem sido assim. Que a sua atuação é intensa e discreta, e que visa essencialmente evitar uma crise política e a radicalização do país. São tarefas que efetivamente lhe cabem, pois é o único órgão político unipessoal que representa a globalidade da nação. É, como se sabe, hábito, os presidentes não se reconhecerem numa maioria, mas como "Presidentes de todos os portugueses".

Pois bem, se é verdade o que Cavaco afirma, se ele, ao contrário do que diz hoje no 'Público' Vasco Pulido Valente não é só um reformado, é caso para lhe dizer, muito serenamente, que é melhor alterar o modo de atuação, porque este tem falhado redondamente. A intenção até pode ser boa, mas os resultados aí estão e são um desastre: o país está radicalizado como nunca; a crise política e - pior - a crise de representação política é evidente.

E se ele falha, teremos de retirar uma de duas conclusões. Ou é impossível fazer melhor do que Cavaco; ou Cavaco não tem o prestígio, a força e a autoridade política suficientes para fazer melhor do que está à vista.

Penso que todos sabem a resposta.

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