José Ribeiro –
Jornal de Angola, opinião
Pátria e Liberdade
são palavras femininas e no vocabulário da democracia angolana representam
valores primordiais e inspiração das sucessivas gerações que ao longo dos
séculos recusaram a submissão. A bem amada Mátria Angolana está projectada em
todas as mulheres que sofreram, lutaram, venceram e inscreveram os seus nomes
na eternidade. A Mulher Angolana é mais do que um exemplo de luta, sacrifícios
até aos limites da força humana, fonte da vida e da esperança. As mulheres são
acima de tudo bandeiras de paz e reconciliação.
As mulheres angolanas sabem donde lhes vem a força, a coragem e a dignidade.
São elas que renovam as gerações, constroem futuros e dão expressão à
liberdade. Para desempenhar responsavelmente o seu papel social e histórico,
precisam de ser mais corajosas do que os outros actores sociais, mais fortes do
que todos. E assim constroem a dignidade que as catapultou para a primeira
linha do desenvolvimento sustentado que hoje construímos a pulso, na mesma
medida em que no passado apoiaram estoicamente a luta pela Independência
Nacional.
A Mulher Angolana soube sempre qual o seu papel na construção de uma pátria
livre e democrática. Milhões de heroínas anónimas foram capazes de resistir à
frustração, ao medo e ao desânimo, quando forças estrangeiras ditavam as leis e
submetiam todo um povo. Em cada lar angolano, das cubatas mais humildes às
casas dos subúrbios das grandes cidades, havia sempre a presença forte da
mulher, ao mesmo tempo companheira, mãe, trabalhadora incansável para garantir
o sustento dos filhos e em muitos casos, sobretudo depois de 1961, a sua
educação básica, média e superior.
Mulheres que nunca foram à escola faziam das tripas coração para que os seus
filhos fossem instruídos. Tinha eclodido a Luta Armada de Libertação Nacional e
elas sabiam que o processo era imparável. No dia da liberdade, todos os filhos
de Angola eram necessários para dirigir o país e para o fazerem com competência
tinham que estudar.
Quando chegou a hora da Independência Nacional, Angola tinha poucas mulheres
alfabetizadas. Mas todas as mães tinham em casa, com orgulho, os diplomas dos
seus filhos, conseguido a ferros ao longo dos anos.
Este contributo da Mulher Angolana foi inestimável para a Angola que nasceu em
11 de Novembro de 1975. Mas além do seu papel social, muitas mulheres pegaram
em armas para lutar pela liberdade e muitas deram as suas vidas pela causa da
Independência.
Neste quadro, nunca foi necessário impor quotas para a promoção do género. Na
direcção política e militar da luta de libertação sempre estiveram mulheres que
se impuseram pelo seu mérito, coragem, responsabilidade e sabedoria. Na Angola
independente sempre existiram mulheres nos mais altos cargos do aparelho de
Estado. E à medida em que maior número de mulheres chegou às escolas e fez uma
carreira académica, aumentou, de ano para ano, o número de deputadas,
magistradas, ministras, governadoras, secretárias de Estado, embaixadoras,
professoras, técnicas de saúde, militares, operárias especializadas.
Os angolanos têm orgulho na democracia que estão a construir e onde a Mulher
tem um papel decisivo. Estamos na vanguarda dos países com mais mulheres em
lugares de decisão no aparelho de Estado, mas também na gestão de empresas e no
papel relevantíssimo de empresárias. Algumas mulheres angolanas, numa década,
atingiram expressão mundial na economia e nos negócios.
Face a esta realidade foi sem surpresa que a Assembleia Nacional aprovou a Lei
Contra a Violência Doméstica. Hoje temos um país inteiro empenhado na luta
contra a violência no lar que atinge, sobretudo, crianças e mulheres. Há uma
mobilização nacional e um movimento cada vez mais forte para que a Mulher
Angolana que não foi à escola na altura própria aproveite as inúmeras ofertas
de alfabetização, de Norte a Sul do país. As nossas escolas médias e superiores
têm hoje mais alunas do que alunos. E o número de licenciados segue a mesma
tendência. Há cada vez mais mulheres licenciadas no mercado de trabalho.
A aprovação da Lei Contra a Violência Doméstica tem um carácter preventivo. Em
comparação com os países mais desenvolvidos do “primeiro mundo” Angola tem
taxas baixíssimas de violência doméstica. E no contexto do continente africano
estamos seguramente na vanguarda. Se fizermos uma análise cuidadosa verificamos
que a violência no lar tem pouca expressão entre nós. E só foram tomadas
medidas de fundo porque dado o papel da mulher na sociedade, a existência de um
caso já é demasiado. Em Angola, Pátria e Liberdade são nomes de Mulher.
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