Verdade (mz) -
editorial
Algumas situações
são bastante difíceis de entender, e outras, na verdade, são demonstrações
cabais da falta de traquejo e de entendimento. É deprimente encontrar pessoas
com um certo grau de escolaridade a exercerem certas funções nas instituições
públicas, que não sabem que todos os cidadãos têm direito à informação e
atendimento.
E o pior ainda é
que não sabem que existe algo denominado Constituição da República, onde estão
garantidos os deveres, os direitos e as liberdades fundamentais dos cidadãos
moçambicanos.
As diversas
instituições que compõem o sector público são uma verdadeira lástima. Para além
da morosidade insuportável no atendimento ao público, está vivamente patente um
sistema letárgico institucionalizado tornando, de certo modo, as instituições
num antro de inaptos mentais que se vangloriam da sua soberba. Por um lado, há
um sistema de reclamações que não funciona de modo algum e que deixa o cidadão
sem alternativa quando, porventura, se sente lesado ou mal atendido.
O acesso à
informação nessas instituições por parte de um cidadão comum é um verdadeiro
martírio, porque é-lhe negado inescrupulosamente. Trata-se de informações que
servem para que o cidadão não saia por aí a fazer comentários ou a tratar de
certos assuntos ligados àquela instituição de forma equivocada.
Tudo porque as
instituições são compostas por uma multidão de papagaios, ditos funcionários
públicos, mal-humorados que passam o tempo todo a cantar desarmonicamente que
não estão autorizados a falar, e o mais caricato é que não sabem quem está
autorizado e quem autoriza. São desculpas enfadonhas que, de uma maneira ou de
outra, mancham a imagem de uma instituição que deveria servir condignamente
todos cidadãos sem excepção.
Hoje em dia,
fazer-se a uma unidade sanitária para se obter cuidados médicos ou qualquer
outra instituição pública para se tratar de algum expediente é o mesmo que se
tentar escalar o monte Binga de costas. Porque os funcionários públicos
colocaram na cabeça que estão ali para fazer favores aos utentes.
Diga-se, em abono
da verdade, o relaxamento dos funcionários deve-se à falta de verticalidade por
parte dos utentes em apontar as coisas e as respectivas pessoas quando não
fazem os seus trabalhos com o devido apuro, e também a ausência de um princípio
deontológico capaz de despertar a consciência dos funcionários e que escancare
nas suas caras que o funcionário não faz favor a ninguém, mas foi empregue para
servir o público profissionalmente.
Contudo, para que
tal vingasse seria necessário que os dirigentes deste país servissem, de facto,
o público. Ou seja, que trabalhassem em prol dos moçambicanos. Porque, na
verdade, o comportamento do funcionário público (sem generalizar) reflecte a
forma como somos governados.
O dirigente faz um
favor ao povo e serve-se deste para legitimar as suas fantasias mais
recalcadas. O funcionário público, em última análise, é o rosto visível da
podridão. O exemplo veio do topo e, para mudarmos o funcionário público, é bom
que mudemos o topo.
Sem comentários:
Enviar um comentário