RFI
– foto Reuters
A zona do euro e o
FMI chegaram neste sábado a um acordo sobre um plano de salvamento de 10
bilhões de euros para o Chipre. O programa de assistência financeira inclui uma
taxa sobre poupanças em bancos cipriotas, uma retenção dos rendimentos destes
depósitos e aumento de impostos. O Chipre é o quinto país da zona do euro a
recorrer a um programa de ajuda internacional.
O montante da ajuda
é bem menor que os 17,5 bilhões de euros citados em princípio pelo país e
inferior ao desembolsado por Grécia, Portugal, Irlanda e o setor bancário
espanhol. O acordo foi acertado após 10 horas de reunião entre os ministros de
Finanças da zona do euro, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e o
presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. O FMI deve participar com 1
bilhão de euros.
O Chipre teria
renunciado ao perdão da dívida, que causaria duras perdas aos credores privado,
mas se comprometeu a aplicar uma polêmica taxa sobre poupanças e contas
correntes. O valor será de 6,75% sobre todos os depósitos bancários abaixo de
100.000 euros e de 9,9% acima deste montante. Uma parte dos rendimentos das
contas também ficaria retida na fonte.
O acordo também
inclui um aumento dos impostos sobre as empresas que passará de 10 a 12,5%.
Cortes
O ministro cipriota
das Finanças, Michalis Sarris, defendeu o plano previsto em troca do salvamento
financeiro de seu país, afirmando que ele “evitaria cortes nos salários e
aposentadorias”. Sarris precisou que em troca, os clientes dos bancos receberão
ações. “Eles serão 100% compensados”, afirmou.
Ele precisou que o
Parlamento do Chipre deve votar no domingo a instauração da taxa que começará a
ser aplicada na terça-feira. Sarris disse que as autoridades do país tomaram as
medidas necessárias para que os clientes dos bancos não possam retirar suas economias
durante o fim de semana. A taxa deve ser aplicada a todos os residentes da
ilha, inclusive estrangeiros.
Nas redes sociais,
os protestos se multiplicaram desde as primeiras horas de sábado. Logo após o
anúncio, filas se formaram diante dos bancos para retirar dinheiro nos caixas
automáticos. Mas segundo autoridades, as taxas não podem ser retiradas e já
estão bloqueadas.
O imposto deve
arrecadar 5,8 bilhões de euros, segundo o presidente do Eurogrupo, Jeroen
Dijsselbloem.
Ajuda financieira
O Chipre pediu em
junho uma ajuda financeira à UE e ao FMI para recaptalizar seus dois principais
bancos, afundados pela crise grega. Mas o empréstimo de 17,5 bilhões de euros,
o equivalente ao PIB do país, foi recusado, pois os credores temiam o não
reembolso da soma e que a dívida chegasse a níveis insustentáveis, uma vez a
ajuda concedida.
O país também
aceitou se submeter a uma auditoria sobre a lavagem de dinheiro, exigida pela
Alemanha antes de aceitar concedera a ajuda. A investigação começou nesta
semana e os resultados devem ser conhecidos no fim de março.
Para se beneficiar
rapidamente da ajuda o ministro das Finanças cipriota, Michalis Sarris, também
deve pedir na segunda-feira, em Moscou, que a Rússia conceda um prolongamento
do prazo de reembolso do empréstimo se 2,5 bilhões de euros, que deve vencer em
2016 e discutir como a Rússia poderá contribuir com o plano de salvamento.
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