Deutsche Welle
O Governo angolano
irá prosseguir com as demolições em bairros degradados nas periferias das
grandes cidades, como Luanda, para dar sequência ao plano de realojamento que
visa à redução da pobreza.
Demolição e
realojamento são algumas das respostas aos graves problemas da habitação que
enfrentam cidadãos de fraca capacidade financeira em Angola.
O ordenamento do
território e a requalificação dos espaços é um dos desafios para os arquitetos
tanto em Angola como em Moçambique, onde é cada vez mais difícil viver nas
grandes cidades devido ao elevado custo dos apartamentos.
Sem dinheiro para
morar
Luanda, a capital
de Angola, com cerca de sete milhões de habitantes, está entre as cidades mais
caras do mundo.
O elevado preço das
habitações não corresponde à capacidade financeira de muitos angolanos,
obrigados a viver em bairros pobres e desordenados nos arredores da cidade.
No que se refere ao
problema da estruturação da sociedade, ainda não houve resposta, afirma Adriano
da Silva, Diretor Nacional da Habitação de Angola, que reconhece ser elevado o
nível de pobreza nos principais centros urbanos.
"Houve
crescimento mas há um lado social para o qual não se deu atenção. Com a falta
de emprego, aumenta a pobreza". Segundo da Silva, o cenário de Luanda nada
mais é do que uma organização encontrada pelas próprias pessoas devido a falta
de reações das instituições do Estado.
Além disso,
conta-se com o fenómeno da imigração que também contribui para pressionar as
cidades, levando ao surgimento de espaços com construções ilegais, sem o mínimo
de qualidade de vida.
Desalojamentos
parte do plano?
Angola atravessa um
período de crescimento económico, mas com muito ainda por fazer em todos os
setores. Face à realidade, o Governo considerou urgente definir um plano de
recuperação e requalificação do património habitacional, que também inclui a
construção de novos centros urbanos para responder as necessidades.
A estratégia faz
parte do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação, que prevê novas
centralidades e o combate à pobreza. Apesar das contestações por parte das
populações, os desalojamentos em bairros de Luanda, como Cacuaco, correspondem
a um plano governamental que prevê erguer nos referidos espaços projetos
estruturantes, refere o diretor nacional da Habitação de Angola.
"É necessário
desalojar mas na perspectiva de realojamento. Sair de um espaço ilegal para ir
morar num ordenado", explica Adriano da Silva.
Para isso, o
executivo tem como política a construção de casas sociais para cidadãos de
baixos rendimentos, com a participação do Estado em cerca de 40%.
António Gameiro,
bastonário da Ordem dos Arquitetos de Angola, disse à DW África que os desafios
com vista à melhoria da qualidade de vida são enormes.
"Cada vez mais
há necessidade de melhorar a qualidade das pessoas que migram. Até porque, as
migrações vão continuar. É preciso começar a pensar não só a nível das cidades
mas também a nível do desenvolvimento rural. Muitas vezes, a solução das
cidades está fora delas."
Maputo está mais
cara
Em Maputo, capital
moçambicana, a subida dos preços dos apartamentos causada pelo aumento da
procura vem levando as pessoas a sair em busca de alternativa nos subúrbios,
hoje já bastante congestionados.
Anselmo Cani, da
comissão instaladora da futura Ordem dos Arquitetos de Moçambique, esclarece
que a possibilidade de se ter uma capital mais cara existe, devido à falta de
habitação e problemas no setor da construção civil.
Na opinião dele,
Moçambique tem, entre outros, o desafio da sustentabilidade das cidades, que
passa pelo combate à pobreza.
"É preciso dar
mais capacidade às pessoas para poderem enfrentar as condições de vida que a
própria cidade oferece. E isso se faz providenciando emprego e soluções para
que as pessoas possam sobreviver e suprir as carências", explica.
Angola e Moçambique
participam até sexta-feira (15.03) do 2º Congresso Internacional da Habitação
no Espaço Lusófono, em Lisboa, que debate o desenvolvimento do território, da
cidade e da promoção habitacional.
Autor: João Carlos
(Lisboa) / Bettina Riffel - Edição: Renate Krieger
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