Sérgio Lavos – O Arrastão
Num país que
promovesse a meritocracia, Vítor Gaspar já teria sido despedido há muito tempo,
Miguel Relvas não passaria de um reles empresário da noite e Passos Coelho
seria um perdido da vida. Num país onde os políticos servissem o povo e não se
servissem do povo e da riqueza que este produz, nunca deslumbrados
incompetentes como Passos Coelho e canalhas corruptos como Miguel Relvas
chegariam a cargos de poder. Num país que tivesse respeito por si próprio,
nunca teria sido eleito Cavaco Silva, a múmia cínica e interesseira que nos
calhou como presidente. Num país onde existisse verdadeira cidadania,
verdadeira participação política de todos os cidadãos, este Governo já teria
caído há muito tempo. Num país onde nada disto existe, teremos "décadas de
austeridade", de exploração, de miséria, de transferência de rendimento
dos mais pobres para os mais ricos. Estamos todos de parabéns.
CONFERÊNCIA DE
IMPRENSA
Pedro Vieira - O Arrastão
Falhou, falhou tudo
e com estrondo, mas vamos continuar como até aqui, em frente ao abismo damos o
famoso passo em frente, se calhar não precisávamos de esperar pela conferência
de imprensa para sabermos que, mas nada como ter a confissão completa, de papel
passado, carimbo ou selo branco, tanto faz, os números do pib falharam, o
défice, sim senhor, lá foi ele escadote acima, a dívida pública cresce mais do
que as ervas daninhas, que também são sinónimos de "assessores" ou
"ministros com ideias para o país", o desemprego lá vai fazendo o seu
caminho nos relvados, domingo a domingo, com a ajuda do mister gaspar, a
caminho dos 19%, qualquer dia é maioritário mas isso até deve ser bom, há tanta
gente nesta terra que suspira reza faz preces por uma maioria absoluta, por
estabilidade, por coletes de forças institucionais que impeçam as crises
políticas, o melhor povo do mundo tem aguentado os sacrifícios e, guess what,
vêm aí mais e com mais força, louvado seja o admirável mundo novo que estamos a
construir por aqui, huxley rói-te de inveja, aqui mesmo, neste portugal que vai
renascer das cinzas depois deste intervalo em que tudo arde, no lugar do quinto
império um país ao jeito de fénix 2.0, ou então não, mas vamos lá, amouchem e
só abram os olhos quando a gente disser, o edifício que estamos a construir é
tão espectacular que nem precisamos de trolhas nem de pedreiros nem de
professores, nem de trabalhadores em geral, quer dizer, de colaboradores, e
este edifício vai durar pelo menos mil anos como o reich daquele pintor
falhado, e quando desmontarmos os andaimes todos vão perceber como se vive
melhor sem estado sem protecção social sem preguiça sem ciganos sem rendimento
mínimo sem emprego sem dignidade sem compaixão sem bens públicos sem salário
mínimo, e entenderão como se vive melhor com caridade com águas privadas com
senhas para o frango com
governantes-engenheiros-sociais-que-fazem-inveja-aos-melhores-maoistas,
garantimos que se vive melhor com mais pobres com mais meritocracia à nossa
maneira com mais licenciados à relvas com mais BPN's com mais presidentes
mumificados em vida, e sobretudo com o sistema financeiro sossegado, reparem, a
obra que estamos a fazer vai permitir-nos a todos, sem excepção, do
primeiro-ministro ao mais obscuro secretário de estado, a todos, sermos
embalsamados e postos em vitrines, para adoração, é verdade, só não podemos é
morrer antes de o nosso governo conseguir mandar quase todo um país para o
caralho, substituindo-o por uma espécie de parceria público-privada. porque
mesmo depois de mortos precisaremos sempre de uma lusoponte onde passar tranquilamente
a eternidade.
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