D. Januário desafia
núncio apostólico a esclarecer "caso D. Carlos Azevedo"
Miguel Carvalho -
Visão
"O senhor
núncio está dentro de todo o dossiê", revela o bispo das Forças Armadas,
em entrevista à Antena 1
"Quem podia
resolver isto era o senhor núncio, era a Nunciatura (...) O senhor núncio está
dentro de todo o dossiê", afirmou D. Januário Torgal Ferreira numa
entrevista transmitida hoje pela RDP-Antena 1, referindo-se ao caso de alegado
assédio sexual do antigo Bispo Auxiliar de Lisboa ao padre José Nuno, revelado
pela VISÃO.
Segundo o Bispo das
Forças Armadas, só Rino Passigato, representante diplomático da Santa Sé em
Portugal, pode esclarecer, se quiser, o que efetivamente se passou. Até porque
"estando [o núncio] dentro de todo o dossiê", corre-se o risco de
parecer que "não houve nada".
D. Januário
confessa não gostar que se mantenha uma dúvida a pairar na opinião pública
sobre D. Carlos Azevedo. Contudo, advertiu, é também de admitir que o autor da
queixa não seja "pidesco" e tenha "cicatrizes na alma tão sérias
como as cicatrizes impressas naquele ao qual se refere essa denúncia (...). Uma
denúncia pode ter um alto sentido de responsabilidade (...)", referiu.
Para D. Januário,
não há dúvidas: o caso envolve "duas pessoas de grande cariz apostólico,
de grande personalidade". O bispo confessa-se amigo de D. Carlos Azevedo,
mas, adverte, "sou muito mais amigo da verdade". Já o padre José Nuno
parece-lhe "alguém que apresenta um sofrimento que vem de muito longe".
Admite, pois, que na origem da denúncia possa estar o facto do coordenador
nacional das capelanias hospitalares ter dado conta de que D. Carlos se
preparava para "assumir responsabilidades muito mais altas" e então
se ter perguntado: "Então este é que vai para esta responsabilidade? Vai passar
o mal para outros? No fundo, o crime compensa? São perguntas muito
sérias", assinalou D. Januário.
O bispo aproveitou
ainda para deixar uma farpa a Marcelo Rebelo de Sousa que, no domingo, na TVI,
criticou as suas afirmações "infelizes" sobre o tema e considerou a
polémica resolvida com o desmentido da Santa Sé. "O senhor professor
Marcelo, às vezes julga que é a sibila nacional", reagiu o bispo, deixando
no ar uma pergunta: "O que é que ele sabe do caso?"
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