Público
Antigo perito da
comissão de inquérito aos atentados do 11 de Setembro sublinha que são apenas
"especulações", mas nota semelhanças, principalmente com o ataque
perpetrado por Eric Robert Rudolph nos Jogos Olímpicos de 1996.
Os norte-americanos
continuam à procura de respostas para o que aconteceu na segunda-feira em Boston. As perguntas
que são feitas com mais frequência nas televisões, nos jornais, nas redes
sociais, resumem-se a duas palavras: "quem” e “porquê". As mesma perguntas
que foram feitas há quase 17 anos, quando uma bomba explodiu durante os Jogos
Olímpicos de Atlanta. Dessa vez, o rosto e o motivo estavam bem dentro da
América.
Os Jogos Olímpicos
de Atlanta entravam na última semana e os eventos que decorriam fora do estádio
ajudavam a reunir o maior número de visitantes possível em locais como o parque
Centennial, construído de propósito para receber o maior evento desportivo do
mundo. Na noite de 26 para 27 de Julho de 1996, milhares de pessoas assistiam a
um concerto de uma banda de rock, que acabaria por ser tragicamente
interrompido pela explosão de uma bomba artesanal colocada debaixo de um banco.
Duas pessoas morreram – uma devido aos ferimentos provocados pelos estilhaços e
outra de ataque cardíaco – e 111 ficaram feridas.
Tal com as bombas
usadas no ataque em Boston, também o engenho preparado para deflagrar em
Atlanta era de fabrico artesanal e estava rodeada de pregos.
Depois de uma longa
investigação, as autoridades acabariam por deter Eric Robert Rudolph, um jovem
norte-americano (tinha 29 anos quando colocou a bomba em Atlanta), que agiu
motivado pelo ódio aos defensores do aborto e dos direitos dos homossexuais.
Rudolph
só seria detido sete anos depois, em 2003, e ouviu a sentença em 2005:
cinco penas de prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional.
Para além do ataque nos Jogos de Atlanta, Rudolph foi responsável por três
outros ataques à bomba. Em 1997, fez explodir engenhos numa clínica de aborto e
num bar de lésbicas, também em
Atlanta. Um ano depois, o alvo foi outra clínica de aborto,
em Birmingham, no estado do Alabama. Ao todo, os ataques provocaram quatro
mortos e 117 feridos.
Eric Robert Rudolph
deu-se como culpado – como parte de um acordo para evitar a pena de morte –,
mas a sua declaração de culpa, divulgada em Abril de 2005, não passa
de uma defesa cerrada dos seus actos.
"Apesar de a
concepção e o objectivo do chamado movimento olímpico ser a promoção dos
valores do socialismo global, como fica perfeitamente expresso na canção
'Imagine', de John Lennon, que foi o tema dos Jogos de 1996 – apesar de o
propósito dos Jogos Olímpicos ser a promoção destes ideais desprezíveis, o
objectivo do ataque de 27 de Julho era confundir, enfurecer e embaraçar o
Governo de Washington perante o mundo, pela sua aprovação abominável do aborto
a pedido", escreveu Rudolph.
Quase 17 anos
depois, há quem encontre semelhanças entre o ataque em Boston e o ataque em Atlanta. Richard
Ben-Veniste , antigo perito da comissão que investigou os
ataques de 11 de Setembro de 2001, sublinha que são apenas
"especulações", mas não deixa de notar as parecenças: "Com base
no que tem sido tornado público, e alertando que estou apenas a especular, isto
parece-se mais com os ataques nos Jogos Olímpicos de Atlanta ou em Oklahoma
[ambos perpetrados por norte-americanos]", disse o perito, em
declarações ao Huffington Post.
Seja quem for o
culpado – ou os culpados –, o especialista não tem dúvidas de que as
autoridades vão chegar à verdade: "Desde o 11 de Setembro, temos
recomendado um foco na partilha de informação, por isso todas as partes
envolvidas – o FBI, o Departamento de Justiça, a polícia local e outras – vão
partilhar informação para descobrir quem fez isto. Quem quer que seja
responsável por este acto de selvajaria vai acabar por ser apanhado."
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