quinta-feira, 11 de abril de 2013

LAGARDE DIZ QUE VÃO FECHAR BANCOS EM PAÍSES COMO PORTUGAL




António Ribeiro Ferreira – Jornal i

Recado de Lagarde no dia em que a Moody’s diz que bancos portugueses vão precisar de mais capital

É um recado que atinge em cheio os ministros das Finanças da zona euro e da União Europeia que começam amanhã, em Dublin, a discutir matérias sensíveis e mesmo fundamentais para o futuro da moeda única, com a união bancária à cabeça. E que acerta em cheio também nos países periféricos da zona euro, como Portugal, Espanha, Itália, Chipre e, agora, também a Eslovénia. Mais do que isso, acontece no dia em que a Moody’s diz que os bancos portugueses, nomeadamente o BCP, BPI e Banif, que já recorreram aos 12 mil milhões de euros da troika, vão precisar de mais capital. Christine Lagarde, directora-geral do FMI, foi curta e grossa na mensagem: a zona euro deve preocupar-se em limpar o seu sistema financeiro e não ter medo de fechar bancos. O discurso foi feito no Clube Económico de Nova Iorque, mas as suas palavras vão atingir com força uma zona euro que anda a empurrar graves problemas com a barriga há demasiado tempo. “Em particular na periferia, muitos bancos ainda estão numa fase precoce de reparação - sem capital suficiente e com demasiados maus créditos nos seus balanços”, atirou Lagarde.

JUROS BARATOS, CRÉDITOS CAROS 

A directora-geral do FMI, sem papas na língua, o que não é muito habitual na linguagem de altos responsáveis, afirmou também que a política monetária está a “girar as rodas”, o que significa que as “baixas taxas de juro não se estão a traduzir em crédito barato para as pessoas que dele precisam”.

CANALIZAÇÃO ENTUPIDA 

A directora-geral do FMI considerou também que a “canalização está entupida” e lembrou que por toda a “periferia europeia o crédito contraiu 5% desde o começo da crise, atingindo pequenas e médias empresas com particular impacto”. Num recado dirigido à Alemanha de Angela Merkel, Christine Lagarde sublinhou que a zona euro precisa de soluções políticas colectivas, como uma “recapitalização directa pelo Mecanismo Europeu de Estabilização de bancos em dificuldades que criem implicações sistémicas”. “Para além disso, a zona euro precisa de uma união bancária real para fortalecer as fundações da união monetária”, declarou a directora-geral do FMI.

À ESPERA DE BERLIM 

Acontece que a união bancária, prevista para arrancar em Março de 2014, continua envolta em muita neblina exactamente por falta de vontade política de Berlim em dar os passos necessários para a sua concretização. União essa que países da periferia como Portugal, Itália e Espanha, sonham para separar a crise da banca e do sistema financeiro das dívidas soberanas. Algo fundamental para os países poderem financiar-se nos mercados sem terem que pagar juros leoninos e insuportáveis.

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