Deutsche Welle
Conversações entre
Renamo e Governo tentam desanuviar tensão em Moçambique . Oposição alega querer
revisão da lei eleitoral para garantir a realização de eleições livres no país.
O pedido de revisão
urgente da lei eleitoral foi entregue pela Renamo nesta sexta feira (12.04) a
uma delegação ministerial durante um encontro, em Maputo, entre o partido em
questão e o Governo.
Trata-se da
primeira reunião entre a Renamo e uma representação da Frelimo, partido no
poder, desde os incidentes armados da semana passada em Muxúnguè, província de
Sofala, que terminaram em oito mortos e vários feridos.
As partes
envolvidas discutiram a situação política no país, tendo a Renamo entregue ao
Governo uma série de documentos em que resume as suas preocupações, como afirma
o parlamentar Saimon Macuiane, Presidente do Conselho Jurisdicional da
Renamo.
Macuiane
exemplifica dizendo Moçambique precisa de uma legislação que proíba que uma das
equipes entre em campo com 15 jogadores e outra, com apenas dois.
Disputa acirrada
A Renamo, o maior
partido da oposição em Moçambique, tem vindo a condicionar a sua participação
nas eleições autárquicas deste ano e gerais de 2014 à revisão da lei eleitoral,
afirmando que a atual legislação propicia a perpetuação de fraude por parte do
partido no poder, a Frelimo.
Cristovão Chume,
Diretor Nacional de Política da Defesa, revelou que a delegação do Ministério
da Defesa, constituída por militares, não se pronunciou sobre as questões
eleitorais, mas deixou alguns recados.
As forças armadas
aproveitaram o encontro desta sexta feira para informar à Renamo que parem com
atitudes que possam colocar em risco a paz e a tranquilidade no país, disse
Chume.
Macuiane revelou
ainda outras exigências da Renamo apresentadas esta sexta feira ao Governo:
"a necessidade urgente do diálogo e de uma mediação para que condições
sejam criadas com vista à uma estabilidade efetiva no país".
A Renamo exigiu,
nos últimos dias, a retirada imediata das forças governamentais de Muxúnguè e o
levantamento do cerco à sua base na Gorongosa, onde se encontra acantonado o
seu líder Afonso Dlakhama.
O representante do
Ministério da Defesa respondeu que os militares vão continuar a movimentar-se
por todo o território nacional como forma de garantir a tranquilidade da
população.
"Vamos deixar
que os políticos continuem a discutir todos os assuntos que devem ser
discutidos, num diálogo aberto e franco, dentro do processo democrático
estabelecido no país", defendeu Chume.
Ele avisou aind que
"os militares vão continuar a acompanhar de perto a evolução da situação,
sem interferir nos assuntos de natureza política".
"Não há
discriminação no exército moçambicano"
Outra preocupação
levantada pela Renamo está relacionada com a alegada partidarização do
exército, que se pretendia fosse único. Cristovão Chume nega tais alegações
afirmando que não há discriminação no exército nacional. “
Os encontros em
separado da Renamo com quadros dos Ministérios da Defesa e do Interior desta sexta feira acontecem depois que o maior partido da
oposição se encontrou, na véspera, à porta fechada, com uma delegação da União
Europeia.
Neste encontro, a
Renamo mencionou suas inquietações e manifestou a intenção de encetar um
diálogo aberto e sério com o Governo moçambicano. A União Europeia instou a
Renamo a encontrar uma solução pacífica para o conflito com o governo,
considerando tratar-se de uma assunto sério.
Recorde-se que o
líder da Renamo, Afonso Dhlakama, garantiu na última quarta feira (10.04),
falando a partir da Gorongosa, que não haverá mais guerra em Moçambique, mas
advertiu que a sua formação responderá caso sejam atacados.
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