Jornal i - Lusa
O aumento da carga
horária das 35 para as 40 horas significa "uma redução directa dos
salários"
O antigo
secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva classificou hoje como uma
barbaridade a intenção do Governo de aumentar a carga horária dos funcionários
da administração pública e de promover rescisões na função pública.
"Isto é uma
barbaridade. Estamos num caminho absolutamente errado", comentou Manuel
Carvalho da Silva sobre as medidas anunciadas pelo Governo, durante um debate
no 5.º encontro anual das unidades de saúde familiar (USF), que decorre em
Lisboa.
Em resposta a uma
pergunta da audiência, constituída por médicos e enfermeiros, o
ex-secretário-geral da CGTP avisou que o aumento da carga horária das 35 para
as 40 horas significa "uma redução direta dos salários".
Ainda assim, frisou
que, quer na Função Publica, quer nas empresas privadas, muitos dos trabalhadores
estão já a ultrapassar as 40 horas de trabalho semanal.
Para o antigo
sindicalista, ao nível dos direitos dos trabalhadores está a criar-se em
Portugal a ideia de uma "harmonização do retrocesso" e de uma
"mobilidade descendente", pretendendo nivelar por baixo os direitos
no trabalho.
"Não há
nenhuma razão para se aumentar a carga horária se se quer criar emprego. Mas a
sociedade parece estar permeável a tudo isto. Acabe-se com esta mentira de que
o Estado Social é uma decorrência das condições económicas! O Estado Social é
um pilar", apelou.
Na sexta-feira, o
primeiro-ministro anunciou que o Governo pretende rever o regime de mobilidade,
introduzindo um limite de 18 meses para a permanência dos funcionários públicos
nessa situação, aumentar o horário de trabalho da função pública de 35 para 40
horas, avançar com um processo de rescisões na administração pública, alterar a
fórmula de cálculo das pensões e aumentar a idade da reforma sem penalização
dos 65 para os 66 anos, entre outras medidas.
Neste conjunto de
medidas o Governo prevê atingir uma redução estrutural da despesa pública em
cerca de 4,8 mil milhões de euros até 2015.
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